Onde estou?

Ragnar aos poucos acorda, com flashs em sua menta sobre aquela tempestade e o estado de seus pais no chão, lampejos de consciência pairavam em seu estado, ouvindo pessoas conversando ao seu lado e quando abria os olhos não notava ninguém e nenhuma decoração, ele perdia a consciência novamente.

Ragnar se levanta assustado, ficando sentado em uma cama com roupas limpas, um "pijama" azul, ele olha pelos lados e notava que estava em um quarto espaçoso, a paisagem era linda na janela ao horizonte, combinando com o dourado que cobria todo o quarto, seu tapete vermelho chique e sua cama completamente branca, parecia um lugar realmente de um mundo diferente da onde ele havia vindo.

Ragnar: - "onde eu..." - Ele parava de falar, até que veio em sua memória a situação que estava novamente, lembrando do estado de seu pai e virava repentinamente para o lado da cama, vomitando no chão.

A cena de seu pai morto daquela maneira, e sua mãe inconsciente toda queimada provavelmente era demais para ele compreender naquele momento, sendo seu único reflexo apenas chorar junto ao seu vômito.

Alguém entra em seu quarto - ah... já acordou? - Ele olhava rapidamente de forma instintiva para trás, olhando reto para a pessoa e veria uma moça, não deveria ter mais de 25 anos, ela possuia uma pele morena e cabelos ondulosos loiros que desciam até sua cintura, ela estava usando uma roupa básica, tênis pretos com detalhes em branco que pareciam super confortáveis, calças de tonalidade vermelha que pareciam ficar folgadas na parte de suas pernas, e uma camiseta de manga curta branca que acentuavam em seus seios, junto com suas belas curvas em todo o corpo. Ela olha para o chão, vendo o vômito de ragnar e seu estado, mas não demonstrava nenhuma reação visto ao estado em que ele teria sido encontrado, afinal ela já sabia que ele era alguém que teria completado 7 anos há pouquíssimo tempo e poderia ter sido visto uma leve tristeza no nuance de seus lindos olhos amarelos que logo teria sido apagado efetivamente.

Ragnar: - "quem é você...? Onde eu estou? Cadê meus pa-... minha mãe?"- fazia diversas perguntas ás quais não sabia a resposta, enquanto ia mais para o canto da cama ao lado oposto da porta aonde ela estava.

Moça: - "se acalma, vou explicar tudo." - ela ia direção á Ragnar, que ainda de forma instintiva estava parecendo se afastar dela, até caindo da cama, afinal ele não ia confiar em alguém que nem conhecia nem nada, suas pernas estavam fracas então não conseguiria nem sequer se manter em pé.

Algo amorteceria a queda dele, um leve vento vindo de suas costas fazendo-o flutuar novamente até a cama.

Moça: - "já falei para se acalmar... francamente... não queremos fazer você arranjar mais problemas, né?" - dizia com um olhar sério e penetrante para ele.

Ragnar: - "p-problemas?" - ele olhava para ela, percebendo que estava totalmente indefeso, afinal, ao que tudo apontava - ela era uma maga e olhando pela janela, definitivamente não estava mais na vila -

Moça: - "sim, acho que você não deve saber, mas foi muito dificil consertar seu corpo depois de toda aquela descarga de mana." - Ela disse com uma voz firme, chegando ao lado da cama que ele está deitado. Ragnar olha para ela, com mais perguntas ainda.

Ragnar: - "m-mana...? Magia...? Você quer dizer?" - Ele estava visivelmente em choque e apreensivo, ao menos isso já deixava clara na mente dele mesmo em sua idade, o porquê dele estar em um lugar tão chique assim e o visual na janela que parecia cena de fantasia - ele estava definitivamente em um reino grande, uma cidade grande... algo que ele nunca tinha visto antes.

Moça: - "Sim mana, á propósito, eu sou Elara, você está em Caerleon - uma cidade ao norte da sua vila." Ela responde com uma leve indignação que a criança nem haveria perguntado seu nome, mas relevava devido ao choque dele.

Elara se senta na borda da cama, e olha fixamente nos olhos de Ragnar, começando a falar por o que pareciam horas para Ragnar enquanto ele apenas concordava.

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Após algum tempo de falas, ele se encontra no banheiro, olhando profundamente ao espelho para o seu próprio reflexo, uma marca de queimadura poderia ser vista no topo de sua testa na parte direita.

Ragnar: - "então... é isso..." - ele dizia de certa forma transparecendo alguma calma apesar de estar atônito por dentro, ele havia falado com Elara por algum tempo e descobrido tudo - ele estava em um reino de médio porte ao norte de sua vila natal que havia sido consumida pelo fogo, diversas mortes foram registradas antes da interferência de magos especializados em água e ele foi encontrado no chão, seus dois pais estavam mortos e ele era o único vivo com o incêndio já apagado. Magos não haviam chegado, mas viram á longa distância aquela casa em específico apagando seu incêndio por conta própria enquanto uma quantidade forte de mana poderia ser sentida saindo de lá.

Assim que eles haviam chegado eles teriam levado todos os vivos para um lugar seguro e controlaram o incêndio, e transportaram logo o "mago recém desperto" para o reino.

Elara também falou que tudo se culminou de forma rápida, mais rápida que outras vezes, de maneira muito mais desastrosa e infelizmente nessa fatalidade, os trovões atingiram casas e pessoas, essa seria a origem do fogo ao que tudo indicava.

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Ele se viu desperto denovo, percebendo que havia ficado absorto em pensamentos denovo e fechou as suas mãos, pensando em dar um soco no espelho mas parando antes da hora, claramente ele estava se culpando por algo que não podia controlar - (droga... se eu tivesse despertado antes... eu podia... eu poderia...) pensava ele enquanto uma leve lágrima escorria pelo canto de seu olho, mas ele logo limpava sua lágrima e se virava, saindo do banheiro á passos lentos, abrindo a porta uma quantidade boa de vapor saia do banheiro enquanto ele saia já arrumado, ele estava com roupas casuais e simples que Elara havia dado á ele, um tênis vermelho com cadarço preto, uma calça levemente larga na tonalidade vermelha, e uma camiseta branca.

Ragnar: - "droga... e ela ainda quis me colocar no estilo dela..." ele ouvia ao lado dele um estalar de lingua.

Elara: - "está reclamando do quê? Você ficou bonitinho. E... caramba, olha como fala comigo garoto." Ela dá um leve tapa na cabeça dele como uma forma de se ligar e ele cambaleava um pouco para frente e em seguida olha para ela com uma cara envergonhado.

Ragnar: - "desculpa-"

Elara: - "ah... tô vendo que esse vai dar trabalho..." Ela se movia para fora caminhando pelo mesmo quarto que Ragnar havia acordado, abrindo a porta e olhando para trás "você não vem? Ficar parado não vai fazer ninguém voltar".

Ragnar dá um passo em direção á Elara, começando a caminhar de maneira lenta, se lembrando da conversa que teve com ela, ele passou por um processo de aceitação forçado, pois como ela disse, ele não teria mais tempo para ficar pensando nisso nesse novo estilo de vida

Ragnar: - "escola, hein..." Ele refletia enquanto saia do quarto junto dela, falando baixinho, ele olha para os lados após atravessar a porta, notando um corredor bem iluminado e limpo, realmente espaçoso e cheio de quadros e pinturas, e uma estante de livros no final, o corredor - descoberto recentemente na conversa que deveria ser uma "escola" á principio - estava bem silencioso, sem nenhuma conversa além dos passos de Elara e Ragnar por ele, cada vez mais detalhes podia ser visto.

Elara: - "você se lembra, né? Escola e tudo mais, agora você vai ter alguma educação de verdade."

Ragnar não responde nada, apreensivo no que isso poderia significar e qual seria o futuro no meio da caminhada, ele se lembra que seus... pais, sempre antigamente falavam o quanto essas crianças nos "grandes reinos" eram mimadas e realmente egocêntricas, utilizando e falando de seus pais para tudo no pouco contato que tiveram em algumas de suas raras visitas em sua antiga vila.

Ele se via sem acompanhar mais Elara que estava andando em frente sem perceber que ele havia ficado para trás, Ragnar olha através da janela, e realmente se espanta com sua visão, em contraste do seu último dia, estava muito tranquilo, uma vista maravilhosa de um arroio... pássaros cantando, um longo campo antes de haver grades e mais casas em seguida... (deve ser o tal "campus" daqui...) ele pensava finalmente enxergando como deveria ser, prédios de médio porte poderiam ser vistos mais de longe, e um reino animado estava desenrolando, ele podia ver crianças brincando na rua, e até mesmo... o que ele não esperava, na realidade, o que não era normal... o que ele nunca havia visto em grande escala, uma série de crianças aproximadamente da idade dele, utilizando magia em seu dia a dia.

Ragnar olha para aquilo extasiado e termina apenas dando uma respirada profunda com seu trauma recém vivido na memória (acho que eles não iriam querer que eu ficasse parado agora...).

Ele dá um passo para em direção ao corredor, sumindo de vista da janela e voltando a caminhar e acompanhar lentamente Elara.