O Trono Congelado

Capítulo – O Trono Congelado

O castelo de gelo se erguia como um monólito eterno, imerso em silêncio e majestade. Julhian avançava por seus corredores gelados com passos trêmulos, o frio ainda tentando dominá-lo mesmo com a bênção de Skadi em suas veias. Suas mãos apertavam o cabo de sua katana, e seu coração batia com uma ansiedade mista de medo e esperança.

Ele atravessou os grandes portões esculpidos com runas congeladas, até chegar ao salão do trono.

E ali, sentado imponente em um trono de cristal, com uma aura glacial quase divina, estava Hayato.

Seus cabelos eram mais longos do que Julhian lembrava, seus olhos azul-claros agora brilhavam com poder sobrenatural, e sobre sua cabeça repousava uma coroa feita de neve eterna e gelo mágico. Ele não estava acorrentado, ferido ou em perigo. Ele era... o rei.

— Irmão...? — murmurou Julhian, dando um passo à frente, sentindo a mente se embaralhar.

Hayato ergueu os olhos lentamente.

— Você veio... Julhian.

— Está vivo... — Julhian correu alguns passos, mas parou ao ver Hayato erguer a mão. Havia frieza no gesto. Literalmente e emocionalmente.

— Não deveria estar aqui. Este castelo está sob minha proteção... e sob minha maldição.

Julhian franziu o cenho.

— Maldição?

Hayato se levantou, sua capa azul celeste se arrastando sobre o chão gelado. A espada em sua cintura — feita de cristal ancestral — foi puxada com um sutil zumbido cortante.

— Fiz um pacto com a Deusa da Neve, irmã de Skadi. Ela me deu poder, me mostrou a verdade. Em troca, me tornei o guardião deste castelo. Aqui, busco a identidade de quem destruiu nossa família... Mas em troca, estou preso. Não posso sair.

— Mas por quê...? — Julhian deu um passo, as mãos tremendo. — Por que você aceitou isso?

— Porque precisava de poder — Hayato respondeu, frio. — E alguém precisava proteger o que está aqui.

Ele apontou para uma enorme porta ao fundo do salão, feita de runas cintilantes, com selos mágicos em constante rotação.

— Atrás dessa porta está uma das Páginas da História do Mundo. E com ela, repousa uma das Dez Bestas Lendárias. O seu nome é Raiju, a Fera da Nevasca. Ela dorme... e deve continuar assim.

Julhian arregalou os olhos.

— Então era por isso... esse lugar é um santuário.

— Sim. E você... é um invasor.

Com isso, Hayato ergueu sua espada. Uma rajada de gelo explodiu ao redor dele, fazendo ventos circularem e congelarem até as colunas do salão. Sua aura era imensa. O ar ao redor pesava.

— Mesmo sendo meu irmão, tenho uma missão. E minha missão é impedir qualquer um de chegar perto daquela porta.

Julhian sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Não pelo frio, mas pela dor no peito.

— Você vai mesmo me atacar...?

— Se for necessário... sim.

Julhian apertou sua katana, sua aura começando a brilhar com a energia de Skadi. Flocos de neve giravam ao seu redor, ressoando com o poder recém-adquirido.

— Então eu vou abrir seus olhos, Hayato. Nem que eu precise lutar com tudo!

As auras de ambos colidiram, o salão inteiro tremendo.

E então, o confronto começou — o embate entre irmãos, entre o passado e o presente, entre o dever e o sangue.

To be continued...