O sol nascente filtrava suas luzes douradas através das janelas adornadas do castelo, lançando um brilho frio e quase irreal sobre os corredores de pedra. No grande salão, os líderes das famílias reais se reuniam, seus rostos refletindo uma mistura de preocupação e resignação. Lucius Perlasca, observava com um olhar calculista, sua presença dominando a sala.
Greg Visley estava entre os presentes, sua expressão endurecida e seus olhos escuros observando o cenário com um misto de frustração e desilusão. Desde que o plano de Lucius se desenrolara, Greg não conseguia se conformar com a submissão da sua família às ordens do diretor. A princípio, ele havia aceitado o papel de observador, mas à medida que os dias passavam, sua indignação crescia.
— Lucius, já discutimos todas as nossas opções — dizia um dos líderes das famílias reais, seu tom exausto. — O que mais você quer de nós?
Lucius, com um olhar implacável, não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele fez um gesto imperativo e, como se atraído por uma força invisível, a grande porta do salão se abriu. Fockz entrou, sua figura envolta em um manto verde que contrastava fortemente com a escuridão de sua máscara de ferro. O manto esvoaçava atrás dele, dando-lhe uma aura de mistério e ameaça.
Fockz avançou para o centro do salão, seu olhar oculto por trás da máscara, mas seus olhos brilhavam com uma intensidade enigmática. Com um movimento fluido de suas mãos, ele fez com que correntes roxas surgissem no ar, serpenteando e brilhando com uma luz sombria e hipnótica. As correntes giravam lentamente, e cada movimento parecia manipular a atmosfera ao redor.
— Essas correntes são um reflexo do desejo mais obscuro de uma pessoa — Fockz anunciou com uma voz grave e ressoante. — Elas revelam a verdadeira essência de suas intenções e medos. Com elas, posso ver o que está escondido nas profundezas da mente e do coração.
Os líderes das famílias reais observavam, um misto de medo e curiosidade em seus olhos. Greg, ao lado, sentia uma crescente inquietação. Ele sabia que as correntes de Fockz eram mais do que um simples truque; eram uma ferramenta de controle e manipulação.
— Senhor Fockz — começou Greg, tentando manter a calma, mas com uma nota de desespero em sua voz. — O que exatamente você pretende com essas correntes? E o que isso significa para nós?
Fockz virou-se para Greg, a máscara obscurecendo sua expressão, mas a voz carregada de um tom gélido e calculista.
— A verdade, jovem Visley, é que cada um de vocês está aqui por uma razão. As correntes vão revelar o verdadeiro desejo de cada um, e isso determinará o papel que vocês desempenharão no futuro do reino.
Enquanto isso, Bruno Luponnaro, que havia se mantido em segundo plano, se aproximou de Fockz com um olhar preocupado. Ele se curvou respeitosamente, seu rosto demonstrando um mix de respeito e ansiedade.
— Senhor Fockz, tenho notícias. Os aprendizes de cavaleiro conseguiram escapar das masmorras — disse Bruno com um tom de urgência.
Fockz fixou Bruno com um olhar penetrante, as correntes roxas piscando à sua volta como se reagindo à presença do mafioso.
— Então, eles conseguiram escapar — Fockz murmurou, sua voz cheia de frieza. — Você sabe o que fazer. Envie seus melhores homens para capturá-los antes que consigam se refugiar em outro lugar. Não podemos permitir que eles interfiram em nossos planos.
Bruno fez uma reverência e se retirou imediatamente, indo organizar a busca pelos fugitivos. A pressão estava clara em seus passos rápidos e decididos.
Enquanto Fockz se concentrava nas ordens dadas a Bruno, Wanda Chirossi, a vampira chefe dos laboratórios do submundo, trabalhava em seus experimentos. Dentro das profundezas do castelo, seu laboratório estava em uma constante agitação. Máquinas zumbiam, e frascos com líquidos estranhos borbulhavam em caldeirões.
Wanda estava debruçada sobre uma mesa de operação, onde monstros de aparência grotesca estavam amarrados e presos em contenções mágicas. Ela manipulava cuidadosamente os instrumentos, uma expressão de concentração e fascínio em seu rosto.
— Quase lá — murmurava Wanda para si mesma, enquanto injetava uma substância brilhante em um dos monstros. — A combinação perfeita de magia de sangue e ciência... isso vai mudar tudo.
Ela olhou para os monstros com um sorriso sombrio, satisfeita com os progressos. O desejo de alcançar novos níveis de poder e controle a motivava, e seus experimentos eram a chave para isso.
Enquanto as atividades dos vilões prosseguiam, Greg permanecia em uma luta interna. A aceitação passiva de sua família às exigências de Lucius e a crescente influência de Fockz o atormentavam. O pensamento de que eles poderiam estar todos sendo manipulados para servir a um propósito sombrio era cada vez mais perturbador.
— Eu não posso continuar assim — pensou Greg, sua determinação se firmando. — Preciso encontrar uma maneira de reverter isso, de proteger minha família e confrontar aqueles que estão por trás dessa trama.
A tarde estava se aproximando, e os arredores do castelo de Sorano estavam cobertos por um manto de névoa que tornava o ambiente ainda mais sinistro. Bruno Luponnaro e seus homens estavam a postos, prontos para iniciar a busca pelos fugitivos. Os mafiosos, com seus ternos escuros e rostos cheios de cicatrizes, espalhavam-se pelos terrenos próximos ao castelo.
Bruno, com uma expressão de frustração e determinação, organizava seus subordinados em uma pequena clareira que se estendia ao pé das encostas rochosas. As árvores se erguiam como sentinelas silenciosas, suas copas espessas absorvendo a luz do sol e criando sombras densas.
— Escutem bem — Bruno começou, a voz firme e autoritária. — Temos ordens para encontrar e capturar os fugitivos. Eles são perigosos e podem estar armados. Se vocês encontrarem qualquer sinal deles, não hesitem em usar força letal. Não podemos permitir que eles interfiram nos planos do nosso mestre.
Os homens de Bruno acenaram em concordância, enquanto começavam a dispersar-se em direções diferentes. O som de passos apressados e murmúrios de comunicação preenchiam o ar, misturando-se com o som sutil da natureza ao redor.
Bruno se dirigiu a um dos mapas estendidos sobre uma mesa improvisada, analisando os possíveis caminhos que os fugitivos poderiam ter tomado. Suas mãos se moviam com precisão sobre o papel, marcando áreas de interesse e traçando rotas possíveis.
— Eles não podem ter ido muito longe — murmurou Bruno para si mesmo. — Se precisarmos, faremos uma busca mais profunda na floresta. Não há espaço para erros.
Enquanto os homens de Bruno se moviam para os arredores, Wanda Chirossi, com sua presença imponente, caminhava pelos corredores do castelo em direção à sala do trono. Suas botas de couro faziam um som firme e resoluto sobre o piso de pedra, e seu olhar era determinado e frio.
A sala do trono era grandiosa, com paredes de pedra cobertas por tapeçarias escuras que retratavam cenas de batalhas antigas e glórias passadas. O trono em si, um assento de pedra esculpido com detalhes complexos e intimidantes, ficava no centro da sala. Fockz estava sentado no trono, observando o ambiente com um olhar enigmático por trás da máscara de ferro.
Wanda se aproximou com um pacote em mãos, envolto em um tecido escuro. Ao chegar perto de Fockz, ela fez uma reverência respeitosa e entregou o pacote.
— Mestre Fockz, como solicitado — disse Wanda, a voz grave e formal. — Aqui está a pedra de sangue que você me pediu.
Fockz tomou o pacote com um gesto lento e deliberado, seus olhos brilhando de interesse. Desembainhou o tecido para revelar uma pedra vermelha brilhante, pulsando com uma energia sinistra. A pedra parecia quase viva, irradiando um tom rubro intenso.
— Excelente trabalho, Wanda — Fockz elogiou com um tom de satisfação. — Esta pedra será útil para o ritual que planejo mais tarde. A magia contida nela é vital para os nossos próximos passos.
Wanda acenou e se retirou, deixando Fockz sozinho com o objeto. Ele observou a pedra com uma expressão de concentração, os olhos brilhando com um brilho de antecipação.
Enquanto isso, no mesmo castelo, Greg Visley encontrava-se na ala privada dos Visley, onde seu pai, um homem de postura rígida e semblante severo, estava sentado em uma cadeira de madeira maciça, de frente para uma mesa de trabalho coberta com documentos e símbolos de poder.
Greg entrou na sala com um semblante determinado, seus olhos carregados de preocupação e urgência.
— Pai, precisamos conversar — começou Greg, a voz tensa. — Não podemos continuar apoiando Lucius. Ele está sendo manipulado por Fockz, e a situação está saindo do controle.
O pai de Greg levantou a cabeça lentamente, um olhar irritado e cansado nos olhos. Sem uma palavra, ele deu um tapa no rosto de Greg, o som ressoando pela sala. O impacto fez Greg cambalear um passo para trás, surpreso e ferido.
— Você não entende, Greg? — o pai gritou com uma voz cheia de raiva e desespero. — Se não apoiarmos Lucius e não seguirmos suas ordens, todos os Visley estarão em perigo. A ameaça é real, e não podemos arriscar a sobrevivência da nossa família por causa das suas dúvidas.
Greg tocou o rosto dolorido, a sensação de humilhação e frustração misturada com uma crescente determinação.
— Pai, não é só sobre nós — Greg insistiu, tentando manter a calma. — É sobre o que é certo. Lucius e Fockz estão mergulhando o reino em uma escuridão sem fim. Precisamos encontrar uma maneira de detê-los, não apenas seguir cegamente.
O pai de Greg suspirou pesadamente, a expressão endurecida, mas a preocupação estava evidente.
— Faça o que achar necessário, mas saiba que suas ações podem ter consequências graves para todos nós — ele advertiu, sua voz agora mais baixa, mas ainda carregada de tensão.
Greg saiu da sala, seu coração pesado e sua mente fervendo com pensamentos conflitantes. O peso das decisões que precisava tomar parecia esmagador, e o futuro da sua família estava em jogo.
O crepúsculo lançava um brilho avermelhado sobre o castelo de Sorano, mergulhando o ambiente em tons dramáticos e sombrios. Os corredores do castelo, ainda abafados pela tensão das últimas horas, eram agora silenciosos, exceto pelo som ocasional dos passos dos guardas patrulhando. O ar estava pesado, carregado de uma sensação de iminente mudança.
Lucius Perlasca, com seu traje de cavaleiro e a aura de autoridade que emanava dele, estava em um dos salões principais do castelo, decorado com tapeçarias que narravam as antigas conquistas dos reis passados. O salão, vasto e imponente, tinha altos tetos com vigas de madeira escura e grandes janelas com vista para os jardins sombrios do castelo.
Ele estava de pé diante de uma grande mesa de pedra, repleta de mapas e documentos, sua expressão carregada de impaciência e uma ponta de dúvida. As sombras das chamas das tochas que iluminavam o salão dançavam nas paredes, projetando formas inquietantes.
Lucius olhou para a entrada do salão com uma expressão de expectativa.
— Fockz — chamou Lucius, sua voz ressoando com uma mistura de frustração e expectativa. — Quando serei oficialmente nomeado rei? A paciência começa a se esgotar, e meu poder ainda não se concretizou como eu esperava.
Os passos de Fockz ecoaram no corredor, e ele entrou no salão envolto em seu manto verde profundo, a máscara de ferro cobria seu rosto, ocultando suas expressões. Seu manto fluía como uma sombra viva, e ele se movia com uma graça sinistra. Ao se aproximar de Lucius, seu olhar parecia penetrar as dúvidas do cavaleiro.
— Seu desejo de poder não passou despercebido, Lucius — respondeu Fockz, sua voz soando como um sussurro enigmático. — O momento certo para a revelação está próximo, mas há algo que você deve entender antes de ascender ao trono.
Lucius, com a mandíbula tensa, virou-se para encarar Fockz, uma expressão de desconfiança e curiosidade no rosto.
— O que você quer dizer com isso? — perguntou Lucius, a voz carregada de um tom impaciente.
Fockz, com sua voz fria e calculada, dirigiu-se a Lucius.
— Lembra-se de quando nos encontramos pela primeira vez nas ruínas do antigo castelo de Brisighella? Naquela noite, mostrei-lhe com minhas correntes mágicas os seus verdadeiros sentimentos e desejos. Desde então, você compreendeu que o poder e o trono de Lumirian sempre deveriam ter sido seus. E agora, chegou o momento de reivindicar o que lhe pertence por direito.
Antes que Lucius pudesse reagir, Fockz se aproximou rapidamente, sua mão envolta em um brilho sinistro enquanto segurava a pedra de sangue. Com um movimento decisivo, ele pressionou a pedra contra a testa de Lucius. A pedra pulsava com uma energia vermelha intensa, e o contato gerou uma onda de energia que fez Lucius estremecer.
A pedra parecia absorver a luz ao seu redor, e uma aura sombria começou a se formar ao redor de Lucius, seus olhos brilhando com um tom vermelho profundo. O cavaleiro ficou paralisado por um momento, sua expressão misturando dor e confusão enquanto a energia da pedra penetrava em sua mente.
Fockz se manteve firme, seu olhar fixo e calculista. A tensão no ambiente aumentava, e as sombras projetadas nas paredes pareciam se contorcer de maneira ameaçadora.
— O verdadeiro rei vai aparecer em breve — Fockz disse com um tom sombrio e triunfante, suas palavras ecoando pelo salão. — O poder que você busca está prestes a se revelar, mas lembre-se, Lucius, o preço do poder é mais alto do que você imagina.
Lucius tentou falar, mas as palavras foram abafadas pela energia crescente. A pedra continuava a emitir um brilho vermelho intenso, e a aura ao redor dele se intensificava. A cena era carregada de uma sensação de presságio, e a expressão de Fockz era de um homem que estava satisfeito com o resultado de seu plano sombrio.