*Olivia*
Eu me deixei afundar lentamente numa cadeira na cozinha, passando a mão sobre meu barrigão com um sorriso carinhoso. Do outro lado do cômodo, Gio, com as linhas do rosto mais profundas do que quando o conheci, balançava nosso filho mais velho no ar enquanto ele gargalhava puro deleite.
Pequeno Enzo completaria três anos no fim do mês, mas ainda amava o jogo que ele chamava de "avâo" em vez de avião. Gio olhou para cima de repente e me pegou observando. Eu acenei timidamente, dando uns tapinhas na barriga, onde nossos gêmeos ainda cresciam. Ele apenas sorriu e elevou Enzo para mais uma rodada.
Um batida forte e pesada soou na porta da nossa cozinha, cortando o som das risadas de Enzo, e eu virei para atender. Tentei dar um passo à frente, mas meus pés de repente se sentiram como se estivessem presos em areia movediça. Quanto mais rápido tentava me mover, mais longe a porta parecia, e mais alta a batida ficava.
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