Ch 12

Por mais que quisesse ser preguiçoso e levar seu próprio tempo, Ashton corria um sério perigo de acabar dormindo nas ruas, então ele não se permitiu praguejar.

Suas ideias pra ganhar dinheiro se limitava a vender algum produto ou fazer missões.

E enquanto Ashton pensava em abrir alguma loja no futuro, isso não podia ser feito automaticamente. Precisava de planejamento e principalmente fundos para apoio, algo que ele não tinha.

Havia algumas missões disponíveis que Kiere chegou a mostrar, mas como ainda havia um bloqueio na Floresta Ellshare, missões de coleta não estavam disponíveis. Havia algumas missões braçais para o Rank F, mas Ashton se tornou um Aventureiro querendo ter aventuras, não pra ajudar fulano X a limpar um terreno.

Foi só quando Ashton estava quebrando a cabeça pra ter um idéia que ele encontrou algo interessante.

Ashton continuou visitando a biblioteca da guilda para adquirir todo conhecimento que era capaz. Na biblioteca também havia um mapa que continha alguns dos pontos essenciais do território da Família Zeninf, o local quê estava agora. A Mansão da Família Zeninf, o distrito comercial, a Guilda de Aventureiros… todos esses locais estavam sinalizados, além de algo chamado Ruína Mágica.

Vendo algo interessante, Ashton imediatamente começou a pesquisar sobre isso e encontrou um livro na biblioteca, [Ruínas Mágicas].

Ruínas Mágicas eram espaços separados do Reino Mortal que estavam preenchidos com Feras Mágicas. Toda Ruína Mágica tinha ambientes únicos, como um calor abrasador ou um frio extremo. As Ruínas Mágicas começaram a aparecer ao longo do tempo, após a criação dos Três Reinos.

Não foi descoberto exatamente o quê era a Ruína Mágica ou como ela surgiu.

Havia algumas dezenas de Ruínas espalhadas por todo o continente.

E enquanto a Ruína Mágica era perigosa, ela poderia trazer ganhos na mesma proporção.

Alguns estudiosos disseram que as Ruínas Mágicas eram os restos das antigas civilizações de Artheron, contendo seus segredos e riquezas.

Uma das teorias é que as Ruínas Mágicas surgiram pois o Mundo tentou separar esses locais do Reino Mortal, para evitar catástrofes.

Um detalhe que foi destacado é que uma Ruína Mágica deveria ser limpa frequentemente, pois se não as Feras Mágicas cresceriam em números e poderiam invadir o Reino Mortal através do Portão que conectava os dois espaços.

Eram como as dungoens.

O livro, que só tinha informações básicas, não explicava tudo sobre as Ruínas Mágicas. Mas foi o suficiente para dar a Ashton alguma idéia do quê esperar.

Comparando as Ruínas com as dungoens do jogos e romances, Ashton entendia seu conceito.

Procurando um pouco mais fundo, Ashton notou que diferente do esperado, as Ruínas não tinham níveis de dificuldade e nem mesmo eram controladas pela Guilda dos Aventureiros.

Foi aconselhado estar no mínimo no [Nível 20] para entrar em uma Ruína. Mas não havia limitações de entrada, desde que pagasse.

Isso se reflete ao fato da Ruína Mágica ser considerado propriedade do território em quê está.

Como a Ruína Mágica estava no território da Família Zeninf, eles eram os responsáveis pela sua administração. E como tal, eles cobravam um pedágio de entrada para a Ruína.

'Parece que a Guilda tem menos poder nesse mundo.'

Sempre foi comumente descrito em todos os romances que a Guilda de Aventureiros gerenciava as masmorras/dungoens. Ashton nunca pensou exatamente porquê era assim, mas apenas aceitou isso como senso comum.

Era diferente aqui.

O Império Mitra era muito poderoso? Ashton não sabia responder isso, ele precisaria pesquisar mais.

Mas como isso não era algo que o afetava diretamente, não estava em sua lista de prioridade.

Desde que ele possa entrar nas Ruínas Mágicas, não importava quem era o dono.

– –

Custava exatamente 50 pratas para a entrada na Ruína Mágica.

Ashton achou curioso porquê o valor do empréstimo fornecido pela guilda e o valor recebido de Teresa era o mesmo, agora ele descobriu.

Ela estava o incitando a entrar na Ruína?

Sem saber os exatos pensamentos de Teresa, Ashton ignorou isso.

Tendo decidido seu curso de ação, Ashton usou o restante de tempo que tinha alugado na pousada para se preparar. Ele procurou o máximo de informações que conseguiu sobre a Ruína e acabou solicitando o empréstimo para a guilda, mesmo que não quisesse.

Essa parecia ser a única forma de ter o dinheiro necessário tão rápido.

Kiere tinha um olhar complicado quando recebeu o pedido de empréstimo de Ashton. Graças a [Engano (Lv.7)], ela acreditou que o dinheiro era para alguns equipamentos básicos.

O nível de dificuldade da Ruína era relativo. Quanto mais fundo fosse, maior o nível de existência das Feras Mágicas.

Feras Mágicas era o termo correto para monstros, como Ashton conhecia. Goblin, Kobolds, Ogros e esses monstros eram conhecidos como Feras Mágicas nesse mundo.

O [Nível] indicado para entrar na Ruína era o [Nível 20], algo do qual Ashton não estava nem perto.

Mesmo assim, ele achava que ficaria bem de qualquer forma.

Ele não superestimava seu poder, mas também não era um idiota. Ashton pode fingir não notar, ou ignorar completamente suas peculiaridades, mas ele sabia que não podia ser julgado no senso comum desse mundo.

Com suas estatísticas, que cresciam ao máximo a cada nível, e a correção de força fornecida por suas Habilidades Lv.7 e [Esgrima (MÁX)], Ashton deveria ter capacidades próximas ou semelhantes ao [Nível 20].

Aumentando 100% seu Poder de Ataque quando usado uma espada, por [Esgrima]. Aumentando 70% o dano em pontos críticos, por [Acerto Crítico].

Mesmo que suas estatísticas e nível de existência não estivesse lá, seu poder de ataque obviamente deveria estar.

'E se ainda faltar, posso apenas aprender outra habilidade ou nivelar ainda mais as que tenho.'

Tendo recebido configurações tão bizarras, vivendo no Modo Fácil, seria uma vergonha se ele não conseguisse fazer no mínimo isso.

– –

A entrada para a Ruína Mágica ficava no lado oeste da Mansão da Família Zeninf e demorou algum tempo para chegar.

Havia toda uma construção devidamente montada no local onde a Ruína deveria estar. Claramente mostrando o nível de importância que tal lugar tinha no território. Vendo o fluxo de aventureiros passando pelo local, Ashton entendeu porquê não via muitos aventureiros na Guilda nos últimos dias.

A Ruína era o melhor campo de caça para os aventureiros, que queriam elevar seus níveis de existência e adquirir fundos ou se tiverem sortes, tesouros e até mesmo um artefato.

Como parte de um território de extrema importância no Império, os aventureiros que estavam aqui eram de algo calibre. Grupos de Rank D e acima eram facilmente encontrados, havendo até mesmo alguns de Rank B.

A festa Morningstar de Teresa também exploravam essa Ruína frequentemente.

Ashton comparou os aventureiros bem equipados em sua frente consigo mesmo, que vestia algumas roupas simples que comprou, uma espada curta que ganhou/não devolveu e uma mochila que tinha alguns suprimentos.

De fato, um novato completo.

Alguns caras olhavam pra Ashton fixamente, mas como alguém versado em ignorar as massas, Ashton fingiu que estava tudo bem enquanto se concentrava em seus assuntos.

Demorou um pouco até chegar sua vez na inspeção. Havia um homem vestido de armadura completa prateada olhando as identificações de cada aventureiro. Além dele, havia outros vestidos iguais à ele rondando pelo local.

Eles obviamente pareciam uma cavalaria. Possivelmente sobre o serviço do Senhor do território, se aquele emblema estranho desenhado na armadura fosse algo.

Era como as sombras de feras mágicas..? Ashton não conseguiu identificar bem de relance.

"Identificação, por favor." O cavaleiro pediu quando chegou a vez de Ashton, sua voz era dura e áspera.

Ashton entregou sua ID pro cavaleiro enquanto ele anotava seus dados em uma lista.

"[Nome: Ashton], [Rank: F] hein…" O cavaleiro falou dando uma boa olhada em Ashton. O Rank de Ashton era muito abaixo do recomendado para entrar em uma Ruína, e pelo equipamento que carregava, ou melhor, a clara falta dele, o homem facilmente identificou Ashton como um novato.

O ideal seria instruí-lo a não entrar em um local tão perigoso desse modo, mas as vezes havia esses tipos de tolos que acreditavam ser os sortudos da vez.

"São 50 moedas de prata."

Ashton assentiu sorrindo, adivinhando os pensamentos do homem enquanto entregava as moedas em um saco.

'Então desde quê eu pague, não tem problema, certo?'

Mesmo que pareça que ele morreria no primeiro confronto, o cavaleiro não parecia ter a intenção de impedir Ashton.

"Está correto, você pode ir." O cavaleiro falou após contar as moedas "Sua entrada será registrada, se não retornar em até 7 dias, daremos um aviso à Guilda de Aventureiros."

'Oh, então ele ainda é um cara bom?' Ashton sorriu para o cavaleiro sem responder.

Seguindo em frente, ele visualizou uma enorme porta dupla que facilmente alcançava 5 metros, completamente preta.

Esse era o portão que conectava a Ruína Mágica com o Reino Mortal.

Ashton sentiu um formigamento em sua pele apenas olhando pro local. [Percepção de Perigo (Lv.7)] indicando claramente que aquele local era perigoso. Quanto mais ele se aproximava, mais forte o sentimento ficava.

Ashton não sentia que morreria se entrasse, mas era óbvio que ele poderia correr perigo.

'Então as Ruínas são esse tipo de lugar, hein?'

Onde sua vida estaria em risco se você fosse descuidado.

'Interessante.'

Que tipo de aventura aquele local estava guardando?

Para Ashton, uma boa vida era uma vida divertida.

Por isso, ele se tornou um aventureiro. Para ter diversão.

Ele não recuaria nisso.

Olhando para os cavaleiros fortemente armados que estavam guardando os portões abertos que permitia a entrada dos aventureiros, Ashton esperou ansiosamente por sua vez.