A atmosfera estava densa com o fedor de mofo e ferro. O frio da pedra dura pressionava contra as costas de Mira, gelando-a até os ossos. As pesadas correntes que a prendiam pareciam absorver a pouca luz, dando ao cômodo uma sensação ainda mais opressiva.
Memórias ameaçavam consumi-la, cada uma um lembrete arrepiante das vezes em que fora aprisionada, usada ou traída.
Essas recordações de vidas passadas eram um coquetel de tormento e desolação. Em uma, ela era uma 'nobre' cativa, despida e descartada. Em outra, uma escrava, vendida e negociada como um objeto sem vontade própria. Vez após vez, ela sentira o aço cortante das correntes, tanto literal quanto metafórico.
A voz da Sombra Própria ecoava, puxando-a de seus sombrios pensamentos. "Este é o seu maior medo. O medo de ser controlada, de perder sua liberdade. De ser reduzida a nada mais do que um peão no jogo de outra pessoa."