Manchas do Passado: Conflito

Capítulo 2

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O sol começava a desaparecer no horizonte.

No alto do monumento central de Askkadia, Fuyuki, a Rainha, mantinha-se vigilante. Seu olhar atento captava cada detalhe do horizonte.

De repente, algo a alertou.

Na distância, ondulações anômalas começaram a se formar no céu. Um gigantesco pilar de pedra erguia-se com violência, acompanhado de uma poderosa onda de energia Gou.

Fuyuki franziu o cenho. Três silhuetas emergiam daquele fenômeno, emanando um Gou ameaçador, que se expandia rapidamente em direção à cidade.

Sem hesitar, ela ordenou, em voz alta:

— Já!

De imediato, os três antigos reis de Askkadia, ainda vivos, canalizaram seu Gou, projetando juntos uma imensa barreira de energia ao redor do monumento. Fuyuki posicionou-se à frente, reforçando a proteção com sua própria força.

O ataque inimigo — brutal e devastador — avançava como um maremoto, destruindo tudo em seu caminho. Quando atingiu a barreira, o impacto foi tão forte que o chão tremeu.

Por instantes, a proteção resistiu... até que, com um estrondo seco, ela se partiu em fragmentos de luz.

Prevendo isso, Fuyuki já preparava seu contra-ataque.

Concentrando o Gou em seus punhos, ela lançou uma poderosa rajada de energia na direção dos inimigos. Mas eles desapareceram nas sombras antes que o golpe os atingisse.

Fuyuki fechou os punhos, frustrada.

Ergueu o rosto e, com um aceno breve, indicou aos antigos reis que se dispersassem e assumissem suas posições.

Voltando-se para os soldados que guardavam o monumento, ela ordenou com voz firme:

— Preparem-se! Estamos sendo invadidos! Estabeleçam planos de evacuação. Salvem os civis primeiro. Só venham para a batalha quando a cidade estiver segura!

Enquanto as ordens eram transmitidas, uma nova movimentação ocorreu.

Um estrondo ecoou quando o Rei de Gaia, a Nação da Terra, saltou para o campo de batalha.

Assim que seus pés tocaram o solo, um forte tremor percorreu o chão. Ele era um homem imponente: pele negra, quase dois metros de altura, com cabelos presos em uma longa trança castanha, enquanto franjas lisas caíam sobre sua testa. Seus olhos castanho-claros cintilavam sob a luz cinzenta do entardecer.

Vestia uma camiseta social marrom, gravata vinho e um colete laranja escuro. A calça social marrom e sapatos pretos completavam seu traje. Uma longa capa preta, adornada com símbolos de pedras empilhadas, ondulava atrás dele.

Erguendo os braços, ele bradou com autoridade:

— Abalo Sísmico!

O chão reagiu ao seu comando. Ondas de terra surgiram, aprisionando os soldados inimigos — e alguns cidadãos que ainda não haviam escapado — em casulos de pedra, deixando apenas suas cabeças livres.

Ao ver isso, Fuyuki não hesitou.

Utilizando o Gou para impulsionar seus movimentos, lançou-se como um míssil humano em direção ao exército invasor. Com um chute devastador no peito de um soldado, expandiu seu Gou, lançando uma onda de impacto que varreu dezenas de inimigos de uma só vez.

Entre os corpos arremessados, ela deslizou até parar diante de uma figura imponente: o Rei de Phrygia, Nação do Vento.

Seus olhos se encontraram.

As pupilas de Fuyuki brilharam em um tom laranja incandescente. Ela cravou os pés no chão e desafiou:

— Pode vir!

O Rei de Phrygia era um homem de pele clara, cerca de 1,75m de altura. Seus cabelos longos e verdes balançavam com a brisa. Seus olhos roxos, frios e calculistas, observavam Fuyuki com desinteresse.

Vestia um quimono branco com gola preta e listras brancas, além de duas capas: uma azul, maior, sobre o ombro direito; outra branca, menor, sobre o esquerdo. Ambas presas por correntes de prata cruzando seu peito.

A faixa azul em sua cintura prendia o quimono, e abaixo dela, uma pequena saia exibia o símbolo da Nação do Vento: um espiral em formato de cata-vento, representando o avanço perpétuo de seu povo.

O Rei de Phrygia apenas sorriu, desprezando o confronto:

— Hmph. Deixarei você para depois.

Antes que Fuyuki pudesse atacá-lo, ele se desfez em vento, evaporando no ar.

Furiosa, Fuyuki atingiu apenas o vazio.

Ajoelhou-se por um breve momento, frustrada, mas logo se ergueu determinada.

Sabia que ainda havia muito trabalho a fazer.

Virando-se, deparou-se com um grupo de soldados inimigos se aproximando sorrateiramente pelas costas. Em um movimento fluido, canalizou novamente o Gou nos punhos.

Erguendo a voz, declarou:

— Inferno dos Incapazes!

O soco que ela desferiu criou uma onda expansiva tão poderosa que varreu o campo de batalha, derrotando a maioria dos soldados de uma vez.

Os poucos que restaram hesitaram em se levantar novamente.

***

Enquanto isso, não muito longe dali...

No momento em que sentiu a cidade tremer sob o ataque, Akechi — o Mestre Takeaki — interrompeu a conversa com Koji e ordenou:

— Fica... aí! — disse com a voz grave.

Koji não respondeu, apenas o encarou em silêncio.

Akechi correu para fora do dojô e viu o rastro de destruição no céu — a barreira recém-destruída se desfazendo no ar como poeira luminosa.

Alarmado, ele voltou rapidamente para dentro.

Mas já era tarde.

Koji havia desaparecido.

Pelos fundos do dojô, Koji havia encontrado uma brecha. Correndo o mais rápido que pôde, tentou se afastar o máximo possível.

No caminho, porém, ele se deparou com inimigos bloqueando sua fuga.

Frustrado, ele rangeu os dentes.

Cercado por vários soldados, Koji cerrou os punhos e murmurou, liberando uma súbita pressão de Gou:

— Preciso de você.

Imediatamente, em uma pequena casa não muito distante, duas silhuetas sentiram o chamado.

Uma estava sentada, meditando. A outra — claramente a sombra de Koji — permanecia de pé, encarando a parede.

A figura de Koji virou-se e falou:

— Chegou a hora.