Capítulo 4: O primeiro contato

O brilho fosco dos cristais na câmara principal iluminava o ninho recém-expansido. As formigas trabalhavam sem descanso, enquanto Marcos caminhava pelos túneis, sentindo o fluxo incessante da colônia ao seu redor. Apesar das vitórias iniciais, ele sabia que o verdadeiro desafio ainda estava por vir. A sobrevivência era apenas o primeiro passo; o próximo era garantir que sua colônia pudesse crescer e prosperar.

No dia seguinte à construção da Câmara de Evolução, Marcos reuniu as unidades disponíveis para planejar uma nova expedição. Ele tinha consciência de que o território ao redor ainda era desconhecido e, se quisesse se preparar contra possíveis ameaças, precisaria mapear a área.

No entanto, a perda de duas formigas soldados no confronto com o lagarto dourado havia deixado a colônia vulnerável. A Rainha Bélica estava produzindo novas unidades, mas o processo era lento, mesmo com o bônus de velocidade recém-desenvolvido.

Ele então decidiu adotar uma abordagem mais cautelosa. Desta vez, ele lideraria uma equipe menor, composta por três soldados, cinco operárias e uma unidade recém-evoluída: o primeiro Explorador Formiga, uma criatura ágil e especializada em rastreamento e reconhecimento.

Antes de partir, Marcos acessou o painel da colônia:

[Painel da Colônia]

Operárias: 25

Soldados: 6

Exploradores: 1

Recursos:

Madeira: 60

Cristais Brutos: 40

Escamas Douradas: 10

Carne Exótica: 50

Ele percebeu que os recursos estavam aumentando, mas ainda eram insuficientes para sustentar uma colônia em crescimento acelerado. Havia necessidade urgente de descobrir novas fontes de madeira e cristais, além de identificar pontos estratégicos para defesa.

A equipe avançou em formação pela superfície do planeta. As operárias carregavam pequenos pedaços de madeira e carne seca como ração para a expedição, enquanto os soldados e o explorador mantinham a vigilância. Marcos seguia à frente, usando suas antenas para captar qualquer sinal de perigo.

O terreno começou a mudar conforme se afastavam do ninho. O solo rachado e seco deu lugar a uma área pedregosa, com formações rochosas que ofereciam cobertura natural. Marcos notou marcas no chão, provavelmente de outra criatura. Ele gesticulou para o explorador avançar.

O pequeno explorador moveu-se rapidamente, desaparecendo entre as pedras. Alguns minutos depois, retornou, emitindo um som agudo que indicava descoberta.

"Algo à frente. Uma estrutura," a mente coletiva transmitiu a mensagem.

Curioso, Marcos seguiu o explorador até o local indicado. Quando chegaram, ele parou, surpreso. Diante dele estava uma construção rudimentar, aparentemente feita de ossos e madeira seca, cercada por uma paliçada improvisada. O cheiro no ar era forte e desagradável, um misto de carne apodrecida e sangue.

Enquanto observava a estrutura, Marcos percebeu movimento no interior do cercado. Criaturas pequenas, parecidas com roedores, mas com feições humanoides, estavam reunidas ao redor de uma fogueira improvisada. Elas tinham pelagem grossa e olhares desconfiados, comunicando-se com grunhidos e assobios.

Ele sentiu um misto de medo e empolgação. Estas eram claramente criaturas inteligentes, talvez nativas do planeta ou transportadas para cá pelo mesmo sistema que trouxe ele e outros lordes.

Marcos observou atentamente, tentando avaliar o comportamento das criaturas. Elas pareciam organizar-se em pequenos grupos, com alguns carregando armas improvisadas, como lanças feitas de ossos, enquanto outros cuidavam de um estoque de carne pendurada em galhos.

"Não atacaremos ainda," ele decidiu, transmitindo o comando aos soldados. "Precisamos entender mais sobre eles antes de agir."

Após mapear a localização do acampamento das criaturas, Marcos decidiu retornar à colônia. Durante o caminho de volta, ele ponderou sobre o que havia visto. Essas criaturas poderiam ser uma ameaça direta, mas também representavam uma oportunidade. Se fossem hostis, ele precisaria preparar suas defesas; se fossem amigáveis, talvez pudesse negociar recursos ou informações.

De volta ao ninho, ele reuniu as duas rainhas e as atualizou sobre o que havia encontrado. A Rainha Nutriz, sempre prática, sugeriu priorizar a expansão das operárias para aumentar a coleta de recursos. A Rainha Bélica, por outro lado, defendeu o fortalecimento das forças militares antes de qualquer interação.

"Ambas estão certas," Marcos admitiu. "Mas precisamos equilibrar os dois aspectos. Não sabemos quando seremos atacados."

Ele ordenou a criação de mais três soldados e cinco operárias, enquanto a câmara de evolução foi usada para aprimorar as capacidades de defesa do ninho.

Naquela noite, enquanto Marcos descansava em sua câmara privada, uma notificação repentina apareceu:

"Conexão ao Chat Universal estabelecida."

Era a primeira vez que ele acessava o sistema de comunicação que conectava todos os lordes espalhados pelos planetas. O painel se abriu, exibindo várias mensagens:

LordeDragão: "Minha fortaleza está quase completa. Vocês, iniciantes, não têm ideia do que é liderar."

AnjoCaído: "Encontrei outro lorde em meu planeta. Ele se recusou a negociar... Agora ele está morto."

LordeTitã: "Minha raça pode ser lenta, mas somos imbatíveis. Quero ver alguém desafiar."

Marcos leu as mensagens com cuidado. Era evidente que muitos lordes já estavam em níveis avançados, enquanto ele ainda estava dando os primeiros passos. Ele decidiu observar mais antes de interagir.

Então, uma mensagem direcionada a ele apareceu:

LordeRato: "Ei, Formiga. Vi sua colônia crescendo. Cuidado, planetas com recursos escassos sempre atraem os predadores mais vorazes."

Marcos ficou intrigado. Alguém estava monitorando sua colônia? E quem era esse "LordeRato"?

Antes que pudesse responder, outra notificação surgiu:

"Descoberta de Lordes próximos habilitada. Existem três outros lordes em seu planeta."

A notícia foi um choque. Se outros lordes estavam no planeta, isso significava competição direta por recursos e território. Marcos sentiu uma onda de responsabilidade pesar sobre ele. Não era mais apenas uma questão de expandir sua colônia, mas também de proteger seu povo contra ameaças externas.

Ele convocou as rainhas novamente e começou a traçar um plano. A primeira prioridade seria reforçar as defesas do ninho, construindo armadilhas e postos de guarda na entrada principal. Além disso, ele ordenou que os exploradores mapeassem mais áreas, com o objetivo de localizar os outros lordes antes que eles o encontrassem.

Enquanto a colônia trabalhava incansavelmente, Marcos sentiu que algo estava mudando. O mundo dos lordes não era apenas uma competição de sobrevivência; era um tabuleiro de guerra, onde alianças e traições moldariam o destino de todos.

Ele olhou para o painel de status novamente, vendo o progresso de sua colônia. Pequena, mas determinada, ela era sua responsabilidade. E ele faria tudo ao seu alcance para garantir que crescesse e prosperasse, mesmo que isso significasse enfrentar outros lordes em batalhas mortais.

"O futuro não será fácil," ele pensou, enquanto o som das formigas trabalhando ecoava pelos túneis. "Mas essa colônia... é o meu império."