PDV da Tara
A chuva batia no meu corpo com tanta fúria quanto o granizo. E minhas patas ardiam a cada vez que se cravavam na terra abaixo de mim. Elas me forçavam a tomar consciência da ideia, da realidade, de que eu estava fugindo de um dos muito poucos lugares neste mundo que eu tinha considerado lar.
Mas não era mais lar.
Lar não era onde pessoas que mentiam e traíam viviam, lar não era mais com o Victore.
Fechei meus olhos enquanto avançava, forçando a imagem de suas costas nuas para fora da minha mente, forçando a imagem dela deitada sob ele, sorrindo e rindo sob o homem que—
Engasguei, tropecei e caí no barro lamacento embaixo de mim. Em algum lugar no fundo da minha mente, ouvi um estrondo retumbante de algo, mas não liguei. Como eu poderia, quando havia uma dor no meu coração que me fazia sentir como se estivesse morrendo?
Pior, como se tudo o que eu tinha feito até agora—ficando ao lado dele, amando-o, tendo seu amor—não significasse nada?