Vendo seu feitiço 'Bola de Fogo' ganhar mais poder, Edart viu uma necessidade crescente de adquirir mais núcleos, eles poderiam dar uma grande vantagem em suas próximas aventuras.
No entanto, ele ainda estava com receio de voltar à planície. Preocupado com mais um ataque em massa dos slimes. Por sorte, ele conseguiu, de alguma forma, sobreviver aquilo.
Edart olhava para a floresta ao longe, perdido em pensamentos, tentando decidir se deveria ou não ir à 'Planície Gosmenta'.
Minutos se passaram e Edart continuava indeciso sobre o que fazer. Percebendo isso, Éris começou a falar.
— ["Sobre o que você está pensando tanto?"] Éris perguntou.
— "Ah!, nada de importante, só estava tentando decidir se deveríamos ir à planície…" Edart foi pego de surpresa com a voz dela, contudo, rapidamente se recompôs. Éris que escutava o que ele dizia, já adivinhava para onde ia, assim completou sua fala.
— ["E você está preocupado com mais uma emboscada dos slimes, estou certa, não estou?"]
Como um livro aberto, Éris conseguiu descobrir o que passava na cabeça dele. Ao perceber que ela sabia o que ele pensava, uma pontada de vergonha preencheu seu corpo.
— "Bem… é isso mesmo." Ele admitiu e abaixou a cabeça, para evitar que Éris percebesse seu rosto vermelho de vergonha.
Como ela não tinha corpo e estava no corpo dele, fazer isso não fazia sentido. Ao se lembrar disso, ele sentiu-se ainda mais envergonhado. Para sua sorte, Éris interrompe o silêncio que crescia entre eles.
— ["Acho que não teria problemas em passar perto da planície e ver como está a atividade dos slimes. Caso tenha poucos na borda da planície, acredito que não teria problema nenhum a gente caçar alguns deles."]
— "Contanto que não avançamos muito, acho que não haverá problema" Edart concordou, sentindo-se mais confiante.
— ["Você também quer pegar algumas 'Lua Prateada' para fazer alguns testes, mesmo que não consigamos lutar contra os slimes, a viagem não será em vão."]
Éris continuou dando motivos para ele sair da cabana. Ela não queria que ele estagnasse e não ficasse mais forte.
— "Sim, você tem razão." Sem esperar mais, ele entrou na cabana e preparou suas coisas para sair.
…
A primeira para de Edart foi o pomar de maçãs. Seu estoque na casa estava acabando, já era hora de repor.
— "A cada vez que venho aqui, há mais maçãs maduras. Nesse ritmo, muitas delas vão estragar antes que eu possa comer."
— ["Se você criar uma… como é que se diz…"] Logo ela lembrou o que queria dizer.
— ["… ah sim. Se você criar uma geladeira. Não seria possível fazer as maçãs durarem mais tempo?"]
Embora ela tenha acesso às memórias dele, são muitos anos de informação, o que acaba levando tempo para ser processada. Imagine um arquivo físico, onde cada instante que você viveu está em uma folha, quantas folhas existiriam?
— "Sim, isso aumentaria o tempo de armazenagem das maçãs, mas eu não acho que posso recriar isso com minhas habilidades. Além disso, não temos energia elétrica aqui, nem sei que gás é usado para o sistema de refrigeração."
Pensando na comodidade que era ter uma geladeira para conservação de alimentos, Edart ficou realmente tentado a ter uma aqui, no entanto, ele encarou a realidade, que era que ele não tinha a capacidade de recriar isso, não no momento.
— ["Não, você está pensando demais, o conceito não consiste em apenas abaixar a temperatura dos alimentos? Não precisamos de toda aquela tecnologia. Precisamos apenas diminuir a temperatura das maçãs."]
Escutando o que Éris disse, Edart começou a entender o que ela queria. Ele não precisaria criar um motor e um sistema de controle de temperatura. Nesse mundo de magia, só precisava de uma coisa.
— "Um núcleo, um núcleo do elemento gelo, seria o suficiente para congelar as coisas." Edart disse com um sorriso. Foi como se ele tivesse recebido uma revelação divina.
— ["Exatamente!"] Disse Éris.
Ela percebeu que Edart ainda pensava como se estivesse em seu antigo mundo. Nesse novo mundo, havia regras diferentes que ele precisava se adaptar e a magia era uma delas.
Havia muitas coisas que com os núcleos dos slime iriam facilitar suas vidas. Por exemplo. A água encana em sua casa. Quanto trabalho é necessário para ter água corrente na sua torneira.
Desde as instalações dos canos até o tratamento da água, é gasta uma grande quantidade de energia. Contudo, nesse novo mundo, apenas um pequeno núcleo de água de um slime consegue fornecer água infinita. Onde você pode levar a onde quiser.
Gradualmente, Edart ia abrindo sua mente para essas novas possibilidades.
Sentindo-se mais motivado para ir atrás dos slime, Edart rapidamente colheu algumas maçãs e partiu para sua próxima parada.
…
Chegando ao próximo local, Edart observou a planta à sua frente por alguns segundos. Ele não sabia por que, mas as plantas que tinham grandes quantidades de mana exalavam uma exuberância que ele não via na terra.
Olhando dentre do 'Cálice Azulis', ele viu o familiar líquido transparente com um leve tom azulado.
— "Seria bom se desse para levar essa planta para casa, aí teria uma fábrica de poção de mana na porta de casa."
Edart não sabia se a planta sobrevivia ao transplante de local e, mesmo que sim, não havia garantias de que a produção continuaria. Ele faria alguns testes antes de trabalhar com essa planta.
Não perdendo mais tempo, Edart vasculhou sua mochila em busca de um tubo de ensaio que ele pegou do laboratório. Tirou a rolha e despejou lentamente o líquido da planta no tubo. Após terminar, ele fechou o tubo com a rolha novamente e usou identificar.
— [" Nome: Concentrado de Mana."]
— [" Descrição: Um líquido concentrado de mana, capaz de regenerar 20 pontos de mana diretamente. Criado a partir da planta 'Cálice Azulis'."]
— "Só espero que essa mana não se dissipe, agora que retirei o líquido da flor."
Edart não tinha certeza se funcionaria, sendo esse mais um de seus testes.
Tendo terminado seu trabalho por aqui também, ele partiu sem demora.
…
Planície Gosmenta.
Edart estava agachado ao lado de um arbusto, tento manter-se escondido enquanto observava a planície à sua frente.
— "Isso está diferente, há slimes de cores diferentes, que eu nunca havia visto antes."
Ele já estava escondido aqui por um tempo, observando as mudanças que aconteceram na planície à sua frente.
Vários slimes de cores diferentes apareceram, entre eles, as novas cores que Edart viu e classificou eram:
Preto, possivelmente era do elemento escuro relacionado às trevas ou necromancia, o que era ao certo Edart não sabia.
Prata e dourado. Foram classificados como metálicos, podendo ser prata e ouro, embora não tenha confirmado.
Laranja. Edart não conseguiu relacionar essa cor com nada, tentando descobrir que elemento era, ele teve vontade de atrair atenção desse slime. Contudo, no mesmo instante, desistiu da ideia. Era muito arriscado fazer isso.
— "Esse tamanho, por que esses slimes são tão grandes?"
— ["Talvez eles sejam da região mais central."] Sugeriu Éris, tentando dar uma resposta a ele.
— "Pode ser, mas por que eles virão para a borda da planície?" Essa era outra pergunta em sua mente.
Sua ideia de conseguir mais núcleos parecia estar se desfazendo tão rápido que ele não podia fazer nada. Edart não tentaria a sorte contra esses slimes que tinham o dobro de tamanho dos anteriores. Ele nem conseguia imaginar em que níveis eles estavam.
Não tendo muito o que fazer, ficou parado no mesmo lugar, observando e tentando entender a nova dinâmica da planície.
Os slimes pequenos continuavam a fazer o mesmo de sempre. Pulavam por aí e devoravam a grama por onde pulavam.
Os slimes maiores eram diferentes, eles apenas pulavam por aí e todos seguiam sempre a mesma rota, como se estivessem andando em uma estrada.
— "Não pode ser isso!" Disse Edart percebem uma coisa.
— ["O quê?"] Éris perguntou curiosa.
— "Esses slimes, eles estão agindo como soldados, patrulhando uma área específica. Mas isso não faz sentido, exceto se eles tenham criado uma sociedade."
— "Assim, eles estão protegendo uma área de um inimigo. Sendo essa a área em que estive atuando…" Ele não continuou a frase.
— ["Então eles estão procurando por você. Pode ser, mas não sei se os slimes conseguiriam chegar tão longe."] Éris continuou.
Edart não tinha certeza, porém não conseguia pensar em outra coisa.
— "Acho melhor voltar, não vamos conseguir nada daqui."
— [" Por que não damos uma olhada em outro lugar? Talvez esses slimes maiores só estejam por aqui."] Disse Éris.
Não tendo por que discordar, Edart começou a andar pela divisa entre a planície e a floresta. Após caminhar por 30 minutos, ele parou e começou a observar os slimes novamente.
Pelos próximos minutos, Edart ficou procurando por alguns slimes que não condiziam com o tamanho que era normalmente encontrado aqui.
— "Eu preciso de um binóculo ou alguma habilidade para enxergar mais longe." Reclamou baixinho, esfregando os olhos.
— "Éris, você vê algum slime maior por perto?"
— ["Não, somente slimes pequenos."]
— "Valeu a pena andar um pouco mais. Fica de olho e me avise se algum aparecer."
Não vendo nenhum problema, Edart deixou a mochila para trás e se preparou para ir atrás de alguns slimes. Ele mal podia esperar para colocar as mãos em mais núcleos.