Ponto de Vista da Luna
Meu estômago revirava desconfortavelmente enquanto eu observava Dominick subir as escadas com a dama. Ela era mais alta do que eu, provavelmente com 1,73m, com curvas definidas, maçãs do rosto altas e um rosto redondo. Ela era realmente muito bonita; eu não podia competir com isso. Senti uma agonia interna com aquele pensamento intrusivo. Por que eu me comparei a ela?
"Não deixe isso te incomodar tanto." Virei para ver quem tinha falado e encontrei o amigo de Dominick, Alen, parado ali. Ele sabia sobre minha verdadeira identidade. "Você está bem, senhora Phoenix?"
"Eu... Eu..." Meus lábios se mexiam, mas as palavras não saíam. Eu estava atônita com o homem à minha frente. Alto, musculoso, com cabelos negros e olhos verdes – inegavelmente bonito.
"Você está bem?" Alen perguntou novamente, sua testa franzindo em preocupação. "Você parece desligada. É por causa da Selene?"
Pisquei, desviando o olhar para todos os lugares, menos o rosto dele. Ele estava sugerindo que eu estava com ciúmes? Franzi a testa.
"Está tudo bem, eu estava só brincando," ele riu, balançando a cabeça.
"Eu não estou... com ciúmes," tentei me defender, lançando um olhar feroz para ele, o que só o fez rir ainda mais.
"Era... ela a dama que esteve aqui há algumas semanas?"
"Selene? Bem, sim, ela é, uh..."
"A namorada dele," interrompi, irritada. "Eu pensei que ele era suposto amar a Sol."
Alen suspirou, lançando-me um olhar compreensivo. "É meio complicado."
"Eu só sinto pena da minha irmã, é só," murmurei baixo, ousando encontrar seu olhar.
"Acredite, ela não se importa nem um pouco."
Levantei uma sobrancelha. "Sério? Eu..."
"Não esqueça por que você está aqui. Não desenvolva sentimentos..."
"Eu não estou interessada em Dominick."
"Poderia me enganar."
"Alen, não me diga que você ainda está incomodando a senhorita Sol até agora," alguém disse.
Alen e eu nos viramos para ver uma mulher de meia-idade nos sessenta anos entrando com uma jovem ao lado, carregando pequenas caixas. Parecia que elas tinham retornado de uma viagem.
"Maria, você voltou?" Alen sorriu, caminhando em direção a elas. "Senti tanto a sua falta." Ele abraçou a mulher enquanto eu observava.
Minha atenção se desviou quando a mulher mais jovem se aproximou de mim e me abraçou pelos ombros.
"Senhorita Sol, senti tanto a sua falta," ela murmurou dramaticamente, fingindo chorar. "Sinto muito por termos perdido o seu casamento."
"Eu... tudo bem," consegui dizer, insegura sobre como responder.
Ela soltou o abraço, seus olhos azuis como o oceano me examinando curiosamente. "Você está bem, senhorita Sol?"
"É senhora Phoenix agora," Alen corrigiu, acenando para a jovem, que sorriu. "Ah, desculpe por isso. Vou me acostumar, prometo."
A mulher mais velha me abraçou brevemente. "Parabéns, senhora Phoenix. Sentimos muito por não estarmos lá para o encontro."
"Sol entendeu que vocês duas tinham que visitar sua mãe doente, Maria," Alen explicou, e eu me senti grata por sua intervenção.
"Está tudo bem," assegurei a elas. "Eu entendo completamente."
"Você soa diferente, distante," a jovem observou, mas Maria a cutucou levemente. "Ah, mãe, isso dói."
"Então pare de falar bobagens, Nina," Maria repreendeu gentilmente.
Alen se aproximou de mim. "Na verdade, ela está assustada; algo terrível aconteceu na festa hoje." Os olhos de ambas se arregalaram de preocupação. "Fomos atacados pela Máfia Black Mamba."
"Meu Deus!" Nina exclamou, agarrando minha mão na dela. "Você está bem, senhorita Sol? Está machucada em algum lugar?"
"Estou bem... estou bem," murmurei desajeitada, acenando. "Apenas um pouco assustada, como Alen disse."
"Graças a Deus," Maria suspirou aliviada. "E o patrão?"
"No quarto dele. Vocês duas acabaram de chegar, então provavelmente deveriam descansar," Alen sugeriu, mudando de assunto.
"Tudo bem, então amanhã começaremos a trabalhar," Maria decidiu, e então começou a se retirar.
"Até mais, senhorita Sol... quero dizer, senhora Phoenix," Nina riu e seguiu sua mãe para fora.
"Quem são elas?" perguntei a Alen uma vez que elas estavam fora de alcance.
"A empregada de Dominick e sua filha. Ela trabalha para a família Phoenix desde que ele era criança, e sua filha tem 24 anos, assim como você."
"Elas são tão simpáticas," disse sem olhar para Alen.
"Eu sei, né? Finalmente alguém que não odeia a Sol."
Suas palavras me fizeram rir, e tive que levantar a mão para abafar o riso.
"Vi
u, você está finalmente sorrindo," Alen sorriu, apontando para mim.
Mas eu poderia culpá-lo, não é mesmo? Ele era engraçado e parecia um cara legal, ao contrário de Dominick.
"Você deveria sorrir mais. Fica mais bonita."
Assim que as palavras saíram dos lábios dele, senti meu rosto corar. Por que ele me elogiou do nada? Confusa, virei-me e comecei a subir as escadas.
"Bonita tatuagem," ele comentou, e eu congelei, virando-me de volta com uma risada desajeitada.
"Obrigada," respondi, mentalmente me repreendendo. Por que eu tinha que ser tão sem graça?
Ele suspirou, o sorriso no rosto substituído por uma expressão mais séria. "Você precisa ser mais dura; é necessário se quiser sobreviver a tudo isso."
Minha vista baixou, lágrimas pinicando nos olhos. "Estou tentando, mas não é fácil."
"Eu sei," ele assentiu compreensivamente, "mas você tem que tentar mais, a não ser que Dominick vai ficar irritado. Você não vai gostar de um Dominick irritado."
"Não é como se ele não estivesse sempre irritado," brinquei, e Alen jogou a cabeça para trás, gargalhando. Eu não percebi que o que disse era realmente engraçado.
"Sim, o Dom é assim, mas eu juro que ele não é uma pessoa ruim."
Deixei escapar um pequeno escárnio, ainda desconfiada.
"Tudo o que estou dizendo é, seja mais confiante, e não tenha medo. Dom vai proteger você... e eu também."
"Obrigada, Alen," disse, encontrando seu olhar com um sorriso brilhante. "Vou subir agora."
"Tudo bem, boa noite."
Assenti para ele e comecei a subir as escadas. De alguma forma, ele tinha conseguido me fazer sentir um pouco melhor do que alguns minutos atrás, e eu estava agradecida.
Assim que cheguei ao meu quarto, fui direto para o banheiro tomar um banho quente antes de trocar por um moletom confortável e relaxar na cama. Já tinha jantado na festa e não estava com fome novamente. Memórias de como Damian tentou se forçar em mim me atormentavam e eu estava, mais uma vez, cheia de nojo. O que teria acontecido se Dominick não tivesse chegado a tempo?
Uma batida na porta interrompeu meus pensamentos, e eu rapidamente me sentei. Não poderia ser Dominick; ele nunca se dá ao trabalho de bater. Então quem?
"Entre," convidei a pessoa, e Nina entrou no meu quarto com um grito de empolgação, acomodando-se ao meu lado na cama.
"Senhorita Sol, estou tão feliz por estar de volta," ela exclamou.
"Eu também," respondi, tentando parecer convincente. "Estou muito feliz."
Ela juntou as mãos ansiosamente. "Agora nos resta resolver tudo isso, aí você poderá se divorciar e ficar com o Tom."
"O quê?" Meus olhos se arregalaram em descrença enquanto eu apertava o edredom firmemente. "Por que eu... faria isso?"
A respiração de Nina ficou presa na garganta enquanto ela recuava levemente. "Você é realmente a senhorita Sol?"
Minha boca se abriu, mas nenhuma palavra saiu. Ela me pegou de surpresa novamente. "Sim... como assim? Claro que sou a Sol."
Tentei soar convincente, mas até para os meus próprios ouvidos, minha voz tremia perceptivelmente. Eu sentia que estava enlouquecendo.
Ela hesitou, depois assentiu. "Então quando é o meu aniversário?"
Não tive resposta.
"O aniversário da minha mãe?"
Ainda silêncio.
"Você é a irmã gêmea dela, Luna, certo?" Ela examinou meu rosto curiosamente.
"Como você sabia?"
Nina olhou para baixo brevemente antes de encontrar meu olhar novamente. "Ela me contou sobre você."
"Ela fez?" Confusão franziu minha testa. "O que ela disse sobre mim? E você sabe onde ela pode estar?"
"Verdade seja dita, a senhorita Sol me disse que ia fugir com o namorado Tom, mas ela mudou de ideia e decidiu seguir com o casamento. Ela mudou de ideia de novo?"
"Pode parecer que sim," concordei relutantemente com um aceno. "Vocês parecem ser próximas?"
"Sim, ela era como uma irmã," Nina sorriu com carinho enquanto falava sobre minha gêmea. Senti uma pontada de ciúmes no meu coração. Eu não tinha esse tipo de relação com a Sol. "Ela falava de você de vez em quando."
"Ela me odiava, eu sei," murmurei, brincando com os dedos. Sol e eu não tínhamos um bom relacionamento desde que éramos adolescentes. Ela estava envolvida com todo o lance da Máfia, enquanto eu não queria nada com isso, e como meu pai, ela me detestava por isso.
"Ela não te odeia," Nina afirmou firmemente, e eu a olhei incrédula. "Ela só odeia que você agia como se fosse melhor que sua família e não queria nada com eles."
"Isso não é verdade," protestei, e Nina assentiu levemente para me acalmar. Suspirei. "Só queria poder falar com ela."
"Acho estranho ela ter mudado de ideia no último minuto. Ela realmente não queria mais fugir."
"Você está dizendo que pode ter acontecido algo errado?" Meus olhos piscaram nervosamente, e Nina assentiu.
"É loucura," ela concordou, mas o telefone dela tocou, e ela atendeu. Era a mãe dela, chamando-a para baixo para uma emergência.
Ela se levantou da cama, sorrindo para mim. "Preciso ir agora, mas falaremos mais sobre isso amanhã, se você não se importar." Ela acenou e caminhou até a porta, parando antes de sair. "Você talvez queira tocar uma música bem alta no seu celular." Ela me lançou um olhar solidário e saiu.
Confusão encheu minha mente. Do que ela estava falando? Um minuto depois, tive minha resposta quando gemidos altos começaram a ecoar do quarto ao lado, o quarto de Dominick.
Afundei na cama, sentindo meu coração acelerar e uma dor aguda rasgando meu coração. Coloquei a mão sobre ele, tentando amortecer a dor.
Por que doía ali? As palavras de Alen ecoavam em minha mente. Será que eu estava realmente desenvolvendo sentimentos por Dominick, ou era algo mais?
"Sim, papai, mais forte, mais forte, por favor," Selene gemia alto, e eu não pude deixar de me perguntar se ela estava fazendo de propósito. Ela queria que eu ouvisse?
As memórias de como ele me beijou e meu corpo reagiu preencheram minha cabeça sem minha permissão. Eu juro que até ouvi um gemido baixo escapar dos meus lábios agora. Eu devia ter perdido a razão.
Levantei o edredom sobre o rosto para abafar os sons, mas pouco ou nada adiantava. Fechei os olhos com força, mas tudo o que continuava vendo era seu rosto irritante — Dominick Phoenix, aquele grosso. Virei e revirei até que um plano me veio à mente. Fechando os olhos, substituí sua imagem por outra — Alen. Seus cabelos escuros, olhos verdes hipnotizantes e rosto bonito. Meus lábios se curvaram em um sorriso, contente por finalmente poder dormir, sonhando com Alen.