O capítulo se inicia com o eco das botas de Arthur Pendragon ressoando pelas ruas de Lyoness, sua presença imponente anunciando sua chegada antes mesmo de sua voz. Em sua mão, um demônio amarrado se debatia, gritando e praguejando, mas o Rei de Camelot não demonstrava qualquer sinal de emoção além do puro desdém. Seu olhar perfurava a muralha da cidade, como se pudesse ver Melyadus do outro lado. E, de fato, o Rei de Lyoness não tardou a aparecer, interrompendo sua conversa com Midoki para atender o visitante indesejado.
À medida que se aproximavam do portão, a mente de Midoki fervilhava de dúvidas. As palavras sobre Lady Viviane ainda ecoavam em sua mente como um enigma não resolvido. Sem conter sua curiosidade, ele virou-se para Melyadus.
- Midoki: "O que aconteceu com Lady Viviane depois de dar à luz aos gêmeos?" - Sua voz era firme, mas carregava uma sombra de inquietação.
Melyadus manteve o olhar fixo no horizonte por um instante antes de responder, sua expressão se tornando indecifrável.
- Melyadus: "Após dar à luz, o corpo dela foi desintegrado. Seu espírito retornou ao seu local de origem, o continente de Astrithys."
Midoki apertou os punhos. A resposta apenas criava mais perguntas.
- Midoki: "E os gêmeos? O que aconteceu com eles? Quem eles são?"
Melyadus abriu a boca para responder, mas naquele momento, eles chegaram ao portão. Arthur os esperava, sua postura imponente e seus olhos flamejantes de ódio.
- Arthur: "Finalmente apareceu, Melyadus!" - Bradou Arthur, com um tom carregado de desprezo.
Melyadus cruzou os braços, deixando escapar um suspiro teatral.
- Melyadus: "Ah... para que todo esse drama, Arthur? Camelot realmente se preocupa demais com Lyoness. Diga-me, o que te faz acreditar que é melhor do que aqueles a quem chama de monstros?"
O olhar de Arthur se estreitou, sua expressão endurecendo.
- Arthur: "Você pergunta como se não soubesse. Esses malditos demônios tiraram tudo que realmente importava para mim. Minha amada... Viviane... o meu pai..."
A menção do nome fez Midoki prender a respiração, mas Melyadus apenas ergueu uma sobrancelha, ainda exibindo um sorriso de canto.
- Melyadus: "Ah, Viviane... deve ter sido uma mulher incrível, sem dúvida. Sabe, Arthur, guardar tanto rancor assim não faz bem para a saúde. Você devia tentar relaxar um pouco..."
Arthur cerrou os punhos, sua aura de poder oscilando ao redor dele.
- Arthur: "Não apenas a tomaram de mim, como também me fizeram perder a confiança naqueles que ainda insistem em conviver com eles. E você... sempre protegeu essas aberrações como se fossem parte de algo importante para você. Mas isso não importa, Lyoness... dentro de um ano, mandarei minhas tropas atacarem seu reino e, então, a grande guerra começará pelos maiores continentes, Solvaris e Lunareth."
Ele então deu um passo à frente, sua voz carregada de arrogância e convicção.
- Arthur: "E eu prometo, Melyadus... não deixarei pedra sobre pedra."
O vento soprou entre os dois reis, a tensão no ar quase sufocante. Melyadus, no entanto, apenas riu baixo, despreocupado.
- Melyadus: "Vou anotar isso. Quer que eu marque na minha agenda também?"
Arthur apenas rosnou enquanto a Excalibur ressoava em sua cintura, se virando com fúria, deixando para trás sua ameaça de guerra.
Sem mais delongas, Arthur desembainhou sua espada e, sem hesitação, decapitou o demônio amarrado diante de todos. O silêncio foi instantâneo e absoluto. O sangue escorria pelo chão de pedra, um prenúncio do massacre que viria.
A visão de Midoki começou a turvar. Sua percepção se fragmentava, como se a própria realidade oscilasse ao seu redor. A cena diante de seus olhos se dissolveu.
*Agora a cena se volta para sete mil anos no futuro.*
Lilya sentiu o peso do ambiente ao seu redor. Helheim pulsava, carregado de sua energia opressiva, mas havia algo diferente. Algo... errado. Diante dela, uma figura distorcida, oscilando como uma miragem. Era a criatura do Abismo, parcialmente desconectada da realidade.
A técnica de sua Halberd, o rastreador, que deveria apontar o caminho de Lúcifer, começou a oscilar. As linhas etéreas que dançavam no ar se retorceram, e um novo rastro surgiu. Não para fora de Helheim, mas para as profundezas do Abismo.
Lilya arregalou os olhos.
- Lilya: "O quê...? Isso não faz sentido..."
O rastro de Lúcifer ainda estava lá, mas sobreposto por essa nova trilha. Como se algo tentasse reescrever a sua rota de destino.
A criatura à sua frente levantou uma mão e apontou na direção do caminho de Lúcifer, em que o rastreador apontava anteriormente. Seus olhos vazios e insondáveis pareciam esperar por algo.
Uma voz então ressoou em sua mente, profunda e distante, vinda de eras esquecidas.
- Unknown: "A Escolha deve decidir. O Destino imutável. O Fim próximo não é apenas destruição... mas também a criação de..."
O chão sob seus pés tremeu. Algo gigantesco despertava na direção para onde a criatura apontava.
*Agora a cena se volta para Midoki, ainda no passado.*
A ressonância ao seu redor era caótica. Duas realidades sobrepostas, lutando para coexistir. Ele franziu a testa.
- Midoki: "Isso... é familiar."
Uma força invisível o puxou para trás. Um brilho azulado o envolveu, distorcendo seu campo de visão. De repente, não estava mais onde deveria estar.
Diante dele, um portal se rasgava no vazio. Suas bordas oscilavam entre o negro absoluto e tons prateados. Do outro lado, um cenário de ruínas flutuantes, fragmentos de memórias destroçadas. E Lilya... diante da criatura do Abismo.
O coração de Midoki disparou.
- Midoki (pensando): "Lilya...?"
Mas antes que pudesse se mover, o portal se fechou abruptamente. E então, uma voz diferente da que Lilya ouvira ecoou ao seu redor.
- ???: "O Fim se aproxima. O Destino hesita. A Ruína observa."
Midoki estreitou os olhos.
- Midoki: "Quem está falando? Essa voz... eu já..."
O silêncio foi sua única resposta. Mas agora, havia algo de que tinha certeza, algo no Abismo estava tentando manipular o curso da história.
A cena final retorna para Lilya.
Ela se aproximava do portão destruído de Helheim. Atrás dela, a criatura do Abismo a acompanhava silenciosamente. Em um raro momento de gratidão, Lilya virou-se para seu enigmático acompanhante e murmurou:
- Lilya: "Te chamarei de Unknown. Obrigada por me mostrar o caminho verdadeiro."
Ela sorriu. Depois de milhões de anos em Helheim, aproximadamente '6,5 milhões de anos', ou '6,5 milhões de segundos em Gaia', finalmente, estava livre daquele inferno tortuoso. Um lugar que testou sua sanidade inúmeras vezes, que a quebrou e a refez incontáveis vezes. Ela respirou fundo, a liberdade era doce.