CAPÍTULO QUATRO

Knut

Já esperei uma semana desde a volta de Balduin, hoje eu preciso invadir o prostíbulo e acabar com a vida daquele homem nojento.

— Chefe, você precisa estar na escola três horas para o início da nova turma — Sabine avisa, entrando em meu escritório.

Olho para a mulher negra em minha frente e reviro os olhos quando ela se senta em minha cadeira, tomando o lugar que eu iria me sentar.

— Não devia estar cuidando dos seus filhos? — pergunto e ela nega com o dedo.

— Hoje, você deu folga para o Albert e ele queria passear com as crianças — ela me lembra e me arrependo.

Eu irei precisar do Albert, e não poderei levar a Sabine, seria muito perigoso, mas acho que eu e o Soren daremos conta.

— E como os meninos estão? — pergunto e ela abre um sorriso, cruzando as pernas, se sentindo confortável em minha cadeira.

Gosto da Sabine, de todos os meus seguranças ela é a única que não me trata como um chefe.

— Axel está muito bagunceiro, mas o pai dele já teve uma conversa sombria com ele. Iremos fazer seu aniversário de nove anos, espero que compareça.

Eu queria negar, a última vez que estive no aniversário do seu filho mais novo, eu saí de lá correndo, era muita gritaria e não estava aguentando.

— Farei o possível — afirmo, e espero que ela volte a falar dos seus filhos.

— O Mikel é mais doce, um bondoso menino de sete anos — conta, orgulhosa.

— Você nasceu para ser mãe, mas não quero que se sinta a minha — aviso e ela faz uma careta.

— Eu tenho quarenta anos, mas preciso puxar sua orelha sempre. Você é um irresponsável, acha que não sei dos seus planos.

Ela me encara e finjo está vendo algo no meu celular, mas me incomoda sua atenção em mim. Minha vontade é de mandá-la ir à merda, mas eu a respeito muito. Estamos juntos há anos, e ela é uma das pessoas que me conhecem bem.

— Não sei do que está falando.

— Eu não sou boba e, como dormirei aqui hoje, eu ficarei vinte e quatro horas na sua cola. — Ela se levanta.

— Não te convidei para dormir na minha casa, pode ir embora, o Soren ficará comigo.

Ela nega, amarra os cabelos cacheados em um coque e sai da sala.

— Irei treinar um pouco, sei que será pesado hoje! — ela grita e xingo sabendo que não conseguirei controlar essa mulher.

Por que não consigo dizer não a Sabine? Ela é tão insistente e eu odeio isso, mas não posso desmerecer suas habilidades. Eu mesmo a treinei, e por isso ela está comigo hoje.

Como algo saudável que a Sabine prepara, porque não tenho uma cozinheira e preciso me virar sozinho, e até fico aliviado quando a Sabine está aqui.

Três horas chego na escola, onde cumprimento alguns alunos veteranos, e sigo para uma das salas, onde receberemos nossos novos alunos do curso de segurança.

Me aproximo do Storm, que conversa com o Anton, e fico aliviado por ver o Enoch, um dos seguranças do Anton, não a Vicki.

— Até que enfim! — Storm resmunga quando me aproximo dele.

— Ele não está atrasado, Storm! — Sabine me defende.

— Pensei que o meu amigo sabia se defender sozinho! — Storm debocha, olhando com um sorriso para a Sabine.

— Vou conversar com meu irmão — Sabine avisa indo na direção do Enoch, que acena para mim e eu aceno de volta.

Enoch é irmão biológico da Sabine, mas ele também é irmão adotivo do Albert. Sabine namorava com o Albert quando a mãe morreu e ela era muito jovem para cuidar sozinha do irmão mais novo, então os pais do Albert o adotaram, assim tornando-se uma grande família.

— Não perturbe a Sabine, Storm! — o alerto, e ele ri, mandando um beijo para a Sabine, que mostra o dedo do meio para ele.

— Eu a amo. — Ele pisca, voltando a atenção para mim.

— Temos quantos alunos na nova turma? — pergunto, olhando as pessoas entrando com ajuda dos colaboradores.

— Dezesseis, mas temos uma criança de dezoito anos, que o Anton resolveu aceitar na turma, enquanto ela devia cursar defesas pessoais! — Storm resmunga, quando me entrega as fichas dos alunos.

— Ela não é criança, a menina tem quase o seu tamanho, consegue lutar com os adultos — Anton rebate.

— Se ela não se adaptar, a mudamos para a turma de defesa pessoais até ela ter idade suficiente — digo para finalizar esse problema.

— Anton irá tomar conta dela — Storm anuncia e Anton dá de ombros.

— Não reclamarei disso.

Alguém avisa que todos os alunos chegaram, e a turma é composta por quatorze homens e somente duas mulheres.

— Cinco negros, duas mulheres, e uma delas é negra, a Beskyt está evoluindo — Sabine fala, enquanto os alunos se apresentam.

— Meu nome é Heidi Paske, tenho dezoito anos, nasci em Viborg, mas moro em Copenhague desde os quatorze anos. — Olhamos para a menina, e realmente ela não tem nada de criança, talvez o jeito de falar, mas seu corpo tem uma estrutura boa para a turma de adulto.

— Ela é linda — Sabine sussurra, e sei que ela se identificou com a menina.

Na nossa escola não aceitamos pessoas racistas, homofóbicas ou qualquer coisa relacionada com pessoas sem a capacidade de pensar que somos todos iguais. Independente de cor, raça, religião, só queremos ensinar a proteger as pessoas e o ser humano preconceituoso não sabe proteger ninguém.

— Muito obrigado, Heidi, seja bem-vinda a Beskyt — Anton agradece e chama o próximo aluno.

— E aí? — Cutuco o Storm.

— Ela é uma criança. — Ele dá de ombros.

— Iremos ver como ela se sai — peço, e ele assente com a cabeça, impaciente.

Depois das apresentações, seguimos para a aula prática, onde todos os nossos seguranças nos ajudam com os movimentos. Eles foram treinados aqui, e alguns até se tornaram professores, eu sinto orgulho de todos que já passaram por aqui.

Anton ajuda a Heidi e, pelo que vejo, a garota tem um potencial, uma vontade enorme para se tornar uma segurança habilidosa.

Storm fica olhando para a menina, e acho que ele já aceitou o fato dela ser boa, mas ainda acha que ela é uma criança.

— Quero agradecer a todos por fazerem parte da Beskyt. Somos novos no mercado, com apenas seis anos, mas garantimos um aprendizado inesquecível — Anton fala, quando todos os alunos se sentam no tatame.

— Isso foi apenas uma prévia do que acontecerá durante esses três anos que passaremos juntos. Com apenas meia hora de aula, eu analisei alguns perfis e temos alunos bons e aqueles que aprendem rápidos. Bem-vindos a Beskyt! — Storm fala e me levanto, porque será minha vez de falar.

— Agradeço a todos por escolherem a nossa escola. Espero que sigam o regulamento, não procurem brigas antes do tempo ou o meu amigo Storm precisará vir dar uma lição em vocês. — Aponto o Storm que faz um legal, ele gosta dessa parte.

— E eu estou preparado para dar uma lição — Storm informa, sério.

— O professor de vocês é o Asger, ele é um dos nossos primeiros alunos, assim como a Sabine e o Enoch — comunico mostrando nossos seguranças.

— Eu já levei muita surra desse homem aqui, ele não é brincadeira. — Asger bate no ombro do Storm.

— Não só aqui, nós somos irmãos e ele é um dos meus seguranças pessoais, mas não o escolhi por nosso sangue, ele é bom — Storm fala, escondendo uma careta por elogiar o irmão, porque sabe que o Asger é muito bom.

— Sabine é incrível, minha primeira aluna mulher, e estou feliz em ver duas mulheres aqui — digo e os homens aplaudem as meninas.

— O Enoch também foi meu aluno, ele tem um rostinho novo, mas o homem não foge de uma luta. Estamos apresentando nossos seguranças pessoais para vocês entenderem que nunca escolheremos proteção de fora, sempre serão vocês daqui — Anton fala e eles voltam a aplaudir.

— Deixaremos vocês na mão do Asger, e ele saberá o que fazer — aviso, todos se levantam.

Cumprimento alguns alunos, me despeço dos meus amigos, porque preciso me concentrar no que irei fazer hoje.

Mando mensagem para Finn, o agente da organização, e aviso que irei entrar no prostíbulo hoje, mas que ele esteja com sua equipe à meia-noite em frente ao local, porque a essa hora o Balduin estará morto.

***

Sigo para o local às dez, Soren e Sabine me deixam em frente ao lugar e levam o carro para o estacionamento, onde aguardarão pelas minhas ordens.

Ligo meu GPS camuflado em minha roupa para eles localizarem o quarto que estarei e me fornecer as armas, já que aqui não é permitido entrar com elas e nem o celular.

Assim que entro, eu sinto o cheiro de cigarro impregnado no ambiente. Procuro por Balduin, que se encontra em seu sofá com algumas mulheres e homens.

— Olha quem resolveu aparecer em meu ambiente de trabalho, o malvado Knut Jorn — ele diz, e me aproximo.

— Quero gastar minhas energias — aviso.

— É uma surpresa tê-lo conosco. Onde estão seus seguranças? — pergunta, olhando ao meu redor.

— Lá fora, não quero eles no meu pé agora — aviso, um pouco rude.

— E o que irá querer? — ele pergunta, mostrando as meninas.

— Eu quero a mais cara, já que estou aqui preciso provar do melhor. — Dou um sorriso sarcástico, odiando falar essas coisas.

— Hoje estamos com uma garota nova, o Harald irá te acompanhar até o quarto que a menina está, e domine a fera — ele ri, animado.

Aceno e sigo seu filho, que também morrerá juntamente com o pai, porque ele não pode continuar com o legado da família Larsen.

— Alguma bebida? — Harald pergunta quando chegamos ao segundo andar.

— Só estou aqui para transar — informo e ele abre uma porta.

— Erin, seu primeiro cliente, o trate bem. — Harald abre a porta e fecha quando eu entro.

Paraliso quando vejo a mulher sentada na cama. Se o Storm achou aquela menina uma criança, ele precisa ver essa.

— Por favor, não me trate mal — a menina pede me olhando e em seus olhos há lágrimas, o que me faz sentir mais ódio do Balduin.

— Não irei tocar em você — aviso, e ela joga os cabelos longos para trás, revelando o que já imaginava, a menina parece um anjo.

— Eu não posso ficar assim. — Ela limpa as lágrimas e se levanta. Ela não é alta, mas está com um salto que não combina com seu vestido azul curto.

— Você tem quantos anos, menina? — pergunto, ainda no mesmo lugar.

— Vinte e um — ela responde, se aproximando.

Não é tão nova como pensei, mas ainda parece apenas uma menina inocente.

Ela segura o meu terno e seu corpo treme, então tiro suas mãos para a afastar de mim.

A garota é bonita, tem uma idade permitida, mas seu olhar inocente não permitiria que tivesse nada com ela e eu estou aqui por outra coisa.

— Não estou aqui para isso! — resmungo, e ela arregala os olhos.

— O que o senhor deseja? — ela pergunta, tentando ser sensual, e acho que foi treinada para isso, mas apenas vejo uma garota com muito medo.

Ela toca os cabelos que vão até a cintura e agora consigo ver que eles são castanho-claros.

— Você não é daqui, né? — pergunto, seguindo em direção a janela.

— Não, sou americana — ela se explica.

— Certamente não está por livre e espontânea vontade, né?

Ela se encolhe com minhas palavras, e já sei a resposta. Ela está com muito medo, não parece alguém que veio com boa vontade.

— Balduin me sequestrou — ela revela e depois começa a negar com a cabeça. — Não podia falar essas coisas.

— Erin, certo? — pergunto, e ela assente. — Imaginei que fosse da América, seu nome não é tão comum por aqui, mas você fala muito bem dinamarquês.

— Obrigada, senhor — ela agradece um pouco relutante.

Não quero que fique com medo de mim, não irei tocar nela.

— É o seguinte, quando você ouvir algum barulho, se esconda em algum lugar, tudo bem?

Ela concorda e volto a atenção para a janela.

O lugar é um pouco alto, mas o Soren é um bom escalador, ele conseguirá trazer o equipamento para arrancar a grade.

Aceno para que ele e a Sabine me vejam e os dois seguem em minha direção, trazendo todo o equipamento que preciso.

— O que você está fazendo? — a menina pergunta, e a encaro.

— Fica quietinha e não faça barulho! — peço, e ela se senta na cama com os olhos arregalados, certamente com medo.

Mas agora não irei me importar com ela, eu preciso dar continuidade no plano, porque assim ela poderá voltar para a sua casa.

Erin

Olho para o homem que conversa com alguém pela janela, e meu corpo treme de medo. Se ele contar para o Balduin que eu não fiz nada com ele, eu vou ser machucada, ou pior, irão machucar meus pais.

Eu me vesti da maneira mais atraente que consegui. Um vestido azul e um salto preto, que eu nunca usaria em minha vida, mas fui obrigada. Eu sou baixa, mas amo a minha altura.

— Por favor, senhor — o chamo, e o homem está com um enorme alicate, não sei se é esse mesmo o nome, mas o negócio ajuda a cortar a grade da janela.

O que ele está fazendo?

— Já avisei para ficar quieta! — ele resmunga sem olhar para trás.

O homem é lindo, Zara mandou tomar cuidado com eles, o jeito que transam é um pouco bruto. Por isso que, quando ele entrou, o implorei para não me machucar, sei que fui errada, mas estou com muito medo.

Seus cabelos loiros estão perfeitamente arrumados para trás, seu visual deslumbrante. Ele tem uma barba curta e alinhada, o que deixa seu rosto mais bonito.

Meus pés tremem e foco a atenção no enorme homem de terno, que ajuda alguém a subir na janela.

Uma mulher toda de preto pula para dentro do quarto e meu coração começa a acelerar. Ela me encara, e caminha em minha direção.

— Fez alguma coisa com a menina? — ela pergunta e o homem nega.

— Não, só precisava de uma distração para entrar aqui — ele avisa e ajuda outro homem a subir, que tem os cabelos escuros e uma barba grande.

— Tudo bem? — A mulher me pergunta.

— Sim... sim. O que está acontecendo?

— Eles estão te prostituindo, criança? — o homem que acabou de entrar no quarto pergunta e baixo meus olhos para minhas mãos.

— Ela tem vinte e um anos — o loiro avisa.

Sei que devia ter perguntado seu nome, mas a Zara disse que se eles quisessem falaria, então por ora fico sem saber.

— Desculpa, moça, mas parece mais nova. — O homem dá de ombros, e aceno não dando importância a isso.

— Erin, se esconda no banheiro — o loiro pede, abrindo a porta do cômodo.

— Será melhor para você — a mulher avisa, ainda me encarando.

Ela é bonita, parece uma mulher toda poderosa e independente.

Ouvimos um barulho quando a porta é arrombada. Me abaixo quando vejo que Balduin entra com uma arma e vários dos seus seguranças.

Me encolho próximo a cama e encaro os dois homens e a mulher apontando a arma em direção ao meu sequestrador.

— Então, achou que viria aqui e eu não perceberia que estaria armando contra mim? — Balduin pergunta com um sorriso sarcástico.

— Deixe a menina ir! — o loiro resmunga, me encarando.

— Não, ela precisa ver o que acontece com quem tenta me enganar — Balduin nega e escuto um tiro.

Levanto a cabeça e vejo o Balduin sangrando, e um dos seus seguranças o ajuda levando-o para fora do quarto.

— Mate-os! — Balduin grita e ouço vários tiros, me encolho mais próxima a cama.

Quando ouço passos e gritaria, eu aperto mais meus olhos, sentindo falta de ar.

— Erin! — Ouço a voz da Zara.

— Zara! — Levanto minha cabeça e ela está na porta com um olhar assustado.

Me levanto e tem quatro corpos no chão, e todos são seguranças do Balduin, o que me deixa um pouco aliviada.

— Você está bem? — Ela me abraça e começa a chorar.

— O que aconteceu? — pergunto.

— Mataram o Balduin, e preciso que você fuja agora — ela conta, me puxando para fora do quarto.

— Nós vamos fugir — digo, e ela nega.

— Não pode ir comigo, eles já me conhecem, sempre quando acontece isso tem outro a nossa espera, mas você é nova e andei pesquisando que o Balduin não falou de você para os outros — ela explica com um sorriso.

— Vamos para Yuma, você pode ir comigo, eles não irão te encontrar lá — peço já com lágrimas nos olhos.

— Não, mas você tem a chance de voltar para a sua vida, se ficar comigo iremos voltar as duas para algum prostíbulo.

Ela também chora e sei que é difícil, queria poder tanto a ajudar, mas estamos no mesmo barco.

— Eu estou com medo — conto.

Subimos a escada e vamos para o quarto onde estão nossas coisas. Algumas meninas saem disparadas, certamente estão tentando fugir no meio dessa confusão.

Entramos no quarto e procuro pela minha mochila. Irei fazer de tudo para voltar a Yuma.

— Vista isso. — Zara coloca em meu ombro um sobretudo e ela também usa um.

Saímos do quarto e alguns homens surgem na escada, então ela me empurra para o quarto e fecha a porta me deixando sozinha no quarto.

— Zara, sabe que não pode fugir! — Ouço a voz do Harald.

— Sei, mas deixe a Erin em paz e eu vou com você antes que a polícia chegue — Zara fala e eu tento abrir a porta, mas não consigo.

— Tudo bem, a putinha virgem fica, mas não por muito tempo. Ouviu, Erin? Eu irei atrás de você, e se contar algo para a polícia, eu mato seus pais!

Meu coração gela e começo a chorar com mais força. Não posso me encontrar com a polícia, porque o Harald agora terá todo o direito do seu pai, então certamente ele pode matar meus pais em um piscar de olhos.

— Adeus, Erin — Zara se despede ainda com a porta fechada.

Tento abrir a porta em vão, sabendo que não verei mais a Zara, uma amiga que fiz diante de tantas circunstâncias ruins.

Me sento no chão, e volto a chorar. Sinto alguém tentar abrir a porta, me levanto para pedir socorro.

— Socorro! Estou presa aqui! — grito, mas me arrependo imediatamente, pode não ser alguém bom.

A porta é arrombada e vejo a mulher negra que estava com o homem loiro, ela segura uma arma.

— É você, estávamos te procurando. Pessoal, ela está aqui! — A mulher grita e prendo minha mochila mais a mim.

O homem loiro surge e logo atrás o outro, os dois também estão com armas.

— Como veio parar aqui? — o loiro pergunta.

— Pegar minhas coisas para fugir, mas o Harald me trancou aqui e levou minha amiga com ele — conto, chorando.

— A polícia irá te levar para a casa, vamos? — A mulher fala, estendendo sua mão, que nego, me lembrando das palavras do Harald.

— Não quero falar com a polícia.

— Você precisa falar com eles — o homem de cabelos pretos avisa.

— Não, por favor, só me ajudem a chegar em minha casa e nunca mais saberão de mim.

Me ajoelho sem alternativas, eu não tenho vergonha em me humilhar. Se preciso suplicar para que eles não me levem até a polícia, eu farei isso.

— Menina, não faça isso — a mulher pede, mas permaneço de joelhos.

— Levante-se! — o loiro rosna e me ajuda a ficar de pé. — Eu irei conversar com Finn, não precisará falar nada com eles. Tudo bem?

Concordo, olhando para o chão, e ele levanta meu queixo para encarar seus olhos verdes intensos que combina com o homem lindo à minha frente.

— Ele está lá embaixo — o outro homem avisa e o loiro solta o meu braço.

— Venha. — A mulher me ajuda, fechando meu sobretudo e arrumando meu cabelo.

— Obrigada.

Coloco minha mochila nas costas e saio do quarto ao lado da mulher. Descemos a escada, onde tem vários homens analisando e tirando fotos das pessoas mortas.

Espero enquanto o loiro conversa com um dos policiais e fico ao lado da mulher.

— Seus pais certamente estão preocupados — a mulher fala, chamando minha atenção para o seu rosto alegre.

— Sim, nunca saí de perto deles — comento, segurando as lágrimas para não chorar.

— Erin, né? — ela pergunta, seu sorriso é tão reconfortante.

— Sim, e o seu?

— Sabine. Ficamos preocupados que você tinha desaparecido, não queríamos que você caísse na garra de outro malfeitor — ela diz, um pouco aliviada.

— Era minha primeira vez, eles me obrigaram, por sorte isso tudo acabou — conto.

Sinto um pouco de alívio por não precisar me deitar com ninguém, mas não sei se estarei livre para sempre.

— Se quiser pode ficar em minha casa, amanhã arrumamos um jeito de você ir para a sua casa — ela informa e a abraço.

— Ela ficará em meu apartamento. Erin, não precisa testemunhar, mas está sob minha responsabilidade até chegar em sua casa. — O loiro se aproxima.

Escondo meu desgosto, queria ficar com essa mulher, mas, pensando bem, a Sabine poderia se colocar em perigo por minha causa.

— Tudo bem.

— Por que não a levamos para o Complexo? — Sabine pergunta, e o homem a encara como se ela já soubesse da resposta.

— Só preciso de um lugar para dormir, amanhã eu vou embora — falo, mesmo não sabendo como farei isso.

— Você terá. — O loiro caminha na frente, e eu sei que preciso perguntar seu nome em algum momento.

Sinto minha barriga roncar e Sabine para ao meu lado.

— Irei comprar algo para você comer.

Queria pelo menos ter dinheiro para comprar minha própria comida e uma passagem para casa.

Saímos do prostíbulo e não quero nunca mais aparecer nesse lugar, passar essa semana aqui foi um inferno.

Sabine me leva em direção a um carro, e nos sentamos no banco de trás, enquanto o barbudo dirige e o loiro mexe no celular ao seu lado.

Paramos em frente a um enorme prédio, depois de entrarmos em um condomínio luxuoso. E Sabine não desce, mas avisa que irá comprar comida com o outro homem.

Desço ao lado do loiro, e me sinto uma idiota por estar com estranhos, mas minha situação estava bem pior que isso.

— Como é seu nome? — pergunto, antes que caminhemos para a portaria do prédio.

— Knut — ele responde seco e, mesmo querendo falar algo sobre o seu nome, eu permaneço quieta.

— Boa noite — o segurança cumprimenta.

Olho para o segurança, que dá um sorriso gentil em minha direção. Ele tem cabelos grandes amarrados em um coque e os brincos em sua orelha chama minha atenção, ele é um homem bonito.

Não prestei atenção no Harald e nem no Balduin, não tinha motivos para analisar aqueles homens asquerosos, mas não posso deixar de enaltecer a beleza desses homens que estou conhecendo.

— Boa noite, Nixon — Knut cumprimenta o homem e eu apenas aceno.

Entramos em um dos elevadores. Knut mexe no celular e eu apenas fico olhando para o meu pé.

— Obrigada por me ajudar, quando chegar em casa posso te pagar por tudo — aviso, e ele me encara como se eu tivesse dito um palavrão.

— Não quero nada seu, mas espero que pare de agradecer e nunca mais implore por algo assim. — Ele me encara e desvio o olhar para o chão.

Ele é um pouco ignorante, mas isso me faz fazer mais perguntas, e eu preciso pelo menos conhecer o homem que está me ajudando.

— Você é um assassino?

Coloco a mão na boca assim que a pergunta sai e ele me encara com ódio nos olhos.

— Não, mas eu matei Balduin. — Ele dá um sorriso vitorioso.

Engulo em seco e fico olhando para os números passarem. Quando chega no dezesseis, ele para e fico aliviada.

— Então você é um insólito? — pergunto, quando saímos do elevador.

— Insólito? — ele indaga sem entender.

— Que se opõe a utilização das normas — respondo o que ouvia muito na faculdade, um dos meus colegas dizia que devíamos ser insólitos.

— Eu sei o que é! — ele resmunga, caminhando até a última porta do corredor.

Entramos no lugar que é um pouco grande, e fico admirando, enquanto ele tira o terno.

— Você é assim? — pergunto, e ele me encara.

Acho que ele é um insólito, é evidente isso.

— Pare de ser curiosa, Estrangeirinha! — ele pede, se sentando no sofá.

— Estrangeirinha? Só porque sou pequena precisa desse diminutivo? — pergunto, e ele se levanta.

Não entendo por que estou tão curiosa assim, mas esse homem é tão fechado e seco que me deixa impulsiva, e mesmo não olhando em seus olhos, eu preciso saber mais.

— Erin, fica aqui, não faça perguntas. Irei tomar um banho. — Ele sobe as escadas, luxuosas, e me deixa sozinha em sua enorme sala.

Será que ele ficou com raiva? Não, eu preciso da ajuda dele porque somente assim irei conseguir proteger meus pais.

Olho para os sofás, que são tão brancos e alinhados, acho melhor não me sentar neles, eu estou toda suja.

Me sento no tapete, porque tem uma cor mais neutra, e coloco minha mochila no meio das minhas pernas.

Lembro dos meus pais, e me sinto feliz por saber que, em breve, eu estarei com eles novamente.