Alfa

STELLA mexia ansiosamente a barra de sua camisa de pijama.

As sobrancelhas de Valeric se ergueram, e por um momento, todas as barreiras se desfizeram de seu rosto. Aqueles olhos que escureceram tão cruelmente há apenas um segundo se arregalaram um pouco, mas nenhum som escapou de sua boca. Era como se ele fosse incapaz de fazer qualquer barulho, um homem como ele.

Ela desviou os olhos e mordeu forte o lábio inferior. "Eu sei que é o que casais casados fazem, e você provavelmente quer. Mas... eu não quero fazer isso."

Valeric piscou, e naquele breve segundo em que suas pálpebras negras cobriam seu olhar, seus olhos endureceram da surpresa para algo semelhante a diversão.

"Entendo," ele murmurou para si mesmo e deu passos em direção a ela.

Stella estremeceu como se estivesse assustada, mas a expressão em seu rosto dizia o contrário, como se ela estivesse tentando agir com firmeza.

"O que você está fazendo?" Suas palavras mal conseguiam sair de sua garganta.

Bam! Duas mãos bateram chapadas contra a parede de ambos os lados de sua cabeça, prendendo-a entre seu grande corpo e a parede. Ela se forçou a encontrar seu olhar com um coração batendo rapidamente.

"Senhor Jones?"

Um dedo afastou uma mecha suave de cabelo de seu rosto, e Valeric pressionou o polegar na carne sob seu olho esquerdo, apertando gentilmente por um segundo antes de segurar sua bochecha com a mão.

Stella sentiu sua pele queimar sob sua palma, e tudo o que podia fazer era engolir constantemente, seus olhos nervosamente acompanhando seu movimento. Era como se suas cordas vocais estivessem quebradas, e ela não conseguia pronunciar uma palavra. Ela queria dizer a ele para soltá-la e tirar a mão dela, mas não fez.

Em vez disso, ela acompanhava cada movimento que ele fazia, passando um dedo pelo cabelo, acariciando a carne sob seu olho e descendo até sua bochecha para permanecer ali. O que ela estava tentando descobrir? O que exatamente ele estava fazendo, ou a razão por trás de sua ação lenta e deliberada?

Valeric suavemente levantou seu queixo com a ponta de seu dedo indicador. "Ninguém nunca tocou em você, nem mesmo aquele que lhe deu aquele anel?" Era um sussurro, um que espirrou em seu ouvido, queimando mais quente do que ela pensava.

Abrindo a boca, ela procurava por palavras e não encontrava nenhuma. Ela mexia desconfortavelmente em sua roupa, e o ritmo de sua respiração aumentava a cada segundo que passava.

O homem exalou profundamente e finalmente se afastou dela. "Não se preocupe, eu nunca tive a intenção de tocá-la. E mesmo que tivesse, não seria sem o seu consentimento. Não sou assim."

Ele deixou o quarto, fechando a porta. Ela não o viu mesmo após uma hora, e ele nunca retornou ao quarto durante aquela noite.

———

Uma atmosfera perturbadora, o ar estava pesado com um sentido de energia negativa, que não podia ser vislumbrada, mas estava lá. No centro da sala pendia uma grossa cortina preta, dividindo o espaço em duas metades distintas.

De um lado, obscurecido pela cortina, estava um homem. Sua silhueta escura só podia ser vista devido à luz fraca do lustre acima do teto queimando o quarto pintado de cinza. E do outro lado, uma mulher sentada, sua expressão uma mistura de apreensão e frustração.

Ela se mexeu ligeiramente e levantou a cabeça para olhar o tecido escuro. O frio emanando do espaço além da cortina enviava arrepios pela espinha dela, fazendo-a baixar a cabeça.

"Ouvi dizer que você visitou meu filho." A voz era áspera, carregando uma corrente subjacente de ameaça.

Náusea súbita amaldiçoou a garganta da mulher e seus dedos apertaram a borda de seu terno. Ela estava com medo. Embora não pudesse ver o rosto do homem, ainda estava abalada pelo mero tom de sua voz.

O rei, o alfa, e o governante de toda a raça da Noite Azul no mundo dos lobisomens. O único homem que tinha conseguido produzir algo raro... seu filho, Valeric Jones, o primeiro príncipe da família real Jones.

Por vinte anos, ninguém, exceto a família real, sabia a razão pela qual ele odiava Valeric ou por que o havia expulsado. Era uma informação confidencial, que deixava os membros da raça da Noite Azul questionando o que estava acontecendo na família real.

Mas ninguém ousava expressar seus pensamentos.

Embora Valeric tivesse sido expulso da família real, ele ainda era um alfa supremo, o mais forte e mais alto no sistema de classificação que tinham. Um homem cuja classificação como alfa supremo está até mesmo acima de seu próprio pai. Era a razão pela qual, apesar de seu pai ser o rei e o alfa de todos, Valeric ainda tinha tanta influência, senão mais.

No entanto, devido aos rumores que o cercavam e ao julgamento das esposas Omegan que tomou anos atrás, nenhuma família estava disposta a dar suas filhas a ele. Claro, sua raça reconhecia o poder, mas era isso. Ele tinha seu respeito nesse aspecto e nada mais do que isso. Eles nunca entregariam suas filhas a um homem que provavelmente as mataria eventualmente.

Especialmente as ômegas puras especiais.

"Devo fazer você falar, Selena?" Essa voz estava desprovida de calor ou qualquer senso de emoção.

Selena engoliu ansiosamente e rapidamente se levantou da cadeira. Ela caiu de joelhos no chão e balançou a cabeça em pedido de desculpas. "Eu me encontrei com ele, Alfa."

"E o que você descobriu? Ouvi dizer que ele está fazendo movimentos indesejados, e quero saber o que é. Meu filho é muito rebelde, e você sabe disso."

Suas mãos se aquietaram e caíram ao lado.

"Não tenho muita certeza do que é, mas Nix parece saber. Eles não me disseram nada, mas eu sei que algo definitivamente está acontecendo. Comparado à última vez que o vi, ele está ainda mais decidido a não se casar comigo agora."

"Oh? Ele ainda está decidido a ir contra mim."

Ela não respondeu.

"Vejo que tenho que fazer Nix me pagar uma visita. Enquanto isso, descubra o que Valeric está escondendo e relate-me em três semanas. Se você retornar aqui sem nenhuma informação válida para me dar... Tenho certeza que você sabe o que está esperando por você."

Selena respirou nervosamente, quase como se estivesse sem fôlego. Ela estava com medo, mas não podia dizer não e balançou a cabeça. "S-sim, alfa."

"Saia."

Ela se levantou e saiu apressadamente da sala, seus ombros respirando pesadamente. Uma vez que Valeric se casasse com ela, tudo ficaria bem para ela. Ela não teria que viver na mansão real com a família real, e não teria que se preocupar com sua cabeça sendo arrancada algum dia também.

"Tem que ser eu, Valeric," ela murmurou sob sua respiração, cerrando as mãos em punhos. "Você tem que me escolher, queira ou não."