A Caçada 1

Eun Ha estava nervosamente batendo o pé ritmadamente embaixo da mesa, sem conseguir evitar a sensação de sufocamento que caia sobre ela, enquanto aguardava seu pedido. Estava, como o Caçador tinha mandado, dentro do Café Gostosuras, que negava em todos os aspectos o nome que tinha.

Estava sozinha, conforme o combinado, tentando seguir sua missão, mas até aqui, tudo o que tinha era vontade de ir embora. Se lembrar da Confeitaria de sua mãe, a Jolly Bakery, e comparar com este lugar frio e desconfortável apenas reforçava a sensação ruim.

O Café ficava em uma esquina vazia e lúgubre, e era o único comércio aberto naquela hora. Sua fachada parecia inacabada e improvisada, tinha pouco mobiliário e os doces e bolos na vitrine não pareciam apetitosos, mas sim, que estavam ali a algum tempo sem atrair a vontade de ninguém.

O cardápio parecia gorduroso, e tinha etiquetas coladas sobre os valores dos preços. 'Parece que tudo está em promoção aqui, mas por que será que eu não sinto vontade de comer nada?'

O Professor Shin tinha dito que procurava algo ruim neste café. Ele não precisou explicar para ela entender que ele acreditava que algo ruim estava acontecendo ali. E quando ele deixou que ela soubesse um pouco sobre a história do café e seus proprietários.

Conforme a fada mais velha, há pouco mais de um ano, o casal que era proprietário deste café costumavam ser dono de uma fábrica de muffins artesanais. Eles tinham até mesmo dois cafés com outros itens de confeitaria em Seoul. Porém, um jovem influencer digital aparentemente tinha destruído a reputação dos muffins e da marca com um vídeo.

Eun Ha se lembrava do caso vagamente. A marca estava ganhando o mercado e Han Dong Won, este Instagrammer famoso, mostrou em um vídeo ter achado um pedaço de rabo de rato. Até mesmo fez análises em laboratório para comprovar, e conseguiu que seus seguidores entrassem em um processo coletivo contra a empresa. Eun Ha acompanhou pouco o caso e não sabia mais que isso, porém através de seu professor, descobriu que depois de tentar reverter a situação, a fábrica foi novamente autuada por conter substâncias químicas proibidas na composição do bolinho.

O processo ainda tramitava na justiça, mas a fábrica veio à falência, e os funcionários também entraram na justiça em busca de reparações trabalhistas, mas a família tinha desaparecido. Até mesmo o filho do casal, que estava no exército, tinha deserdado, e era procurado pela polícia.

"Mas eles estão aqui." ela tinha comentado. "E eles abriram um comércio. Isso é fraude, não é?"

"Deve ser ilegal, mas eles precisam comer. Eu não estou preocupado com as leis humanas." O caçador deu de ombros. "Mas faz pouco tempo, eu recebi uma denúncia de que esta área estava contaminada e, possivelmente, a comida que eles estão servindo também. Isso significa que tem algo de muito errado." Se virando para a fashion designer, perguntou. "Você consegue sentir algo?"

"Sim, que eu devia estar na minha cama ou ao menos, trazido luvas." ela esfregou as mãos uma nas outra, fazendo uma careta. Apesar de ter, na viagem até ali, sido protegida pelos ombros largos do Caçador e sua linda capa de chuva nova, suas mãos que o abraçavam tomaram todo o vento gelado, por que ela não imaginaria que andaria de moto num tempo desses.

"Peça um chá para aquecer as mãos, então, quando estiver lá dentro."

"Aishhh…" Podia me oferecer o cachecol, ou esfregar minhas mãos...

"Espera: eu vou entrar sozinha?"

"Se eu entrar logo, vou dar o alerta. Já estive aqui antes hoje, e não consegui ver nada, porque o que estava aqui com certeza fugiu ao perceber minha chegada."

"E eu… Não vou correr nenhum risco?"

"Não. Não há nada ali que queira machucar você."

"E o que há lá?"

"Esta não é uma noite de aula e você tem muitos "por quês". ele falou, pegando uma bolsa duffel de couro. Estou dizendo que você não vai se machucar. Eu apenas preciso que você os neutralize por um tempo, para que eu possa localizar o que de errado acontece ali. Se eles são pessoas más, ou se há alguma outra influência ali."

"Okay! Mas… Como eu supostamente deveria fazer isso?"

"Preciso que você pense em algo. Já que você é que vai usar a magia. Apenas preciso que eles não percebam nada, já que pode ser bem estranho para humanos."

"Você quer dizer, deixá-los inconscientes?"

"Seria bom, sim."

"Mas eu não sei fazer isso."

Ele olhou para o outro lado, percebendo a aproximação de um casal que parecia irritado um com o outro. Afastou Eun Ha com um braço antes que a mulher que passava esbarrasse nela, e foram ignorados pelos estranhos. O casal entrou no café.

"Você foi criativa por mais de 10 anos, criando coisas absurdas para preservar sua protegida, e agora me diz que não vai conseguir pensar em nada? Você está fazendo corpo mole, Jung?"

"N-não. Eu vou, eu vou." Ela esfregou as mãos mais uma vez, e abaixando a cabeça, atravessou a rua, até o café. 'Ele está certo. Não deve ser difícil. Eu sou boa em atrapalhar pessoas. E ainda por cima, eu criei uma capa de chuva fantástica e uma árvore enorme também! Ele não está pedindo nada acima da minha capacidade.'

Mas agora, sentada ali, após fazer o pedido de uma xícara de chá para o homem de cabelos grisalhos e expressão se ânimo, as dúvidas voltaram. Ela circulou com a ponta de sua varinha-caneta a mancha de café em forma de círculo na toalha xadrez da mesa, tentando pensar em uma estratégia.

Ela tinha se sentado perto da vitrine, e via o casal, que estava sentado perto da porta, discutir agressivamente, porém em voz baixa. Sua atenção voltou-se para o barulho irritante de uma lâmpada fluorescente, que oscilava a luz em ritmo cadenciado, perto da porta da cozinha.

Parando para pensar, esse lugar parece mesmo um pouco angustiante. Será mesmo influência sobrenatural? E o Caçador Shin disse que recebeu uma denúncia… De quem?

O homem, que Eun ha pensava ser o proprietário, veio trazer seu pedido, uma xícara de chá. Eun Ha ergueu o olhar com um sorriso para agradecer, mas deparou-se com um olhar vazio e distante. Um pouco chocada, abaixou o olhar para a xícara, e percebeu uma rachadura não tão discreta assim na xícara.

"Ah, ahjussi!" ela ia pedir para trocar, mas o homem já estava de costas. Então apenas suspirou. "Que lugar deprimente!" ela segurou a xícara para aquecer as mãos, mas não teve vontade de beber o líquido da xícara rachada.

Na outra ponta, o casal já não falava mais tão baixo. 'Aish, eles não podem discutir em outro lugar? Estou tentando pensar no que fazer aqui! Preciso "neutralizar o casal que é dono desse lugar. A esposa deve estar na cozinha, já que apenas o homem está aqui fora. O que devo fazer? Será que posso colocar o Confeiteiro para dormir fazendo ele beber um chá com sonífero? Não, mesmo se eu conseguir fazer um chá com sonífero, isto é perigoso, fora que talvez não funcione. E ainda tem a ajuhma na cozinha. Devo atraí-los para fora de alguma maneira? Ou quem sabe, criar uma confusão com o casal briguento ali?Ah, não sei! Nossa, esse chá esfriou rápido, estou com frio aqui!'

A sineta da porta tocou, com a entrada de mais um cliente.