Voltando para o Castelo

Assim que retornou ao salão principal do Castelo Harry, Abel contou tudo o que tinha visto ao Cavaleiro de Marshall. Ao mesmo tempo, ele também trouxe o mapa que foi desenhado no papel pergaminho.

Graças a Deus, o Cavaleiro de Marshall conseguiu ler alguns dos caracteres que foram usados pelos orcs. Ele havia reconhecido alguns dos locais marcados no mapa e foi capaz de apontar algumas das rotas mais cruciais para aqueles invasores.

O Cavaleiro de Marshall caminhou pela sala com uma expressão extremamente intensa no rosto, "Este mapa é muito importante para nós, Abel. Com isso em mãos, podemos efetivamente impedir que esses orcs entrem no reino dos homens."

"Eu não acho que os orcs vão ser tão fáceis de combater desta vez," disse Abel preocupado, "Não tenho certeza sobre os números exatos, mas os cavaleiros-lobo que enfrentei são todos pelo menos acima do rank seis. Não teremos arqueiros suficientes para eles se continuarem vindo nesse ritmo."

O Cavaleiro de Marshall não estava muito preocupado. Na verdade, ele estava bastante otimista sobre toda essa situação, "Ora, claro, não vamos enfrentar todos eles. Aqui está o acordo: dou este mapa ao Lorde da Cidade da Colheita, e se conseguirmos repelir a invasão desta vez e tivermos orcs mortos suficientes em nossas mãos, Abel, você será ungido como um Lorde."

O Cavaleiro de Marshall então disse com um tom mais sério, "Por enquanto, Abel, você não está autorizado a sair sem companhia. Sempre que sair do castelo, deve avisar alguém primeiro e trazer alguns guardas com você. Quanto àquele lobo montaria que você pegou... bem, uh, não conte aos outros sobre isso. Eu direi aos outros para manterem a boca fechada também."

"Uma vez que alcançam um certo rank, lobos montarias tendem a permanecer leais aos seus donos," suspirou o Cavaleiro de Marshall, "O mesmo com aquele. Dito isso, sempre haverá alguém que tentará levá-lo de volta."

"Como quiser, Tio," disse Abel sem reclamar. Afinal de contas, o Cavaleiro de Marshall sabia muito mais do que ele sobre como os nobres eram. Além disso, Vento Negro ainda era um filhote. Uma vez que atingisse o tamanho completo, Abel já teria se tornado tão forte que ninguém poderia tirar nada dele.

Para ser honesto, entretanto, esse tipo de pensamento apenas mostrava quão pouco o Cavaleiro de Marshall e Abel sabiam sobre a Guilda dos Ferreiros. Se o Mestre Bentham estivesse aqui, ele teria alertado esses malandros sobre as severas consequências de cruzar um humano com o título de "mestre ferreiro."

"Você ainda tem aquelas armadilhas grandes para bestas com você?" perguntou o Cavaleiro de Marshall. Enquanto ele estava bem ciente de como os cavaleiros-lobo eram aterrorizantes, ele estava muito interessado em encontrar maneiras de atrasá-los.

"Não as tenho comigo agora," respondeu Abel sem esperar ser perguntado sobre suas armadilhas, "Eu montei todas as dez na floresta atrás do castelo. Eu as marquei, embora. Se você quiser, posso recuperá-las até amanhã."

"Você pode fazer os outros ferreiros fabricarem para você?" perguntou o Cavaleiro de Marshall com urgência.

Abel balançou a cabeça, "Provavelmente não, eu acho. Há uma técnica especial que eu usei para fazer uma das peças."

Tendo se tornado um mestre ferreiro, Abel sabia o quanto a tecnologia tinha avançado neste mundo. Dito isso, não muitas pessoas poderiam fazer uma mola de metal da mesma maneira como ele fazia. Para produzir o metal especial que era necessário para fazer uma mola, seria necessário usar uma grande quantidade de carbono para reduzir a durabilidade do aço, enquanto garantindo que sua elasticidade fosse mantida. Esqueça os humanos, apenas mestres anões poderiam lidar com um trabalho tão delicado.

"Você pode fazer muitas dessas armadilhas para mim, Abel? Sei que são feitas para caçar, mas também poderiam ser ótimas ferramentas de defesa se as colocássemos ao redor do castelo.

"Sim," Abel afirmou, "tudo que preciso fazer é as partes mais complexas. Você pode ter os outros ferreiros fazendo as peças mais simples."

"Certo, certo. Faça o máximo dessas partes cruciais. Faça isso sempre que tiver tempo livre. Quero essas armadilhas prontas o mais cedo possível," disse o Cavaleiro de Marshall impacientemente, "Vá dizer ao esquadrão de patrulha onde você montou a armadilha, e eles as pegarão para você. E não saia nos próximos dias. Eu já movi a loja de ferreiros para dentro do castelo. As coisas estão ficando muito perigosas fora do castelo."

À noite, após retornar ao seu quarto, Abel pegou um pouco de leite de ovelha quente de Lindsay e alimentou Vento Negro. Para não derramar, ele também pediu um pedaço de pele de gerbil.

Um gerbil era meio que um rato. Por causa de quão fina e macia era sua pele, ela era frequentemente usada para fazer todos os tipos de pequenos objetos têxteis. Com isso em mente, Abel pediu à empregada para fazer uma chupeta para ele. Embora o produto resultante não fosse muito esteticamente agradável, ele acabou conseguindo uma mamadeira muito útil no final.

Com a chupeta ao lado da boca, Vento Negro começou a sugar o leite de ovelha. Seus dentes prematuros mordiam forte a mamadeira, e seu rostinho parecia muito satisfeito enquanto fazia isso.

Abel nunca teve um animal de estimação quando morava na Terra. Ele não conhecia a sensação de ter um animal de estimação e nunca entendeu as pessoas que tratavam os pets como se fossem seus próprios filhos. Por um tempo, no entanto, ele realmente pensou em Vento Negro como seu próprio bebê.

Enquanto isso, o Cavaleiro de Marshall havia enviado o mapa de pergaminho para o Lorde Dickens. Para ganhar totalmente a confiança do Lorde Dickens, ele até mesmo enviou homens com o corpo inteiro de um worgen morto. Para ser honesto, se não fosse pela urgência das coisas, ele teria feito a visita pessoalmente.

Na manhã seguinte, após acordar de sua cama, Abel foi para a oficina improvisada de ferreiro que foi montada no armazém do castelo. Com a ajuda do Mestre Bentham e dos outros homens, ele reuniu todos os ferreiros e começou a instruí-los sobre as peças que deveriam ser feitas.

Neste momento, Abel já estava bastante familiarizado em criar sua armadilha para bestas. Para as grandes molas grossas que eram essenciais para essa peça, ele passaria um dia inteiro fazendo quinze réplicas delas. Ele fez isso por três dias. Os outros ferreiros também eram bastante rápidos. Sob as instruções de Abel, eles também conseguiram fazer todas as outras peças após três dias.

Tendo montado todas as peças juntas, o Mestre Bentham começou a limar as bordas de todos os dentes nas armadilhas. Isso para que as lâminas penetrassem mais profundamente quando a presa caísse nelas.

Graças à experiência do esquadrão de patrulha, as outras dez armadilhas também foram recuperadas de volta da floresta. Agora havia vinte e cinco armadilhas para bestas prontas para defender o Castelo Harry.

Para testar a eficácia de sua nova armadilha, Abel jogou um galho em cima do almofariz de pressão, que, num piscar de olhos, foi perfurado por seus dentes afiados como navalhas. Se o galho fosse a perna de uma montaria, então o worgen montado nela teria imediatamente perdido a capacidade de se mover. No geral, foi um resultado que o Cavaleiro de Marshall ficou muito satisfeito.

E isso deveria ter encerrado a invasão ali mesmo. Para começar, os orcs nunca teriam atacado um castelo com apenas algumas equipes ao seu lado. As paredes eram altas demais para que suas montarias tivessem qualquer utilidade, e um empurrão forçado resultaria apenas em baixas desnecessárias. Eles não eram tecnologicamente avançados o suficiente para desenvolver qualquer tipo de máquina de cerco. Com tudo isso fora do caminho, o único ativo que eles tinham eram seus lobos, mas mesmo um cavaleiro lobo do rank sete não poderia pular o portão do castelo.

Tão impotentes quanto os orcs estavam contra uma fortificação, o Cavaleiro de Marshall fez todos se concentrarem no centro do Castelo Harry. Ele reforçou alguns pontos fracos do castelo com as grandes armadilhas para bestas, especialmente na floresta a cerca de trinta metros atrás do forte. Se os orcs estivessem procurando uma invasão, ele precisaria impedi-los de ter acesso a uma grande quantidade de madeira. Se as armadilhas fossem ativadas, os batedores saberiam a direção do ataque imediatamente.

Após terminar as armadilhas solicitadas, Abel finalmente teve algum tempo livre para si mesmo. Em vez de fazer uma pausa, no entanto, ele decidiu recordar seu último encontro com o worgen.

Olhando para trás, aquela luta com o worgen realmente fez ele entender sua diferença para alguém com uma ocupação oficial. Sim, um Cavaleiro Novato rank cinco estava apenas um rank distante de um detentor de ocupação oficial, mas um Cavaleiro Novato rank cinco não podia multiplicar seus poderes com qi de combate.

Apesar de sua lesão, aquele worgen havia superado completamente Abel em todos os modos concebíveis. Honestamente, ele estava sendo completamente dominado naquele momento. Se não fosse por sua sorte, ele nem tinha certeza se estaria onde estava agora.

Uma vez tendo alcançado o rank de detentor de ocupação iniciante, alguém poderia utilizar seu qi de combate para aumentar sua força física. Por outro lado, um detentor de ocupação intermediário poderia canalizar seu qi de combate para sua arma. Era a mesma técnica que o Cavaleiro de Marshall havia usado fora da Cidade da Colheita. Ao carregar sua energia em sua espada pesada, tanto o poder quanto a nitidez de sua arma eram dobrados. Isso apenas mostrava quão insana essa técnica era.

As coisas não pararam por aí, no entanto. Após se tornar um detentor de ocupação avançado, alguém poderia essencialmente lançar ataques de médio alcance com seu qi de combate. No campo de batalha, ele poderia mesmo subjugar um exército de cerca de cem homens.