CAP 02

Haruto e Aiko continuaram a conversar, a música e a atmosfera da boate envolvendo-os em uma bolha de descontração. Mas, de repente, a paz da noite foi interrompida por um grupo de rapazes que entrou no bar. Eles eram barulhentos, com sorrisos arrogantes e olhares desafiadores, claramente à procura de diversão.

"Olhem só quem está aqui! A rainha da beleza!" um dos rapazes gritou, apontando para Aiko. Ele era um jovem alto, com cabelo desgrenhado e um sorriso confiante. "Venha aqui, gata! Estamos precisando de uma companhia bonita para animar a noite!"

Aiko olhou para Haruto, um misto de desconforto e diversão em seu rosto. "Parece que eles estão interessados," ela disse, tentando manter a leveza na situação.

Haruto, no entanto, sentiu um frio na espinha. Ele conhecia muito bem aquele tipo de situação. Embora o dia se reiniciasse, ele não podia ignorar o que estava prestes a acontecer. Ele não se importava com o que os outros pensavam, mas não suportava ver alguém, especialmente Aiko, sendo desrespeitada.

"Ah, vem cá, não tenha medo de se divertir!" O jovem se aproximou, puxando a cadeira ao lado de Aiko e se sentando de forma invasiva. "Qual é o seu nome, linda?"

"Aiko," ela respondeu, claramente incomodada.

"Bonito nome. Eu sou Taro," ele disse, piscando para ela. "E eu não sou o único que acha que você é uma beleza rara. O que você está fazendo aqui com esse cara? Ele não é nada comparado a mim."

Haruto se levantou, os músculos tensos. Ele sabia que o dia reiniciaria, mas isso não significava que ele deixaria Aiko se sentir desconfortável ou ameaçada. "Aiko está aqui comigo. Por favor, respeite isso," ele disse, a voz baixa, mas firme.

Taro riu, olhando para Haruto com desprezo. "E quem você pensa que é? O protetor dela? Você não parece capaz de proteger nem a si mesmo, cara."

Haruto sentiu a raiva crescendo dentro dele. Ele havia visto muitas coisas ao longo dos seus cem mil anos, e o desrespeito era algo que sempre o incomodou. Ele se aproximou de Taro, seu olhar intenso. "Saia daqui. Não quero ter que repetir isso."

Taro se levantou, desafiador. "O que você vai fazer? Me bater? Você é só um lunático que vive em um dia repetido. Ninguém tem medo de você!"

Nesse instante, Haruto percebeu que as palavras de Taro eram apenas bravatas, mas ele não poderia permitir que isso continuasse. Com um movimento rápido, ele agarrou o punho de Taro e, com uma pressão calculada, virou o braço do rapaz, fazendo-o se contorcer de dor.

"Eu não sou um lunático. Sou alguém que tem visto o que a vida pode oferecer e o quanto você é insignificante," Haruto disse com uma voz fria. "Agora, vai embora antes que eu realmente perca a paciência."

Os amigos de Taro ficaram em silêncio, surpresos com a rapidez com que Haruto lidou com a situação. Taro olhou para seus amigos e, percebendo que estava em desvantagem, puxou o braço de volta e se afastou, claramente envergonhado.

"Vamos, pessoal. Esse cara é um maluco," Taro disse, já afastando-se. Os outros rapazes o seguiram, lançando olhares de desprezo para Haruto e Aiko.

Aiko, ainda um pouco tremendo, olhou para Haruto. "Uau, você realmente não teve medo de enfrentá-los."

"Eu só não gosto de ver pessoas sendo desrespeitadas," Haruto respondeu, sua expressão relaxando. "Você está bem?"

"Sim, estou. Obrigada," Aiko disse, um sorriso tímido começando a se formar em seu rosto. "Mas você não precisava ter feito isso. Eu posso me cuidar."

"Eu sei, mas eu não me importo. Você merece ser tratada com respeito," Haruto disse, olhando nos olhos dela.

A atmosfera entre eles mudou. O que havia começado como uma conversa casual agora estava impregnado de uma nova conexão. Era como se, naquele momento, eles realmente se vissem um ao outro.

"Vamos sair daqui?" Aiko sugeriu, ainda um pouco nervosa, mas animada com a ideia de escapar da tensão que o grupo de rapazes trouxe. "Quero fazer algo diferente esta noite."

"Claro," Haruto concordou, sentindo a adrenalina ainda correr em suas veias. "Acho que temos tempo para explorar a cidade."

Eles saíram da boate e caminhavam pelas ruas iluminadas de Tóquio. As luzes da cidade brilhavam como estrelas, e a energia ao redor era contagiante. O ar estava fresco, e a combinação do cheiro de comida de rua e o murmúrio das pessoas criava uma atmosfera vibrante.

"Você sempre se mete em encrenca assim?" Haruto brincou, olhando para Aiko.

"Só quando eu estou com pessoas estranhas, aparentemente," Aiko respondeu, rindo. "Mas isso também me faz sentir viva."

Haruto sorriu, admirando a coragem dela. "Então, vamos aproveitar a vida. O que você gostaria de fazer?"

Aiko pensou por um momento e, com um brilho nos olhos, disse: "Que tal um karaokê? Sempre quis cantar em um lugar de verdade!"

"Ótima ideia," Haruto respondeu, animado. "Vamos!"

Eles encontraram um karaokê próximo e logo estavam dentro de uma sala privada, cercados por um brilho de luzes coloridas e uma tela com letras de músicas. Aiko pegou o microfone, um sorriso radiante no rosto.

"Prepare-se para ser impressionado!" ela disse, antes de começar a cantar uma de suas músicas favoritas.

Haruto ficou encantado com a confiança de Aiko. Ela cantava com paixão, e ele não conseguia desviar o olhar. A energia entre eles estava crescendo, e, naquele momento, tudo parecia perfeito.

Após várias músicas e risadas, Haruto decidiu que era hora de dar um passo adiante. Ele tomou coragem e se aproximou de Aiko. "Você se divertiu?"

"Demais! Eu nunca me senti tão livre," Aiko respondeu, ofegante de tanto rir. "Obrigada por me trazer aqui."

"Na verdade, eu sou quem deve agradecer. Você me lembrou de como é bom viver no momento," Haruto disse, seu olhar se aprofundando nos olhos dela.

A atmosfera tornou-se mais intensa, e Haruto decidiu que era hora de agir. Ele se inclinou e, com um gesto suave, tocou o rosto de Aiko. "Posso te beijar?"

Aiko hesitou por um breve momento, mas logo assentiu, seu coração acelerando. Haruto se aproximou ainda mais e selou seus lábios nos dela. O beijo era suave, mas cheio de emoção, como se eles estivessem compartilhando um momento que transcendeu o tempo.

Depois do beijo, eles se afastaram um do outro, ambos surpresos com a intensidade do que acabaram de experimentar.

"Uau," Aiko sussurrou, um sorriso de satisfação estampado em seu rosto. "Isso foi… incrível."

"Foi," Haruto concordou, sentindo uma onda de felicidade. Mas, enquanto observava Aiko, uma sensação estranha começou a crescer dentro dele. Ele sabia que, apesar da intensidade do momento, tudo voltaria ao normal em breve. O dia reiniciaria e tudo que haviam compartilhado seria esquecido.

Eles decidiram sair do karaokê e dar uma volta pela cidade. Enquanto caminhavam, Haruto começou a sentir a pressão do tempo. Ele sabia que, em algum momento, tudo se apagaria e ele se veria forçado a repetir tudo de novo.

"Ei, Aiko," Haruto disse, parando em um lugar mais tranquilo. "Posso te contar um segredo?"

"Claro! O que é?" Aiko perguntou, curiosa.

"Eu não sou quem você pensa que sou. Eu não sou apenas um cara comum. Eu… eu tenho habilidades especiais. Eu posso controlar o tempo," Haruto revelou, sua voz baixa.

Aiko franziu a testa. "Controlar o tempo? Você está falando sério?"

"Sim. Eu sei que parece loucura, mas é verdade. Eu já passei cem mil anos vivendo o mesmo dia, e agora estou em um ponto onde posso fazer coisas que você não pode imaginar," Haruto explicou, tentando transmitir a seriedade de suas palavras.

"Ok, então se você pode controlar o tempo, por que não está fazendo isso agora?" Aiko perguntou, intrigada.

"Porque eu não quero. Eu quero viver este momento com você. Eu não quero que isso acabe. Mas também sei que, no final do dia, tudo se reiniciará," Haruto disse, com um olhar triste.

Aiko olhou para ele, percebendo a profundidade de seus sentimentos. "Então você está dizendo que, se eu não fizer nada, tudo isso se perderá?"

"Sim," Haruto respondeu, seu coração apertando. "Mas eu não quero que você se sinta pressionada. Eu só quero que você saiba que, mesmo que tudo se apague, você me marcou de uma maneira que eu não consigo explicar."

Em um impulso, Aiko se aproximou e o abraçou. "Eu não quero que isso acabe também. Vamos aproveitar o tempo que temos."

Haruto sorriu, sentindo uma onda de gratidão. Eles continuaram a andar pela cidade, as luzes brilhantes refletindo em seus rostos enquanto compartilhavam histórias e risadas, criando novas memórias que, apesar de efêmeras, permaneceriam gravadas em seus corações.

Finalmente, após horas explorando e se divertindo, eles decidiram voltar para o apartamento de Aiko. Era uma oportunidade para relaxar e curtir a companhia um do outro. Assim que chegaram, Aiko ofereceu um pouco de chá e eles se sentaram no sofá.

"Você sabe, eu nunca pensei que um encontro assim poderia ser tão especial," Aiko comentou, olhando para Haruto.

"Eu também não. Você me mostrou uma nova perspectiva sobre viver e aproveitar a vida," Haruto respondeu, seu olhar intenso sobre ela.

Aiko sorriu, e, naquele momento, algo parecia mudar. A conexão entre eles era palpável, e Haruto decidiu que, independentemente do que acontecesse a seguir, ele queria estar perto dela.

"Vamos dormir juntos?" Aiko sugeriu, um pouco tímida, mas com um brilho de esperança em seus olhos.

"Sim, claro," Haruto disse, seu coração acelerando. Eles se acomodaram no sofá, Aiko aninhada em seus braços, e logo foram envolvidos por um sono profundo.

Mas enquanto dormiam, algo extraordinário aconteceu. Haruto começou a sentir uma energia pulsante ao seu redor, como se uma força invisível estivesse se manifestando. Ele abriu os olhos, encontrando-se em um espaço vazio, onde o tempo parecia parar.

"Bem-vindo, Haruto," uma voz ecoou ao seu redor. Era uma presença majestosa, como se estivesse diante de um ser superior. "Você completou o teste do tempo e despertou seu verdadeiro potencial."

"O que… o que está acontecendo?" Haruto perguntou, confuso.

"Você agora controla o tempo. Você tem acesso a todas as habilidades que deseja e sabe tudo sobre cada pessoa do mundo. A partir de agora, você não será mais prisioneiro do ciclo. Você é livre," a voz respondeu.

Haruto sentiu um poder imenso fluindo por suas veias, como se tivesse se tornado parte do próprio tecido da realidade. Ele podia ver vislumbres do passado, do presente e do futuro, cada detalhe se revelando diante de seus olhos.

"Eu… eu sou livre?" ele murmurou, a realização começando a se instalar em sua mente.

"Sim. Use esse poder com sabedoria. Sua jornada está apenas começando," a voz concluiu, e, em um piscar de olhos, Haruto foi puxado de volta à realidade.

Ele acordou no sofá, Aiko ainda aninhada em seus braços. Um sorriso se formou em seus lábios enquanto ele a observava dormir. Agora, ele tinha uma nova perspectiva. Ele não era mais um simples observador em um ciclo interminável. Ele tinha o poder de moldar seu próprio destino.

Com um novo sentido de determinação, Haruto se levantou com cuidado, sem querer acordar Aiko. Ele estava ansioso para explorar o que esse novo poder significava e como poderia usá-lo para proteger aqueles que amava.

Enquanto olhava pela janela, contemplando a cidade que nunca dorme, Haruto sabia que sua vida estava prestes a mudar para sempre. Ele estava pronto para enfrentar qualquer desafio e aproveitar cada momento, não apenas para ele, mas também para Aiko. O dia que nunca acabava agora se transformava em uma nova era de possibilidades, e ele estava decidido a fazer valer a pena.