Labaredas verdes

A pior experiência da minha vida estava acontecendo, só conseguia chorar atrás de um pilar. Por um instante meus olhos se conectaram aos do meu pai, que percebeu a minha presença e logo sorriu. Entendi o seu sorriso como uma forma de dizer que eu teria uma chance! Uma chance de recomeçar.

Com um chute derrubei um barril que estava no meu lado, chamando a atenção dos homens, eu poderia fugir mas cansei de ser fraco. Ergui minha cabeça e olhei com raiva para os assassinos.

"Como aquele idiota ainda não pegou a criança" disse o homem encapuzado. "Ele não consegue fazer a tarefa mais fácil sem aqueles joguinhos?"

"Relaxa ai! Vamos fazer ele de gado! " murmurou o outro enquanto coçava seu saco.

Eu senti a presença do assassino da minha mãe atrás de mim, arrastei a minha perna esquerda para trás, ergui meu punho direito e corri em sentido reto. Não conseguia aguentar mais tudo aquilo, eu sentia raiva e dor. Enquanto eu corria, cego por vingança vi que meu pai estava fazendo um desenho na terra com o seu dedo, hoje entendo que aquilo era um tipo de magia, mas na hora eu não conseguia pensar em muita coisa, lembro de ter ficado dias sem entender nada.

Enquanto estava para morrer, meu pai jogou um saquinho na minha direção que caiu sobre meus pés e disse para correr. As suas palavras me impediram de agir de forma burra.

"Corra Yuki, corra!"

Já era tarde demais? Eu estava prestes a atingir um dos homens com tudo… Não, nunca é tarde demais! Eu deslizei meu calcanhar pra baixo para conseguir frear a tempo, depois coloquei minhas duas mãos no chão para apoiar o meu pé direito que deu um chute na mão do assassino.

Dei meia volta e peguei o pequeno saco de tecido. Como mágica após tocar o objeto, flashes foram aparecendo na minha cabeça, eu sabia o que tinha que fazer. Uma clareira surgiu na minha mente, eu corri na direção dela, pois eu sabia que ela ficava perto da praça principal, corri muito enquanto eles ficavam parados perdendo tempo me subestimando.

Finalmente eu tinha chego, eu avistava a fogueira, eu só precisava fazer uma coisa, nessa altura eu ia conseguir escapar!

Joguei o pó que estava embolado no tecido em direção da fogueira…

"Eai" um dos homens surgiu na minha frente, ele era incrivelmente veloz.

Fim da linha? Eu pensava.

"AHHHHH" gritei.

Ele estava prestes a me tocar, mais meio segundo e ele me agarraria pelo pescoço. Tudo estava perdido…

*BOOOOM*

Labaredas verdes se espalharam por todos os lados… Era uma explosão! O brutamontes foi repelido para longe e eu fui sugado em direção da fogueira.

"Não pode ser!" Se continuasse assim eu seria totalmente carbonizado pelas chamas! Eu fiz de tudo, mas não consegui impedir. Hoje eu agradeço por isso, mesmo tendo perdido minhas pernas e um dos meus braços.