CAPÍTULO DOIS

Erin

Olho para os meus pais, e dou o meu melhor sorriso, eles me ajudaram a chegar aqui, e hoje só tenho o que agradecer, mesmo me importando por ser somente nós três sentados à enorme mesa da nossa casa.

Hoje, eu concluí minha faculdade de Gastronomia; foram anos de muitos aprendizados. Ainda preciso estudar muito para me tornar uma chef de cozinha como meus professores, mas esse foi o início da minha vida gastronômica, e quem sabe, em breve, posso ter meu próprio restaurante.

— Coma, Erin — mamãe pede e olho para o meu prato.

Macarrão com queijo, o meu prato preferido, mas estou sem apetite. Queria estar em uma balada como os meus colegas ou, pelo menos, com a minha amiga Arizona.

— Por que não posso sair? — pergunto e meu pai me encara. Ele dá um sorriso doce; sempre foi mais gentil que a minha mãe.

— Já conversamos sobre isso, minha filha. — Ele toca minha mão e sinto vontade de chorar.

— Eu irei fazer vinte e um anos, não podem me deixar presa. — Tento parecer firme, mas falho quando as lágrimas descem pelo meu rosto.

Hoje era para ser um dia feliz, mas a minha felicidade não está completa, duas pessoas importantes não estão aqui, as que mais desejei que estivessem.

— Depois do seu aniversário conversaremos sobre isso — mamãe diz, tocando meus cabelos.

— Tudo bem — resmungo baixinho. Não quero contrariá-los, eles podem ficar com raiva.

Nunca saí de Yuma, nasci e, se depender dos meus pais, eu morrerei aqui, mas eu quero conhecer o mundo, aprender sobre várias culinárias, não somente dos Estados Unidos. Arizona tem uma boa culinária, mas eu quero quebrar barreiras, irei fazer isso um dia.

— Seria tão bom se sua irmã estivesse aqui — papai fala e vejo sua tristeza.

— Talvez ela não esteja morta como os policiais disseram. — Dou de ombros.

Minha irmã Cora desapareceu há três anos, não sabemos para onde ela foi e se está morta, mas eu sinto muito sua falta, ela era minha melhor amiga, devia estar aqui, assim como a minha avó paterna.

— Ela está morta, já sofremos muito, devemos seguir em frente — mamãe fala, se segurando para não chorar.

Cora se parecia com ela, os mesmos cabelos loiros dourados, temperamento difícil e as duas não se davam bem, principalmente porque a minha irmã mais velha era teimosa e saía sem a permissão dos meus pais.

— Tudo bem. — Me concentro em meu prato, eu quero terminar logo tudo e ir para o meu quarto.

Quando finalizo e vou recolher o meu prato, minha mãe segura minha mão e me abraça com carinho.

— Parabéns, filha. — Ela beija minha testa.

— Obrigada.

— Compramos isso para você usar no seu aniversário. — Papai pega uma sacola no chão e me entrega.

— Oh! — Abro a sacola e tiro de dentro um lindo vestido vermelho.

— Queremos que use — mamãe diz e dou um sorriso, abraçando meu pai.

— Obrigada, amo vocês.

— Pode ir para o seu quarto, eu cuido de tudo aqui — mamãe avisa e beijo seu rosto. Pego a sacola e corro pela escada até o meu quarto.

Eu sinto falta da minha irmã, ela ficaria feliz com a minha conquista, como fiquei quando ela entrou na faculdade de Moda. Ela estudava a distância, mas estava feliz, mesmo odiando que ela não podia se mudar para Nova York por causa dos nossos pais.

Omar e Elina não são os melhores pais do mundo, mas eles sempre se esforçaram para trabalhar em casa e dar a atenção que as filhas precisavam. Eles são protetores ao extremo; antes eu achava que a Cora havia fugido, mas me lembrei de que ela os amava, e nunca me falou do desejo de fugir, então não acredito que ela tenha fugido por vontade própria.

Desde criança, eu sempre estudei com professores particulares, então, quando fui para a escola, eu já estava em uma série adiantada, e acabou que eu me formei rápido e logo comecei a estudar Gastronomia.

Há seis anos, eu perdi minha avó paterna, ela que colocou meu nome e o da Cora, foi uma perda muito grande, e depois disso meus pais se tornaram quem são hoje. Eles acham que se me trancar em casa, protegerão minha vida. Eu sei que tenho idade para ir embora, mas não quero que meus pais percam mais uma pessoa, ainda preciso contar para eles que irei trabalhar no restaurante do meu professor. Ambos ficarão loucos, mas irei resistir dessa vez, já sou adulta posso tomar minhas próprias decisões.

Guardo o vestido dentro do meu closet e pego o meu celular, enquanto respondo as mensagens da Arizona, que se tornou uma grande amiga quando minha irmã desapareceu.

Nunca tive namorado, mas não me esforcei o suficiente para que meus pais me deixassem ter um encontro, eu preferia não os aborrecer com isso e esperar o momento certo.

Procuro algumas receitas para fazer em meu aniversário, minha mãe deixou que convidasse meus amigos. Como só tenho a Arizona, ela se encarregará de trazer as pessoas.

Depois de escolher mais de dez receitas, eu visto meu pijama e me deito. Irei dormir muito porque amanhã é domingo.

***

Acordo com uma batida na porta, abro meus olhos sabendo que não são mais de seis horas da manhã.

— Querida, vamos correr. — Mamãe abre a porta e enfio minha cabeça no travesseiro.

— Eu preciso ir? — pergunto desanimada.

— Sim, queremos que nos faça companhia — responde e penso que será melhor agradá-los, e quem sabe, à noite, eu conto sobre o meu trabalho.

— Tudo bem, vou tomar um banho e já desço. — Ouço a porta bater e me arrasto da cama.

Eu amo correr, ajuda manter a minha animação para o resto do dia. E como não realizo outra atividade física, essa é minha única oportunidade de não ficar sedentária.

Me arrumo e desço rapidamente. Meus pais estão se aquecendo. Ambos são um casal jovem, os dois se cuidam muito.

— Bom dia, Erin. — Papai beija minha testa.

— Bom dia.

Saímos para a calçada e fico feliz por estar usando um moletom. Amo o frio, mas ele é um pouco tenso pela manhã.

Caminhamos enquanto meus pais cumprimentam os vizinhos. Depois seguimos correndo até o parque, onde há pessoas com algumas crianças e cachorros, aproveitando o início do dia.

Voltamos para casa e tomamos café enquanto eles conversam sobre o trabalho, eu apenas aproveito a minha alimentação, mas sempre procurando uma abertura para falar sobre o meu trabalho.

— Erin, tem algo que queira falar conosco? — mamãe indaga.

Eles estão felizes hoje, se eu falar sobre o trabalho, tenho chance de eles concordarem.

— O professor Michael me convidou para trabalhar em seu restaurante, eu quero muito fazer isso.

Eu sou uma boba, não posso ficar abaixando a cabeça enquanto converso com eles, esse é um costume que preciso parar.

— Sabe que não precisa trabalhar, pode abrir seu próprio restaurante — mamãe fala, mas sinto que ela está calma.

— Eu quero aprender mais. — Minha voz sai tão fina que, às vezes, me odeio.

Belisco minha coxa esquerda, porque eu preciso ter mais firmeza. Sempre vivi às sombras dos meus pais, e isso me deixou ser alguém totalmente resignada, mas eu preciso mudar.

— Tem certeza? — Ouvir a voz do meu pai me faz o encarar.

— Sim, eu preciso dessa oportunidade, eu estudei para isso. — Sinto orgulho porque minha voz não saiu tão melosa.

— Pode fazer o que quiser, nós te apoiamos. — Mamãe segura minha mão.

— Sério? — pergunto, escondendo meu sorriso.

— Sim, Erin, queremos que faça o que ama, entendo que a protegemos muito, só não quero que aconteça com você o que aconteceu com a Cora — papai explica, e dou um sorriso.

— Eu prometo me cuidar, sempre conversar com vocês. Nunca vou decepcioná-los — prometo.

— Sabemos disso, minha filha. — Mamãe alisa minha mão.

— Agora irei mandar um e-mail de confirmação ao professor — aviso, pegando meu celular.

— Que tal ir ao restaurante dele? Enquanto isso, eu e o papai precisamos ver um cliente — mamãe me aconselha.

Meus pais são corretores de imóveis, eles têm um escritório próximo daqui.

— Eu posso ir lá? — indago.

— Sim, pode usar meu carro e não demore. — Mamãe me estende sua chave.

— Amo vocês. — Pego a chave e saio correndo em direção a garagem.

Há muito tempo não dirijo. Minha mãe sempre me deixava na universidade, mas hoje eu poderei dirigir e ainda contar ao professor a novidade, ele ficará tão feliz.

Entro no carro e saio lentamente, como eu aprendi. Depois que pego a avenida principal, eu fico mais tranquila.

Paro em frente ao restaurante e saio do carro à procura do professor Michael. Quando o encontro, ele já sabe minha resposta e passamos alguns minutos conversando. Já trabalhei aqui durante o verão, quando mentia para os meus pais que era obrigatório, mas agora irei trabalhar definitivamente e com a permissão deles.

Volto para casa com um sorriso. Preparo um delicioso almoço para os meus pais, porque eles merecem e cozinhar me deixa feliz.

Almoçamos com muita risada, há muito tempo não tinha isso em casa. Depois mamãe me ajuda com a louça, enquanto meu pai conversa com um cliente pelo celular.

— Acho que chegou o momento de conversarmos sobre relação sexual. — Mamãe me puxa em direção a sala quando terminamos de arrumar a cozinha.

— Nunca conversamos sobre isso — comento, me sentando no sofá.

— Mas em poucos dias irá completar vinte e um anos, sei que um dia terá relação.

Poderia falar que eles não me deixam ter um relacionamento, mas não irei emburrá-la hoje, estou muito feliz com tudo que está acontecendo.

— Sim — afirmo, sem ter nada a dizer.

Ela me explica que o homem enfia seu pênis na vagina da mulher, mas isso tudo eu assisti nos vídeos. Quando estou muito entediada, eu fico vendo algo que desejaria fazer, e um dia eu desejei fazer sexo, então fui assistir alguns vídeos eróticos, e fiquei muito excitada, mas o meu fogo não passou disso.

Não seria errado em dizer que eu desejo encontrar um homem bom e que faça um ótimo trabalho na cama. Eu sou virgem, mas não tão puritana como meus pais desejam.

Mamãe passa mais de uma hora falando como é a sensação de ter um orgasmo, e como devemos nos prevenir em relação a uma gravidez.

Ela informa que amanhã iremos em uma ginecologista, e que ela poderá me explicar melhor, além de me indicar um contraceptivo.

Fico feliz com a nossa conversa, há muito tempo não conversamos assim, mas parece que agora as coisas estão voltando ao normal.

— Iremos jantar hoje com alguns amigos. — Papai entra na sala com um sorriso.

— Eu também irei? — questiono.

— Não, você tirará a noite para um passeio com seus amigos — responde e dou um sorriso sem acreditar.

— Isso, você merece depois de tanto tempo estudando. — Mamãe pisca, se levantando.

— Eu vou amar sair — afirmo.

— Agora, precisamos trabalhar um pouco. Vem, querida. — Papai pega a mão da minha mãe, e eu os espero saírem para subir ao meu quarto.

Pego um vestido preto e uma jaqueta jeans, a deixo separadamente para usar mais tarde. E pego meu celular para informar a Arizona que hoje posso sair. Ela fica animada com minha ligação, e decidimos que iremos em uma casa noturna.

Passo a tarde toda me arrumando, e na hora de ir, meus pais me deixam mais uma vez dirigir, só pedem para eu não beber.

— Então quer dizer que seus pais te deram uma trégua? — Arizona pergunta, entrando no carro.

Minha amiga é um mulherão de quase vinte e dois anos, ela tem cabelos loiros e muitos atributos encantadores. Arizona perdeu a mãe quando tinha apenas dezoito anos, ela já trabalhava em um restaurante e por isso surgiu o amor pela gastronomia, e, mesmo sem o apoio dos parentes, ela conseguiu se formar com honras ontem.

— Sim, devemos aproveitar muito.

Seguimos conversando enquanto ela vai me contando sobre o trabalho.

Paro o carro próximo à casa noturna, e a fila para entrar no lugar é enorme. Mesmo assim, estamos animadas para aproveitar a noite.

— Esse é um dos melhores lugares da cidade. — Arizona balança o quadril animada.

— Eu imagino.

Assim que entramos, eu fico animada com a música, e vou me soltando à medida que as horas vão passando.

Não bebo, apenas estou aqui para aproveitar a noite e a companhia da minha amiga.

Depois da meia-noite, eu sigo para a minha casa. Meus pais ainda não chegaram. Mando uma mensagem para a minha mãe, avisando que já cheguei.

Deito-me em minha cama com um grande sorriso. Hoje foi um dia tão especial, espero que sempre seja assim.

***

No dia seguinte, sigo para a ginecologista, que tira todas as minhas dúvidas e me indica um implante contraceptivo, que a minha mãe insiste que eu coloque logo, e eu a obedeço, mesmo sabendo que não irei praticar o ato sexual tão cedo.

Os dias passam voando, ainda não comecei a trabalhar, mas já estou ansiosa para poder fazer parte do restaurante.

Terça, eu completei vinte e um anos, a idade que tanto sonhei. Meus pais compraram bolo para comemorarmos nós três, mas a grande festa é hoje, e estou animada.

Levanto-me já organizando todos os pratos, porque quero tudo perfeito, afinal é o meu aniversário.

Mamãe me leva ao salão e diz que preciso ficar linda, porque hoje é uma sexta especial.

Quando voltamos, o ambiente está todo arrumado. Uma decoração jovem com vários balões coloridos e algo mais requintado para os adultos.

Visto meu vestido vermelho e me sinto linda. Nunca fiquei tão arrumada assim. Coloco um salto baixo e sigo em direção a escada.

Ouço muito barulho e, quando aponto na escada, meus pais me esperam, ansiosos.

— Recebam, Erin Reed. — Ouço uma voz e fico pasma porque eles também contrataram um DJ.

Desço e meu pai segura minha mão, beijando minha testa com um sorriso orgulhoso.

— Está linda, querida. — Minha mãe segura minha outra mão, enquanto recebo os aplausos dos convidados.

— Obrigada! — agradeço.

— Vá cumprimentar seus amigos, e depois volte, queremos te apresentar para os nossos. — Mamãe pisca.

Caminho em direção a Arizona, que está com algumas pessoas que trabalham com ela. Cumprimento todos, peço para eles ficarem à vontade e aproveitarem a festa. E depois sigo em direção ao meus pais, que conversam com um homem barbudo e grande.

— Oi — cumprimento, e sinto um calafrio quando o homem me olha de cima a baixo, ele deve ter mais de cinquenta anos e está me olhando como se eu fosse algum tipo de carne, isso não é legal.

— Erin, esse é Balduin Larsen, ele é da Dinamarca — mamãe apresenta e o homem estende sua mão.

— Oi, Erin — o homem diz em dinamarquês.

— Olá, senhor — respondo em dinamarquês, apertando sua mão, rapidamente.

Eu aprendi dinamarquês com dez anos, eu e a Cora éramos obrigadas a estudar outros idiomas, nossos pais sempre foram exigentes em relação a isso, não que seja algo ruim, eu aprendi muito.

— Ela realmente fala dinamarquês. — O Sr. Larsen toca sua barba com um sorriso.

— Sim, Erin, é uma menina genial. — Papai dá um sorriso.

— Parabéns pelos seus vinte e um anos — o Sr. Larsen felicita me olhando de cima a baixo.

— Obrigada.

— Balduin é o nosso cliente da Dinamarca, ele tem alguns imóveis pela cidade — mamãe explica, e ela parece gostar do homem alto e barbudo.

— Que legal. Fique à vontade em minha festa. — Dou um sorriso, porque não quero parecer uma indelicada.

— Vou te apresentar os outros amigos — Mamãe segura em meu braço e sinto um alívio quando nos afastamos do homem.

Ela me apresenta a quase todos da festa, e depois eu volto para perto da Arizona e seus companheiros, porque iremos beber muito.

— Seus pais estão legais hoje — Arizona comenta me abraçando com um sorriso.

— Sim, eles estão felizes.

— Quer beijar na boca hoje? — ela pergunta, apontando seus convidados homens.

— Não, só quero beber — respondo, e ela beija meu rosto, sabendo que, mesmo não tendo beijado, eu quero fazer isso também no momento certo.

— Você é um anjo — ela ri, e caminha para a mesa de bebidas.

Olho para todos se divertindo, e sinto os olhos do Balduin em mim, mas finjo não estar vendo. Quando ele vai embora, se despede com um aceno, e eu fico aliviada, voltando a aproveitar minha festa com mais alegria.

Bebo tudo que até o momento não podia, meus pais bebem comigo, e ambos também estão felizes.

— Filha, você é nosso orgulho. — Papai me abraça, e ele parece bêbado, não mais que a minha mãe, que está sorridente como nunca vi antes.

Eles parecem felizes!

— Dança, mamãe! — Rebolo na direção dela que começa a gargalhar, e eu confirmo que ela bebeu muito.

— Eu sou uma velha, querida, não sei fazer isso — ela brinca indo até o chão.

Acho que nunca me diverti tanto na vida, principalmente depois que a Cora despareceu, mas hoje é um dia tão feliz para mim.

Quando os adultos vão embora, só ficam os jovens, e bebemos mais ainda ao som do DJ que não para de tocar um minuto.

Continuo aproveitando a noite, que só acaba quando sinto meus pés doerem, e Arizona vai embora levando várias bebidas para tomar em casa.

Quando me deito na cama, eu me sinto cansada e feliz. Foi a melhor festa de aniversário que já tive, queria que a Cora estivesse aqui, ela iria amar ver os nossos pais tão liberais.

Acordo com uma ressaca horrível, e fico o sábado todo na cama. Mamãe vem me ver algumas vezes e pede para eu descansar muito, porque, na segunda, eu começo o meu trabalho.

À noite, eu me levanto apenas para jantar e tomar um banho, mas volto para a cama rapidamente.

***

Acordo no dia seguinte, meus pais não estão, então faço uma corrida rápida e volto para o café da manhã.

Recebo uma mensagem da mamãe avisando que chegará em casa somente à noite porque tem alguns trabalhos acumulados e aproveitou o domingo para fazer isso.

Passo a manhã e a tarde vendo os cardápios que o senhor Michael me enviou. Tem cada receita maravilhosa, que preparo uma para o jantar.

Quando meus pais chegam, nos sentamos à mesa, em um ambiente mais agradável. Eu os prefiro assim, mais felizes e menos protetores.

Na hora de dormir, converso um pouco com a Arizona, que deseja todo sucesso amanhã e se der irá me encontrar quando sair do trabalho.

Durmo sabendo que amanhã é o novo começo da minha vida. Eu não serei apenas Erin Reed, filha de um casal rico, eu serei dona das minhas próprias conquistas.

***

Escuto barulho, e abro meus olhos, vendo meus pais gritarem entrando no meu quarto.

— Hoje é o dia que a minha filha começa a trabalhar! — papai diz, animado.

Levanto-me, ainda com um pouco de sono, mas com um sorriso que não consigo esconder.

— Não estaremos aqui quando você for para o restaurante, mas prometemos ir jantar — mamãe diz, se sentando ao meu lado.

— Que maravilha! O senhor Michael deixará que cozinhe hoje — conto e papai abre um sorriso.

— Amamos sua comida. — Ele beija minha testa.

— Use meu carro — mamãe pede, se levantando.

— Obrigada. Amo vocês.

Os dois dão um sorriso e saem do meu quarto falando o quanto estão orgulhosos de mim.

Deito-me novamente, mas agora com um sorriso por saber que agora começarei a ter um pouco de liberdade.

Quando está perto de escurecer, eu desço para a sala, procurando a chave do carro da minha mãe, mas não a encontro. Como não quero chegar atrasada, eu resolvo ir a pé. O restaurante é próximo, e certamente chego em menos de quinze minutos.

Pego minha mochila e saio apressada de casa avisando minha mãe que não encontrei a chave do carro.

Caminho apressada pelas ruas, onde o dia deixa a noite chegar, e as luzes dos postes estão ganhando vida.

Sinto uma mão forte me segurar e meu coração começa a acelerar quando a pessoa cobre minha boca com um pano. Tento gritar, mas minha voz sai abafada, não consigo me mexer porque a pessoa é mais forte que eu.

— Te peguei, bebezinha.

Eu conheço essa voz, esse sotaque.

Tento me virar, mas sinto uma picada em meu braço e uma enorme vontade de fechar meus olhos e deixar que a escuridão me domine. Faço isso, mesmo sabendo que isso tudo não é uma brincadeira, e eu sou mais uma vítima.