As Correntes do Norte

Capítulo — “As Correntes do Norte

A vitória ecoava pelos céus. Os nomes de Mike, Piter e o restante da equipe Falcões Sombrios já circulavam entre a multidão da capital aérea. No entanto, nem todos comemoravam com alegria.

Na sacada mais alta do Palácio de Ventaris, Lorde Cael Halown observava a arena com um olhar frio e calculista. Atrás dele, três figuras familiares adentraram o salão — Os Três Príncipes de Halown, irmãos de Piter: Aeron, Valen e Caius.

Aeron, o mais velho, trajava uma armadura negra cravejada de safiras e tinha uma expressão de desprezo constante.

“Pai…” — sua voz cortava como aço — “Não podemos permitir que Piter, um tolo sonhador, envergonhe o nome Halown com essa companhia de estrangeiros.”

Valen, o segundo, mais esguio e de feições afiadas, cruzou os braços.

“Eles venceram a primeira prova… mas as próximas Casas não serão tão gentis.”

Caius, o mais jovem dos três, sorriu de lado.

“Deixem-no jogar. Quanto maior a altura que alcançar, maior será a queda. E nós… garantiremos que a queda seja dolorosa.”

Lorde Cael apenas balançou a cabeça lentamente.

“Observem e aguardem. Se eles forem dignos, sobreviverão. Se não… o vento levará seus corpos para longe.”

A Caminho da Segunda Casa — Borealis

Após um dia de descanso e celebrações discretas, a equipe Falcões Sombrios recebeu a notificação oficial: A próxima Casa seria Borealis, no extremo norte das Ilhas Flutuantes.

A viagem até lá era desafiadora.

Montados em grandes Falcões Celestes, aves gigantes domesticadas pelo Império, o grupo atravessou nuvens gélidas, correntes ascendentes e zonas de vácuo até avistarem a colossal ilha-castelo envolta por auroras dançantes. O ar ali era cortante e rarefeito, as nuvens abaixo mais espessas, quase sólidas.

Ao aterrissarem, foram recebidos por Sir Eirik Borealis, o Cavaleiro do Vento Gélido, um homem imponente de pele pálida e cabelos prateados longos como a neve.

Sua armadura era cristalina, cintilando em tons de azul e branco. Ele segurava uma lança com uma ponta feita de gelo puro que não derretia.

“Bem-vindos à Casa Borealis…” — sua voz ecoava calma, mas poderosa como uma ventania polar. — “Aqui, a prova testará a resistência e a sincronia do grupo. Vocês devem atravessar o Cânion Congelado, onde as correntes gélidas tentarão separar vocês. A equipe que atravessar inteira e mais rápido, vence.”

Piter estremeceu levemente — não de medo, mas da expectativa.

Mike olhou para todos, com a voz firme.

“Ninguém solta a mão de ninguém. Vamos atravessar isso como um só.”

Karina sorriu, girando suas lâminas da Tempestade Negra, com faíscas estalando.

Julian estalou os dedos, formando correntes de gelo que prenderiam o grupo caso os ventos os empurrassem.

Serena e Natália se prepararam com suas magias de proteção e gravidade.

Kyouran, de olhos fechados, murmurava um cântico antigo para fortalecer os laços espirituais entre eles.

A prova começou.

A Prova da Casa Borealis — O Cânion Congelado

O grupo entrou no cânion — paredões de cristal de gelo que refletiam ilusões e distorciam a visão. O vento ali era tão cortante que poderia rasgar roupas e pele.

Imediatamente, as Correntes Separadoras surgiram — ventos translúcidos que tentavam afastá-los uns dos outros.

“Agora!” — gritou Mike.

Julian lançou as correntes de gelo, prendendo os pulsos de todos. Serena ergueu um escudo de energia que os protegia de estilhaços de gelo. Natália manipulava a gravidade para manter o grupo “pesado” no chão.

À frente, pilares de gelo desabavam e fendas se abriam. Piter liderava os saltos, abrindo caminho com investidas de vento. Karina, com suas lâminas, cortava as lanças de gelo que caíam do teto.

O teste exigia mais do que força: era confiança plena uns nos outros.

Metade do caminho percorrido, as ilusões começaram a atacar. Reflexos de seus medos e inseguranças apareciam nos cristais. Mike viu a silhueta de Gustavo, perdido em uma neblina distante.

Ele cerrou os punhos.

“Foco!”

Com um grito sombrio, liberou um pulso de energia das sombras que apagou todas as ilusões ao redor, clareando o caminho.

Finalmente, após longos minutos de tensão, o grupo emergiu do outro lado do cânion, exausto mas inteiro.

O selo da Casa Borealis brilhou sob seus pés, marcando a segunda vitória consecutiva.

Sir Eirik Borealis sorriu levemente.

“Vocês possuem algo raro… sincronia verdadeira.” — Ele retirou um medalhão de cristal e entregou a Mike. — “Com duas vitórias, estão oficialmente no caminho para desafiar os Cavaleiros Reais. Avancem, Falcões Sombrios.”

De Volta ao Palácio…

Aeron, Valen e Caius assistiam de longe, suas expressões endurecendo.

“Eles venceram de novo…”

Aeron apertou os punhos, uma aura de vento escuro surgindo ao seu redor.

“Então vamos intervir pessoalmente.”

Fim do capítulo.