Se ela cometesse o menor erro, seu pai a esbofetearia sem aviso. Quando ela chorava de dor, seu irmão ria dela.
E quando ela implorava — realmente implorava — para ser permitida ir à escola, eles apenas balançavam a cabeça e diziam as mesmas palavras frias:
"Meninas não precisam de educação."
Toda noite, ela ia para a cama com frio, barriga vazia, corpo dolorido, e coração partido.
E então, o pesadelo se repetia.
De novo.
E de novo.
E de novo.
A dor nunca mudava. A crueldade nunca parava. Cada versão da cena a atingia mais forte que a anterior, arrastando-a mais fundo na escuridão.
Mirai pensava que seu coração se partiria em pedaços.
Ela sentia sua alma sendo esmagada sob o peso de tudo aquilo — a fome, o silêncio, a solidão, a injustiça que nunca terminava.
Ela gritava ao vento, sua voz crua de emoção, "Pare! Por favor! Eu entendi! Eu entendo agora!"
Mas nada mudava.
O mundo não parava.