Revelação (Pt 2)

[O Presente]

"Eu ouvi tudo, Liliana... se é que esse é mesmo o seu nome verdadeiro." Eu sorri e observei a cabeça da empregada se erguer lentamente.

"Isso é uma pena, então..." Ela disse, e sua voz lentamente se transformou de um tom amável e gentil para outro mais distorcido.

Ela levantou a cabeça e sorriu sinistramente para mim, em seguida, arregalou os olhos para fazer uma expressão doentia.

"... Eu ia fazer com que sua morte fosse doce e indolor, já que você foi um garoto tão amável. Mas parece que terei que mudar meus planos." Liliana disse enquanto lambia os lábios.

Quem ela estava tentando enganar? Isso provavelmente era mais preferível para ela, já que poderia me matar da maneira mais horrível permitida por sua missão.

'Eu conheço o tipo dela... e são completamente loucas!'

Liliana, que anteriormente recuava, agora começava a avançar lentamente em minha direção. À medida que ela se movia, eu também dava passos lentos para trás. Eu não queria que ela chegasse perto de mim.

"Você não é tão legal quanto eu pensei, Jared. Se esgueirando pelas pessoas, bisbilhotando-as, provocando essa gentil empregada com vinho e ameaças... e agora fugindo de mim. Como você é mau, jovem mestre. Estou verdadeiramente magoada." Ela disse em tom de escárnio.

Seu olhar intenso me dizia o contrário, no entanto. Ela estava claramente se deliciando com a emoção.

"Haha, é mesmo?" Eu respondi, um pouco nervoso.

"Seu tolo. Você deveria ter ficado quieto sobre toda a situação. Se tivesse feito isso, em vez de bancar o convencido e falar demais, então talvez pudesse viver para ver o amanhã."

Okay, isso estava ficando demais. Eu não conseguia mais me conter!

"Pfft…. Hehehe, hahaha!" Eu comecei a rir, enquanto parava meu movimento para trás.

Minha reação repentina às palavras dela deixou Liliana confusa, enquanto ela me olhava surpresa.

"O que tem de tão engraçado, pirralho? Você vai morrer agora, sabe?" Ela me sorria, provavelmente se perguntando se eu tinha enlouquecido com a ideia de perder minha vida tão jovem.

"Oh, não... não, não é isso... É só que, você disse algo engraçado agora..." Eu disse, ainda rindo.

Meu bom humor claramente não era engraçado para Liliana, pois ela me lançou um olhar penetrante, e começou a emanar sede de sangue. Eu suportei a aura assassina que ela exalava e cessei meu riso.

"O que você está falando?!" Ela perguntou, seus olhos arregalados me encarando com desprezo.

Meus lábios se curvaram em um sorriso largo enquanto eu desafiadoramente olhava nos olhos da empregada, agora transformada em assassina.

"É engraçado que você pense que eu simplesmente 'tropecei' na sua conversa com aquele seu empregador."

Ao ouvir isso, Liliana parou em seu avanço para mim e me encarou suspeita.

"Que diabos você está dizendo?" Ela perguntou com um tom intimidador.

"É tão simples, na verdade. Eu estou observando você há algum tempo, Liliana. Desde que a festa começou, não, mesmo antes disso. Você sempre foi uma suspeita para mim."

Minhas palavras já estavam a irritando, eu podia ver. Ela cerrava os dentes e me encarava com raiva.

"Cansei das suas besteiras. Você está só enrolando por tempo, então é melhor que simplesmente morra, agora mesmo!"

Tomando sua decisão de me matar, Liliana fortaleceu suas pernas e, a julgar pelas rachaduras que apareciam no chão, ela estava acumulando uma velocidade fenomenal que seria suficiente para me matar antes que eu pudesse reagir.

"Só morra-dieee!"

Ao ouvir isso, meu sorriso já largo se tornou ainda maior.

>FWOOOOSHHH!!!<

Ela avançou em minha direção, movendo-se como o vento enquanto uma agulha aparecia em seu dedo para que pudesse me acertar fatalmente. Infelizmente para a minha assassina, porém... era o fim da linha.

Seu corpo de repente parou de se mover, a poucos centímetros de mim. A agulha que ela apontava em minha direção estava próxima de perfurar minha pele. Ainda bem que ela foi detida a tempo.

"O quê é... issooo...?!" A empregada perguntou, enquanto sentia uma sensação estranha percorrer seu corpo.

"Está na hora... parece que meus cálculos estavam corretíssimos," eu murmurei, me afastando de sua frente e indo para o lado dela.

"Eu... não consigo... m-mover....?!" Ela gaguejou, enquanto até mesmo lutava para falar.

Seus olhos me encaravam com ódio, cheios de suspeita e um toque de medo.

"Claro. E isso é bom. Senão eu estaria morto." Eu respondi.

"V-você fez isso? O que... você... fez...?!"

Finalmente, ela estava fazendo a pergunta certa.

"Bom, agora a resposta para isso é bem interessante. Mas antes, vamos colocar desse jeito." Eu disse, tomando a agulha que ela segurava firmemente. Seus dedos se soltaram ao toque da minha mão sem resistência, e eu consegui obter seu instrumento de matar.

"Estou certo de que você tem mais consigo, mas não há necessidade de te despir de qualquer outra arma. Você não será capaz de usá-las, de qualquer forma." Eu declarei.

"V-você...." Liliana rosnou.

"A resposta pode ser encontrada no vinho que você acabou de consumir," eu respondi, pegando o copo que ela segurava na segunda mão.

Coloquei agulha e taça de vinho no chão enquanto a olhava divertidamente. A expressão de choque no rosto dela era incomparável.

"Isso mesmo. Eu já o droguei. Você realmente achou que eu te confrontaria sem uma contramedida? Os produtos químicos do vinho induzem paralisia, apesar de só fazerem efeito quando um esforço rápido é feito e os músculos estão em estado de excitação."

Isso faria os músculos se tensionarem, fazendo com que as drogas endurecessem os tais músculos e assegurassem que quem o consumiu ficasse entorpecido.

"C-como você conseguiu essa droga? Você nem mesmo sabia que eu era uma assassina até há pouco. Não há como conseguir uma droga paralisante por aqui. Eu verifiquei..." Liliana disse, ainda não acreditando nas minhas palavras.

"Você está certa. Não há como conseguir uma droga paralisante por aqui. Além disso, com a minha idade e a constante supervisão de todos ao redor, não é como se eu pudesse fazer negócios obscuros para obter uma droga. É por isso que eu não 'consegui'. A droga que está atualmente te afetando... eu fiz!" Minha voz ressoou em seus ouvidos enquanto eu sorria de forma condescendente.

"I-impossível!" Ela cuspiu com desdém.

"É verdade, porém. Levou algum tempo, mas os esforços valeram a pena..." Eu sorri.

"M-mas, isso é... você não poderia ter..." Liliana ainda não conseguia compreender o que eu estava insinuando.

"E existe mais uma coisa em que você está errada... Quanto aos seus planos de me assassinar, eu sei sobre isso há algum tempo. Você e o seu empregador... ambos caíram diretamente nas minhas mãos!" Um brilho sombrio apareceu em meus olhos.