Eve
"E quando as cinzas se assentarem," ele terminou, a voz um sussurro cheio de podridão, "você será decapitada. Assim como os amaldiçoados antes de você. Assim como seus ancestrais fizeram com os meus."
Algo dentro de mim se quebrou completamente.
Não foi um soluço. Não foi um grito.
Foi silêncio.
Ele olhou para mim como se estudasse os restos de um monumento que costumava adorar.
E em algum lugar sob a podridão, eu juro que o vi novamente.
Aquele lampejo.
Aquela dor.
Mas já era tarde demais.
O fluxo o envolveu completamente, transformando o luto em algo mais frio. Algo divino e monstruoso.
"Você uma vez nos chamou de um par feito no inferno," ele disse suavemente. "Um tirano e uma princesa perversa. Acho que você estava certa."
Ele se virou.
E a sala, o mundo, começou a encolher.
Eu não podia deixá-lo ir. Não assim. Não com essas palavras. Não com aquele plano.
"Espere!" eu gritei, minha voz quebrando.
Ele parou—mas não se virou.