Depois da batalha, Owen incumbiu William de cuidar de Celine, enquanto ele foi tratar das pessoas que ficaram feridas durante a defesa de Lont. Celine não corria nenhum tipo de perigo. Ela estava apenas completamente exausta.
Enquanto fazia seu experimento, ela não comeu nem bebeu nada, pois o que estava fazendo requeria extrema concentração. Jejuar dessa maneira estava tudo bem, já que ela já estava acostumada com tal estilo de vida. Contudo, ser arrastada para lutar em uma batalha de alto nível sem estar em sua condição ideal ainda sobrecarregou seu corpo.
William olhou para a mulher desalinhada com pena. Sua pele estava pálida, seus cabelos em desordem, e seu rosto parecia muito cansado. Mesmo assim, ela continuava bela. O rapaz não conseguiu se impedir de elogiar Celine mesmo em seu estado atual.
Atualmente, ele estava levando sua Mestre para casa nas costas de Ella. Celine era muito leve, então não foi difícil para William segurá-la no lugar. Eles não demoraram a chegar em sua casa nos arredores de Lont.
"Mamãe Ella, você pode abrir a porta para mim?"
"Meeeeeh."
Ella empurrou a porta com seu casco e ela se abriu sem resistência. Devido ao atributo de força de William, foi bem fácil para ele carregar Celine nos braços.
"Intruso! Uwaaaaaaak!" Oliver, o macaco-papagaio, gritou de seu poleiro. "Intruso!"
"Cala a boca, Oliver!" William respondeu irritado. "Mestre está dormindo, não faça barulho."
Oliver olhou para William com desprezo. Estava um pouco irritado porque o menino arrastou sua Senhora durante um experimento importante. O papagaio-macaco então olhou para Celine e de volta para William antes de estalar a língua.
"Aproveitando-se da mestra enquanto ela está inconsciente. Moleque, você não tem vergonha?"
"Eh? Você consegue falar direito?" Os olhos de William se arregalaram de surpresa.
"Claro que sei falar. Não sou um macaquinho, como você," Oliver respondeu irritado. "Leve a senhora para o segundo andar. E não faça nada indecente, senão eu te mordo até a morte."
"Eu sou apenas uma criança de dez anos, como eu poderia fazer algo indecente?"
"Dez anos?"
O papagaio-macaco debochou. "Moleque, outras pessoas podem não saber, mas eu sei que sua alma não pertence a este mundo."
"O-Que você está falando?" William gaguejou.
O papagaio-macaco observou o menino antes de levantar sua garra e apontar para as escadas. "Vamos conversar depois de acomodar a senhora direito. Eu, também, tenho muitas perguntas para você."
William olhou ansiosamente para o papagaio-macaco antes de se dirigir às escadas. Sua mente estava em desordem e várias perguntas apareciam em sua cabeça.
Dez minutos depois, ele estava sentado à mesa de jantar no primeiro andar. Ele não sabia como o papagaio tinha conseguido preparar um chá. Mas, tudo já estava arrumado na mesa quando ele voltou de sua tarefa de levar seu Mestre para o quarto dela.
Oliver parecia estar de bom humor, e a irritação de antes havia desaparecido completamente.
"Tome um pouco de chá primeiro," Oliver disse enquanto estava no centro da mesa. "É muito raro termos visitas, então eu não tive tempo de assar um bolo. No entanto, ainda temos biscoitos. Espero que você goste deles."
William obedientemente tomou um gole do chá, mas passou nos biscoitos. Ele estava mais curioso sobre como o papagaio-macaco sabia sobre sua identidade.
Ella ficou ao lado da cadeira de William. Ela também estava curiosa sobre o que o papagaio-macaco queria discutir com seu bebê.
A cabra não se importava com o passado ou identidade de William. A única coisa que ela sabia era que ela tinha criado William desde que ele era um bebê. Mesmo assim, sua curiosidade venceu, então ela decidiu ficar e ouvir.
William olhou para o papagaio-macaco com uma expressão complicada. Parte dele queria assar o macaco para que seu segredo continuasse guardado. A outra metade queria enterrar Oliver bem fundo no chão, para que seu segredo permanecesse.
Oliver sentiu o olhar de morte de Wiliam e decidiu tomar a iniciativa para falar.
"Não olhe para mim desse jeito," Oliver estreitou os olhos. "Não pretendo te fazer nenhum mal. Apenas me surpreendi que alguém como você nasceu neste mundo."
"O que você quer dizer com 'alguém como eu'?" William perguntou. "O que você sabe sobre mim?"
O papagaio-macaco sorriu enquanto pegava uma xícara de chá e deu um gole para matar a sede. "Eu não sei muito. Tudo que sei é que sua alma não pertence a este mundo. No entanto, você não pode ser considerado um Outro-mundano já que nasceu naturalmente. Isso só significa que este mundo te aceitou como um dos seus, o que é um acontecimento muito raro."
"O que você quer dizer com 'um acontecimento muito raro'?" William perguntou. "Além disso, Outros-mundanos? Você está falando sobre transmigradores?"
"Transmigradores? Você quer dizer essas almas que atravessam espaço e tempo e possuem o corpo de pessoas mortas ou moribundas?" Oliver perguntou de volta. "Bem, existem alguns desses casos. O avô da minha Senhora era um desses Transmigradores a que você se refere."
"Espera, segura aí." William olhou para Oliver com uma expressão séria. "Existem transmigradores neste mundo?"
"O que tem de tão surpreendente nisso?" Oliver inclinou a cabeça. "Este mundo é muito vasto. A possibilidade certamente existe. Embora, seu número não ultrapasse o número de dedos em uma mão. Os Deuses não permitiriam mais do que cinco indivíduos a cada era."
"Você falou sobre Outros-mundanos, quem são eles?"
"Simplesmente falando, são pessoas de outro mundo."
"Você achou que eu era um deles?"
"No início, sim." Oliver balançou a cabeça. "Mas, já que você nasceu naturalmente, então você não é contado como tal."
"Então como você sabia?" William fez a pergunta mais importante de todas. "Você tem o poder de olhar a alma de uma pessoa?"
Oliver gargalhou. Como sua cabeça era de um macaco, a gargalhada soou irritante aos ouvidos de William. "Neste momento você é uma criança de dez anos, mas a alma que estou vendo com minha habilidade é mais velha. Se eu tiver que chutar, você tem entre o final da adolescência e o início dos vinte anos, mas não mais do que isso."
'Isso é ruim,' William pensou. 'Se houver outras pessoas com essa habilidade, então estou com grandes problemas!'
"O que você está pensando não vai acontecer, então pode relaxar." Oliver o assegurou. "Minha habilidade é única e foi algo que me foi dado pelo meu criador, Lorde Darwin. Eu estou bastante confiante que apenas eu tenho a habilidade de ver através da alma de uma pessoa neste mundo."
William suspirou aliviado ao ouvir a explicação de Oliver. Embora ele ainda não soubesse que tipo de habilidade possuía, ele gostaria de acreditar que estava dizendo a verdade.
Vendo que o jovem menino finalmente tinha se acalmado, Oliver decidiu dizer a ele o verdadeiro motivo pelo qual queria falar com ele.
"William, eu tenho um favor para pedir."
"Vou ouvir primeiro. Se eu posso fazer ou não vai depender do meu humor."
"Tch. Você é igual ao seu avô. Sempre pechinchando por benefícios."
Oliver balançou a cabeça desamparadamente antes de dizer seu pedido.
"Você não precisa fazer este pedido imediatamente, porque o você atual ainda é muito fraco e jovem demais para ir até aquele lugar," Oliver explicou. "Tudo que peço é que você faça o seu melhor, pois a vida da Senhora está em jogo."
William franziu a testa, "O que você quer dizer com a vida da Mestre está em jogo?"
Oliver suspirou enquanto abaixava a cabeça e olhava para a mesa. "Houve um tempo, no continente de Silvermoon, que havia uma família de elfos com o nome de Rayleigh…"