O formigueiro estava mais movimentado do que nunca. O ambiente subterrâneo, que antes transbordava com a energia constante de uma colônia crescente, agora estava imerso em uma tensão palpável. Marcos sabia que a paz que sua colônia experimentava até então era apenas temporária. Algo mais ameaçador estava se aproximando, e ele sentia isso nas profundezas do formigueiro. O cheiro no ar estava alterado, e o eco das vibrações pela terra parecia mais forte, mais intenso. O momento que ele temia estava prestes a chegar.
Foi uma das formigas exploradoras que trouxe a notícia. Suas antenas tremiam de um jeito incomum, um sinal claro de alarme. Ela correu para o centro de comando, onde Marcos, imerso em seus planos, não pôde deixar de sentir a urgência na forma como ela entrou.
"Meu senhor!" a formiga ofegou, sua voz curta e entrecortada. "Eu… eu detectei um movimento. Algo grande… muito grande. Um exército de insetos, eles se aproximam do formigueiro!"
Marcos ergueu as antenas, sentindo a pressão do momento. Um exército de insetos. Ele sabia o que isso significava: uma invasão imensa. Não seria uma simples patrulha de caçadores. Algo muito maior estava a caminho, e as chances de sobrevivência de sua colônia estavam prestes a ser testadas de forma implacável.
"Quanto tempo temos?" ele perguntou com firmeza, tentando manter a calma enquanto pensava rapidamente em uma estratégia.
"Menos de uma hora. Eles estão em marcha. Uma grande força. Muitos dos predadores que nos causaram problemas no passado… mas agora, em números imensos."
A palavra "números" se gravou na mente de Marcos. Quantidade significava uma coisa muito simples: as formigas seriam superadas se não fossem cuidadosas, se não se preparassem adequadamente. Ele olhou para os membros mais próximos da colônia.
"Preparem-se! Cada formiga em sua posição. Todos os soldados devem se alinhar nas frentes e flancos. Operárias, cuidem da retaguarda e reforcem as estruturas. Eu preciso de todos prontos para a guerra."
A voz de Marcos reverberou no interior do formigueiro, e a colônia se moveu como uma máquina bem-oiled. No entanto, ele sabia que seria uma batalha difícil. Ele não tinha apenas que defender, mas também que planejar cada movimento com extrema cautela, pois o inimigo era rápido, perigoso e em grande número.
A batalha teve início antes mesmo de as primeiras hordas do inimigo chegarem ao formigueiro. Marcos já podia sentir a vibração do solo ficando mais intensa. O som da terra sendo quebrada, os cascalhos e pedras se movendo à medida que milhares de insetos começavam a avançar, reverberou pelo túnel subterrâneo. Ele observou pelo pequeno buraco natural na entrada do formigueiro, tentando discernir os inimigos que estavam vindo em sua direção.
Eram Guerreiros Escorpiões, Besouros Gigantes, e um tipo de inseto novo que ele nunca havia encontrado antes – Aranhas Colossais, com membros que pareciam ser mais espessos que troncos de árvores e olhos vermelhos como brasas. Cada um deles possuía habilidades que representavam um grande risco para a colônia.
Os Guerreiros Escorpiões estavam na linha de frente, suas caudas cortantes se movendo como chicotes, pronto para fatiar qualquer coisa que estivesse em seu caminho. Eles tinham um exoesqueleto impenetrável, resistente às picadas das formigas, e suas garras eram afiadas como lâminas. Cada golpe seria um corte fatal se não fosse evitado.
Os Besouros Gigantes, com seu corpo robusto e carapaças impenetráveis, avançavam pesadamente, mas com força bruta, esmagando tudo em seu caminho. O impacto de seus passos fazia a terra tremer sob os pés das formigas, e qualquer uma que fosse pego sob seu peso certamente seria esmagado.
As Aranhas Colossais eram talvez o maior desafio. Elas eram ágeis e tinham uma capacidade aterradora de se mover rapidamente, embora seu tamanho enorme fizesse com que elas tivessem uma presença dominante. Suas teias eram como lâminas de aço, capazes de cortar qualquer formiga que tentasse atravessá-las.
Marcos observava a cena com uma calma tensa. Cada movimento tinha que ser meticulosamente calculado. Ele precisava dividir a colônia e garantir que cada tipo de inimigo fosse neutralizado sem prejudicar a estrutura do formigueiro.
"Ataquem!" Marcos gritou, sua voz soando autoritária, enquanto ele rapidamente se movia para a linha de frente, onde os Guerreiros Escorpiões estavam se aproximando.
As formigas soldados avançaram em formação, suas mandíbulas batendo com um som metálico. Elas estavam prontas para o combate, mas a primeira linha de escorpiões foi difícil de atravessar. Marcos gritou para seus soldados, ordenando que eles usassem seus movimentos de esquiva e golpeassem com precisão.
Ele sentiu uma onda de adrenalina enquanto observava a batalha se desenrolar. Uma formiga guerreira foi atingida por uma cauda de escorpião e jogada contra o lado de um túnel, morrendo instantaneamente. Marcos gritou em sua mente para que suas formigas se concentrassem. Não poderiam perder tempo com distrações, nem hesitar.
Ele foi até um escorpião, saltou para sua lateral e, com uma habilidade adquirida através de sua Estratégia de Sobrevivência, conseguiu desviar do golpe fatal da cauda e atingir seu ponto fraco, a parte inferior do abdômen. Um golpe preciso e mortal. O escorpião caiu.
Porém, logo outro escorpião substituiu o anterior, e logo mais e mais estavam sendo enviados, como uma parede de garras e caudas. As formigas começaram a recuar enquanto o número de escorpiões crescia.
"Retirem-se para a próxima linha de defesa!" Marcos ordenou. Sua mente trabalhava a mil por hora, ajustando os planos à medida que os inimigos avançavam.
As formigas começaram a se mover de volta para as câmaras mais profundas do formigueiro, onde haviam estabelecido uma linha de defesa com pedras e madeira fortemente empilhadas. Os escorpiões estavam sendo contidos, mas as coisas não estavam tão fáceis com os Besouros Gigantes que logo se aproximavam. Eles eram lentos, mas extremamente poderosos.
Marcos não perdeu tempo. "Formações de ataque frontal!" Ele convocou os soldados restantes, e com a força de sua liderança, as formigas formaram um círculo protetor, enfrentando os besouros de frente. Os besouros avançavam, tentando esmagar tudo em seu caminho.
Cada impacto contra o escudo de formigas fazia a terra tremer, mas as formigas estavam organizadas. Elas se moviam com agilidade, causando danos nas pernas dos besouros e tentando evitar os impactos destrutivos de seus corpos pesados. No entanto, isso foi apenas uma tática temporária. Elas precisavam neutralizar o inimigo rapidamente.
"Agora!" Marcos gritou, e as formigas em posições estratégicas avançaram para perfurar as brechas nas carapaças dos besouros. Era uma luta brutal, de desgaste, e Marcos sentia cada movimento de seus soldados como uma extensão de seu próprio corpo.
No entanto, o pior estava prestes a acontecer.
As Aranhas Colossais haviam entrado em cena.
Elas eram rápidas, suas patas cortando o ar como lâminas afiadas, e suas teias, espessas como cabos de aço, começaram a envolver as formigas. Um por um, os soldados que se atreviam a se aproximar das aranhas foram pegos em suas teias e imobilizados, presas fáceis para as mandíbulas gigantes das aranhas.
Marcos sentiu seu estômago apertar. As formigas estavam sendo capturadas rapidamente, e a batalha estava longe de ser vencida. O exército de insetos estava apenas começando a mostrar sua força. Ele precisava mudar a tática, agora mais do que nunca.
O formigueiro, agora envolto em caos, parecia ser o campo de batalha perfeito para a luta que se desenrolava. A batalha seria longa, e Marcos sabia que teria que se adaptar para sobreviver. Cada segundo contava, e ele não poderia se dar ao luxo de falhar.
A vitória era uma questão de pura resistência agora. Ele sentiu a pressão aumentar, mas ao mesmo tempo, uma chama interior acendeu. Ele sabia que sua colônia poderia superar esse desafio. Mas quanto tempo duraria até que chegassem ao ponto de ruptura?