Segunda Onda: Bob no primeiro e segundo ciclo

O castelo era antigo, mas imponente, com muralhas altas que se erguiam como gigantes de pedra.

 Havia uma maneira de Bob subir até elas: escadas laterais que serpenteavam ao longo das paredes. Decidiu não aguardar atrás do portão gradeado, que ele havia fechado após a primeira onda de inimigos.

Agora, ele queria uma visão mais ampla, uma chance de observar o que estava por vir.

O cubo, o colar que sempre estava pendurado em seu pescoço, falou de novo, sua voz ecoando em sua mente.

"O próximo inimigo estará ao seu alcance em três minutos."

Bob olhou para as muralhas, pensativo, e perguntou, curioso:

"Como será ele? Maior? Menor?"

"Claro que todos eles serão maiores e mais fortes," respondeu o cubo, com um tom quase zombeteiro.

Bob bufou, tentando manter a confiança.

"Ah, alguns centímetros a mais ou a menos não vão fazer diferença."

Com as armas em mãos, ele se preparou para o que estava por vir.

Ele estava pronto para enfrentar o primeiro lagartóide que ousasse invadir o castelo. Que venha o desafio!

Mas com um tom de desespero completou: "E por onde ele virá?"

A resposta do cubo foi vaga, quase zombeteira: "Não vou te dar todos os detalhes. Use sua intuição."

Bob bufou, irritado. Como uma coisa tão simples podia ser tão frustrante? Mas ele precisava esperar. Ele sabia que o tempo era curto e que cada segundo contava.

As armas que ele havia usado contra os lagartóides anteriormente estavam quase inutilizáveis, desgastadas pelo tempo e pelas batalhas.

Ele precisava de algo melhor. Então, começou a vasculhar entre os esqueletos espalhados pelo pátio.

Após alguns momentos de busca, encontrou uma espada que parecia em condições razoáveis para o combate. Ao lado, achou um escudo, também danificado, mas ainda útil.

Que venha o desafio!

Gritou mais confiante.

Um minutos e meio depois, Bob estava completamente arrependido de suas palavras. Ele gritava por socorro, não mais tão certo de si.

O lagartóide que avançava sobre ele era imenso e brutal.

Logo na primeira investida, com um único golpe, partiu o escudo de Bob ao meio. Ele tentou defender com a espada, mas a lâmina quebrou a ponta em um estalo seco.

Desesperado, Bob começou a implorar para o cubo, mas sua resposta foi curta e enigmática:

"Você ganhou um poder. Quando vai começar a usá-lo?"

Bob rolou desesperadamente, subindo as escadas do muro, caindo pesadamente no chão. O lagartóide o seguiu sem hesitar, pesado e implacável, pronto para esmagá-lo.

Mas algo estava mudando na mente de Bob. Em um instante, ele percebeu o ponto frágil do inimigo — a fraqueza no seu movimento, onde ele poderia atacar.

Era como se uma visão clara do caminho se abrisse diante dele.

Com a espada quebrada em mãos, ele se levantou, o corpo ainda dolorido, mas determinado. O lagartóide aterrissou com força sobre ele, tentando esmagá-lo.

Mas, no exato momento em que o monstro se aproximou, Bob usou o último resquício de força que restava, cravando a lâmina no ponto frágil que ele havia identificado.

O impacto foi brutal, e o lagartóide não se levantou mais, ficando imóvel sobre o corpo de Bob.

Ele sabia que tinha ultrapassado o limite da resistência, mas, finalmente, havia vencido o primeiro inimigo da segunda onda.

Bob suspirou profundamente, fechou os olhos e apoiou a mão na cabeça. Não havia mais volta.

Estava tarde demais para se arrepender. Ele não sabia como havia chegado ali, enfrentando um teste tão extremo.

 O cubo, aquele objeto misterioso que lhe concedera habilidades especiais, acabara de alertá-lo: "Em três minutos, o segundo inimigo estará avançando pelo castelo."

 Antes que ele pudesse recuperar o fôlego, o segundo inimigo da segunda onda começou. E o que era pior, acompanhado.

Dessa vez estavam em dois e escalavam as paredes do castelo, avançando com ferocidade. Bob sentiu o coração acelerar. Ele não teria tempo de se esconder ou se reorganizar.

Levantou a espada quebrada novamente, mas dessa vez algo deu errado. No meio da luta intensa, sua lâmina rachou ainda mais, quebrando-se com um estalo ensurdecedor.

Desarmado, Bob foi forçado a recuar. Seu medo se intensificou, e ele tentou fugir pelos corredores do castelo.

Entretanto, a cada passo que dava, mais rápido a dupla de inimigos seguiam-no. Ele se encurralou numa sala estreita, sem saída. Sem opções, fechou os olhos e apertou o cubo em seu bolso, buscando qualquer orientação. O cubo pulsou mais forte.

De repente, ele sentiu uma onda de energia emanando de seu corpo. Um campo de força brilhou ao seu redor, por apenas alguns segundos, empurrando um dos lagartóides para longe.

Bob mal acreditava no que havia acontecido. Ele havia gerado um campo de força que o protegeu temporariamente. Era um poder bruto, mas extremamente útil.

Ele usou essa breve janela de proteção para correr para outra área do castelo, tentando manter os lagartoides à distância. Mas sabia que, se quisesse sobreviver, teria que aprender a controlar esse poder, principalmente porque esse era um poder de curta duração.

 Bob firmou seus olhos, ainda incrédulo com essa pequena vitória. Mas ele se esquecera que apenas um dos lagartoides havia sido empurrado para longe, de maneira que havia sido fatal.

O outro lagartoide também estava ferido e avançava como um louco para cima de Bob que ao tentar se esquivar para o lado escorregou e caiu, deixando o caminho livre para o lagartoide se chocar fatalmente com uma das colunas daquele castelo, desabando em cima de Bob

O corpo do lagartóide, agora imóvel sobre ele, parecia um pesadelo ainda fresco. Ele mal conseguia acreditar que havia derrotado uma criatura tão grande, tão forte — e ele, Bob, nem sabia como havia feito isso.

Ele segurou o cubo, que agora estava pendurado em seu pescoço, como sempre.

"E agora, quanto tempo até vir o próximo?" ele perguntou, sua voz cheia de um cansaço que ele não queria admitir.

O cubo respondeu, com a habitual frieza:

"Daqui a exatos dois minutos e meio minutos."

Bob franziu a testa, irritado.

"Mas não é muito pouco?Parece que os intervalos estão cada vez menores! Não tem um tempo pra descansar sequer?"

Ele sentia que os músculos ainda tremiam, os ossos estavam pesados. Como se uma pausa fosse realmente pedir muito em uma situação como essa.

O cubo respondeu, sem piedade:

"Você acredita que, numa guerra, alguém tem realmente tempo para esse tipo de coisa? Se fosse você, começaria a me ouvir. Pegue logo uma arma e se prepare. O próximo não será maior, mas será muito mais rápido."

O pânico começou a tomar conta de Bob. A espada que ele usara anteriormente estava completamente inútil, totalmente quebrada.

O que ele faria agora? Ele olhou ao redor, entre os esqueletos espalhados pelo pátio, mas nada parecia promissor. Qualquer outra espada que ele encontrasse seria provavelmente tão inútil quanto a que ele já tinha.

Mas então, algo o fez parar. Como ele poderia ser tão tolo? Olhando para baixo, aos pés do lagartóide derrotado, ele viu o que precisava.

A espada do monstro, uma lâmina forte, afiada e ainda em boas condições. Ele sorriu, a confiança voltando, mesmo que por um breve momento.

"Finalmente, tenho uma espada."

Mas, quando ele segurou a lâmina, o sorriso se desfez rapidamente. Ele não era um espadachim, nunca teria o controle que precisava.

Ele sabia identificar as aberturas, ouvir os momentos certos para atacar, mas a teoria não valia nada quando você estava no campo de batalha, com um inimigo rápido à sua frente.

Desesperado, ele quase implorou ao cubo:

"Não tem como você melhorar esse meu poder? Tipo, sei lá, me dar alguma habilidade com espadas ou algo assim?"

O cubo permaneceu em silêncio, como se estivesse ignorando completamente a angústia de Bob.

Nenhuma palavra, nenhum conselho. Apenas o vazio de uma resposta ausente. Era como se o cubo tivesse decidido deixar Bob se virar sozinho — e Bob não sabia se estava mais frustrado ou aliviado com isso.

Ele passou a mão pelo rosto, limpando o suor que começava a se formar, e olhou para o horizonte, sentindo o peso da pressão crescente. Sabia que o próximo inimigo estava vindo, e seria rápido. E tudo indicava que a cada investida a quantidade deles aumentavam em um.

Não teria tempo para hesitar ou fazer besteiras. Ele precisava se preparar — e rápido.

Com a espada nas mãos, ele se posicionou, tentando dar um passo à frente, mas sentindo o medo e a dúvida ainda se infiltrando em sua mente.

Ele era só um homem comum, com um poder estranho e um cubo misterioso que não parecia querer ajudar. Mas, como o cubo dissera, ele não tinha tempo para se lamentar. O próximo inimigo estava quase aí.