Se passam aproximadamente 4 anos após a declaração do chefe da vila, Ragnar estava brincando com 3 crianças fora de sua casa, o dia estava claro mas não totalmente bonito, tinha nuvens estranhas no céu... e os pássaros que antes á esse horário estava cantando, hoje já estavam quietos apesar de ninguém estranhar, afinal, são só pássaros. A úmidez do ar poderia ser sentida no respirar, poderia ser dito que algo mal estaria para chegar apenas de relance. Elias que estava vendo as crianças brincarem, chama Ragnar.
Elias: - Ragnar, vem aqui sorrindo olhando para o horizonte.
Ragnar: - o que foi pai? Ele olha para o pai, percebendo que apesar de sorrir, o pai dele estava apreensivo. Pai, você não acha que ultimamente tem tido tempestades demais?
Elias olha para Ragnar, deixando o sorriso cair Sim... está sim... estranho, né?
Elias assente, confirmando com o pai, nos últimos meses teriam tido mais tempestades destrutivas nesta zona rural do que poderiam ter contado, a frequência tem sido cada vez maior.
O reino apenas diz para eles não se preocuparem com essas tempestades sem fim, mas na realidade... bem... ninguém sabe o que está acontecendo, essa progressão toda é absolutamente estranha, de fato.
Elias: - vai, se despede dos seus amigos, vou te colocar pra dentro.
Ragnar assente parecendo estar meio triste e olha para o pai e novemente para os seus amigos, ele apenas abana para os amigos que estava brincando anteriormente e começa a caminhar ao lado do seu pai em direção á casa deles.
Conforme eles andavam em direção á sua casa, as janelas de casas vizinhas eram fechadas, mostrando a preocupação do povo e já sentindo o prelúdio do que estava por vir desde que já haviam também visto as nuvens se formando no horizonte.
A vila tem andado dividida nesses últimos meses, as tempestades constantes tinham dificultado a fazenda local e tirado o dinheiro de vários fazendeiros, este era um dos principais motivos de todos estarem atônitos.
Apesar de que isso não era algo que alguém da idade de Ragnar estaria pensando, Elias e Ragnar começaram a ir para a casa, chegando lá de maneira rápida e brusca.
Elias; - Outra tempestade tá vindo
Mara: - Ela estava vindo conferir o que estava acontecendo - mas já? Outra? Nem faz muito tempo desde a última
Elias: - Olhe por si mesma se não acredita - Ele disse enquanto fechava as janelas, deixando a porta aberta, o dia se tornava noite conforme a tempestade chegava, o vento agitava as janelas e pássaros passavam ao longe indo em direção oposta, podia-se ouvir animais, desde vacas mugindo á cavalos que estavam desesperados, amarrados ao lado de fora de casas. Repentinamente um clarão cortava o céu, a agora "noite" se iluminava em um piscar de olhos e podia-se ouvir o estrondo vindo ao longe.
Ragnar ficava apreensivo em relação á isso, notando repentinamente que algo definitivamente estava errado em relação áquilo tudo e logo olhava para seus pais que já haviam trancado toda a casa.
Ragnar: - mãe... parece que está mais forte dessa vez... - Ele ia em direção aos seus pais, velas já estavam acesas para proporcionar alguma luz em sua casa.
Mara: - Fica tranquilo, tá? - Ela acariciava a cabeça dele - é só uma chuvinha, não é nada demais.
Elias estava ocupado, olhando através das frestas da janela, vendo o desenrolar da situação conforme mais clarões viriam aparecendo, cavalos começavam a se soltar freneticamente de suas amarras e iam correndo ao lado oposto e repentinamente mais um clarão aparecia, desta vez um mais forte que os outros e ele logo olhava para trás já com uma sensação esquisita brotando em subconsciente e olhava para cima em direção ao teto em seguida.
No reflexo de seus olhos já era percebido algo vermelho começando a se expandir, um cheiro de queimado podia se sentir subindo no ar junto com a fumaçava que se espalhava ao redor.
Mara instintivamente puxava Ragnar em direção á porta - Gritos eram ouvidos de ambos os pais alertando Ragnar na situação mas ele só ouvia um zumbido no fundo de seu ouvido aumentando, ele estava completamente apagado e atônito, sentindo algo encher em seu estômago, uma sensação ruim.
Mara: - MAS QUE DROGA, VAMOS LOGO RAGNAR! - ela implorava aos berros apesar dele não dar qualquer respondida, estava mais para um peso morto no estado em que estava, era praticamente arrastado.
Elias demorou algum tempo para raciocinar a situação em que estavam, ele começa a correr em direção ao seu filho e esposa, um medo começando a correr em sua consciência.
Elias: - RAGN- - O som saiu cortado, um estrondo podia ser ouvido vindo do teto, o fogo naquele instante ja havia se espalhado e corroído a maioria do teto, um pedaço grande de madeira acaba caindo em cima de Elias, a madeira pegando fogo e o deixando inconsciente com o impacto.
Mara se via em uma situação terrível ao ver a cena, sua mente sem conseguir raciocinar, perdida absorta em pensamentos e não tinha chance nem de sequer pensar e apenas agiu por puro instinto, soltou seu filho e correu em direção ao seu marido agora no chão, começando a tentar tirar a madeira - apesar de ela estar pegando fogo - de cima dele.
Mara : - ELIAS, ELIAS! - Ela repetia desesperadamente, sua mão já estava queimada, naquele período de tempo já criando bolhas nela e uma vermelhidão correndo por seus braços, sua roupa naquele momento já querendo começar a pegar fogo.
A um relance de olhos de um Ragnar desperto, ele veria a situação, seu pai caído no chão já com o rosto desfigurado e uma madeira que praticamente partiu seu corpo em dois, a mãe dele aos prantos procurando uma maneira de tentar ajudar seu marido. Ele apenas pensou em uma coisa ao ver a situação de seu pai - Ele já estava morto naquele momento independentemente do que acontecesse ali, ele tentou puxar sua mãe que estava chorando, sua roupa estava toda queimada já na posição dos braços, ela apenas ficou lá em extase, parada, olhando para seu marido já morto.
Mara ficou ali, imóvel enquanto seu filho tentava a puxar, o pânico pronto nos olhos do jovem garoto que deveria ter toda uma vida saudável pela frente - uma vida feliz - mas que em poucos anos de sua vida tudo estava mudando para pior, em um desenrolar já não tinha mais nada pois sua mãe apenas caiu desmaiada no chão.
O choque percorreu o corpo de sua Mara, um choque intenso, uma mistura de emoções conflitantes, todo o desenrolar aconteceu tão rápido... a algum tempo atrás ela estava na cozinha... agora? Bem... agora estava sem seu marido... e a pouco tempo atrás também sem seu filho, ela não tinha sequer notado que ele estava tentando a arrastar - Ragnar no calor do momento começou a gritar com todas as suas forças e de maneira repentina e poderosa, uma torrente de água saiu para todos os lugares, Ragnar olhou pelos lados procurando a causa mas ele podia sentir - a fonte era o próprio garoto, a água acabou por exterminar todo e qualquer fogo que estava ali agora.
Ragnar olha para os lados e para sua mãe desmaiada, mãos desfiguradas e totalmente queimada e seu - agora morto - pai, um sangue escorreu de seu nariz, por um momento ele desejou que tudo fosse apenas um sonho ou algo de sua imaginação.
Ragnar caiu no chão em seu último pingo de consciência e agarrou lentamente a mão de sua mãe, sentindo a pele saindo com facilidade da carne de seu braço. - mãe.... pai.... - saia mais uma última leve lágrima de seu olho enquanto a chuva penetrava a casa agora sem telhado, seu último resquício de consciência se apaga, e termina com ele desmaiando ao lado de seus pais.