Ignis

No silêncio da noite, erguia-se certo armazém que um dia fora um lugar de trabalho honesto, mas agora, não passava de um antro de pecado.

Parte da cerca ao seu redor havia caído enquanto um portão enferrujado, levemente entreaberto, barrava a entrada com uma placa desgastada de "Proibido Entrar" pendurada ali. O cadeado do portão principal consistia apenas em uma corrente passada por buracos, que qualquer um com meio cérebro poderia desfazer. Mas esse era o ponto, porque apenas tolos ou homens mortos tentavam invadir.

Este era o território do Dragão Vermelho.

Dois cães monstruosos com bocas espumando e dentes brilhantes rondavam o perímetro, seus rosnados baixos destinados a afastar qualquer andarilho.

Lá dentro, tubos fluorescentes nus zumbiam acima, iluminando a visão triste de homens, mulheres e até crianças, reduzidos à roupa íntima, ensacando e embalando o precioso pó branco em sacos selados.