A Bela Donzela

Me afastando da multidão, eu tinha certeza que ninguém notou minha saída. Em um lugar com centenas de pessoas que tinham diferentes motivos, certamente perderiam de vista um garotinho segurando uma taça de vinho, não, melhor dizendo, duas taças de vinho, deixando o salão.

Desci as escadas, através do corredor auxiliar que apenas os membros da casa conheciam. O corredor principal estava infestado de adultos chatos, até mesmo as escadas, e eu não estava no clima de cumprimentá-los.

Descendo as escadas e seguindo para o quintal, me assegurei que ninguém me seguiu.

Ao chegar lá, vi que meu lugar já estava ocupado por alguém. Ela estava em um canto, também se esforçando para não chamar atenção. Uma mulher jovem, parecendo estar no começo dos vinte anos. Contudo, essa não era a característica mais notável sobre ela.

Era o uniforme que ela vestia. Ela era uma empregada da minha casa, e eu a conhecia!

Esperei um pouco, já que ela parecia estar falando consigo mesma por alguns momentos. Eu pensei que a espera duraria para sempre.

Finalmente, eu não pude mais esperar, então decidi intencionalmente criar passos barulhentos para avisá-la da minha presença.

Imediatamente, ela cessou seus murmúrios e se enrijeceu enquanto eu fazia minha aparição.

"O-olá, jovem mestre!" Ela exclamou surpresa.

Eu sorri, acenando para ela, com ambas as taças de vinho seguras em minhas mãos. Ela olhou para o meu rosto com choque, seus olhos caíram sobre as duas taças que eu segurava, depois olhou para mim novamente.

"Você não vai me dedurar, vai?" Eu sorri travessamente.

"D-de jeito nenhum... m-mas, jovem mestre... eu não acho que a Minha Senhora vá aprovar você fazer isso. Você ainda é menor de idade, sabe?" Ela disse em um tom doce e atrapalhado.

'Não, jura? Acha que eu não sei disso?' Revirei os olhos.

"Vamos lá, Liliana. Eu sou um homem em crescimento, isso é de se esperar. Magia não é minha única paixão, sabe?" Eu respondi, tentando usar minhas palavras persuasivas para convencê-la.

"M-mas…" Ela murmurou, desviando o olhar, como se considerasse o que fazer.

Liliana, ou como a maioria das empregadas a chamavam, Lily, era um dos membros mais jovens dos serventes da nossa casa.

Não apenas em anos, mas também em termos de serviço. A maioria dos serventes tinha passado pelo menos uma dúzia de anos na casa, mas ela tinha apenas cinco anos de serviço. Ela era ainda nova e inexperiente comparada à maioria, o que tornava sua personalidade fácil de manipular.

"Espero que você não pense em desafiar este jovem mestre," eu disse, de repente mudando meu tom para algo mais agressivo.

"C-Co-como assim?" Ela agora estava atrapalhada, parecendo um pouco assustada.

Meus lábios se ergueram em um sorriso maldoso e eu lambi os lábios, olhando para ela com olhos degenerados.

"Ai! C-claro que não, jovem mestre. E-Eu prometo não contar a ninguém." Ela piou sem poder.

"Claro que não," eu disse em um tom baixo, me aproximando dela.

Ela tentou dar um passo para trás no momento em que eu me aproximava, mas o olhar intenso que eu lhe dei fez com que seu corpo tremesse enquanto estava presa ao chão.

"Aqui. Pegue isso."

Liliana parecia surpresa com meu gesto. Eu lhe dei uma taça de vinho das duas que eu segurava.

"J-jovem mestre, eu-"

Mais um olhar ameaçador calou-a enquanto ela nervosamente pegava a taça de vinho e a olhava com surpresa. Seu corpo ainda tremia, indicando que ela não estava confortável com isso.

"Agora, nós dois estamos com taças de vinho. Assim, você não pode me dedurar e eu também não posso te dedurar. Soa justo, não?" Eu sorri.

Liliana arregalou os olhos em choque. A empregada parecia surpresa com os meus meios diabólicos.

"Jovem mestre... você é tão mal..." Ela sussurrou, olhando o conteúdo da taça de vinho.

"Hehe, claro que não. Estou apenas jogando seguro. Além disso, isso também vai fazer você se sentir bem, Liliana." Eu pisquei.

Enquanto ela não me denunciasse, seu segredo estava seguro. Além disso, ela também poderia desfrutar do vinho raro servido aos convidados importantes que tínhamos. Alguém não chamaria isso de uma vitória?

"Então, Liliana. Vamos brindar ao nosso pequeno segredo."

Ela acenou hesitante, tomando a taça de vinho e cheirando-a, testando-a com sua língua, girando-a enquanto ela se misturava com sua língua e indo para sua garganta de maneira refrescante.

Enquanto eu esvaziava minha taça, eu olhava curiosamente para ela consumindo o vinho e sorria.

"Liliana, você é realmente uma expert em beber vinho. Tem certeza que esta é sua primeira taça?" Eu sorri.

Ao ouvir isso, a jovem empregada ficou ainda mais constrangida e suas bochechas coraram.

"P-por favor, jovem mestre... não me provoque tanto. Eu apenas... ouvi que era assim que se deveria tomar vinho, e eu-"

"Pfft." Eu deixei escapar um risinho, divertido com a reação de Liliana.

"J-jovem mestre, o que tem tanta graça?" Ela perguntou, olhando inocentemente para mim.

Eu continuei rindo, enquanto reprimo minha voz para não aumentar, já que eu não queria chamar nenhuma atenção.

"Ahh, não é nada. Você só é um personagem muito engraçado." Eu sorri, ainda dando uma risadinha.

"Eu? Engraçada? Jovem mestre é tão cruel..." Ela fez bico numa expressão de fingida raiva.

Aparentemente, era uma coisa rude chamar uma mulher de 'engraçada', e parecia que eu estava fazendo piada da sua nervosismo.

No fim das contas, ela ainda era uma empregada, e eu o jovem mestre desta nobre família. Ela certamente tinha direito de estar nervosa durante todo nosso discurso.

"Não é que eu seja cruel, Liliana. Você é que é muito gentil." Eu sorri.

Ela ficou surpresa por eu dizer isso, e uma leve cor rosada apareceu em seu rosto. Uma jovem dama tão encantadora. Bonita, tímida, doce, e extremamente ingênua.

Qualquer homem a desejaria só pela sua aparência e personalidade, mas ela trabalhava como empregada.

"J-jovem mestre, seus elogios são demais. Eu-Eu não sou tão gentil assim... eu sou apenas inexperiente, e-"

Meu sorriso se alargou enquanto ela dizia isso.

"Não, você é realmente muito gentil, Liliana..." Eu repeti, interrompendo suas palavras.

Eu a encarei com os olhos semi-cerrados, com um sorriso sombrio no rosto. A jovem empregada parecia atônita com minha súbita mudança de expressão, agora parecendo mais nervosa.

" ... Isso é... quando você não está tentando me matar."