Ao terminar de ler a mensagem, a tela preta simplesmente sumiu. Depois de dias finalmente estava acordado de verdade, a adrenalina, junto com o medo e curiosidade, percorria todo meu corpo da cabeça aos pés.
Algumas palavras me deram milhares de perguntas não respondidas como: "Profeta? Reencarnação? O que essa mensagem era? Quem escreveu isso?" E muitas outras ocupavam minha mente.
Comecei a girar meu corpo desesperadamente procurando por qualquer sinal de vida, aliás, não precisava estar vivo só algo que pudesse encostar. Algo que eu soubesse que realmente existia.
Não tinha a mínima ideia do que Diogo havia feito, se realmente estava morto. Mas lendo aquela fase, 'O profeta morreu', tive certeza da minha morte.
Uma pergunta que nunca imaginei que faria na minha vida, nesse caso morte, é questionar aonde reencarnaria. Se seria um lugar quente como o Brasil ou frio como o Canadá, se eu seria rico ou pobre e... Se eu encontraria Anne novamente.
Esvaziando minha cabeça de todas as perguntas, uma dor agonizante surgiu. Nem se comparava a dor dos sonhos, era mais intensa, mais forte, mais cruel e, embora já estivesse morto, desejei morrer novamente só oara não sentir isso.
Havia várias tipos de dores e tortura sentidas no meu corpo ao mesmo tempo, a dor de ser queimado vivo, se afogar, ter cada membro arrancado, cada osso quebrado e cada músculo rompido. Isso durou por aproximadamente uma hora e logo depois parou.
Minha mente estava a beira da loucura quando outra tela surgiu.
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Mensagem:
Preparativos emcerrados. O corpo foi escolhido e está pronto. Levando alma do Profeta até o receptáculo.
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Outra vez as letras não estavam mais à vista, uma luz, quase uma faísca, branca surgiu. Como o fogo queimando a luz foi aumentando cada vez mais, ao ponto de o lugar outrora escuro agora estava claro e brilhante.
A luz não parava de aumentar, ela cresceu tanto que mesmo de olhos fechados a luz branca invadia meus olhos, de repente a luz ficou um pouco mais fraca, tolerável. Abrindo os olhos para verificar o que havia acontecido me deparei com outra tela.
Dessa vez não era uma mensagem falando sobre o profeta ou algo do tipo, mas sim um protocolo de segurança o qual fazia uma única pergunta.
'Você aceita ser um profeta?'
Instantâneamente sabia qual escolha era mais segura. A rejeição. Não faço a mínima ideia do que é isso, porém se aceitar essa coisa que pode me reencarnar, então isso é perigoso e, provavelmente, muito poderoso.
Decidido da minha resposta, falei em voz alta. "Nã-"
"Olá senhor Willian." A voz familiar de Diogo me cortou. "Faz algum tempo desde a última vez. Espero que esteja bem."
Procurei a voz freneticamente, em todos os lado e direções, mas não havia mada além de uma tela preta e o espaço completamente branco. Aceitando que não o encontraria respondi. "Sim, estou. Mas não entendo o porquê de estar aqui, ou melhor, estar falando comigo, pois não sei onde está ou o que quer."
"Direto ao ponto. Agradeço, isso me poupará muito tempo, como se lembra de mim acho que se recorda do nosso acordo, certo?"
"Sim. Mas o que eu poderia..." Ele realmente armou tudo, minha morte e posteriormente minha reencarnação. O favor cobrado será esse, porém o que pode acontecer se eu recusar? Afinal já estou morto.
"Agora cobrarei minha parte do acordo. Cada deus tem o seu profeta e eu como deus da morte escolhi você pra ser meu respectivo apóstolo."
Merda. Ele não estava brincando quando disse que o camavam de morte.
O silêncio prevaleceu, já sabia o que fazer, só deveria dizer sim, contudo paralizei. Meu corpo não respondia, minha boca não se mexia e olhos focaram no mesmo lugar por um bom tempo.
Esse mísero momento pareceu uma eternidade, eu não tinha controle de nada, era torturante estar consciente enquanto meu corpo paralizava-se. De repente olhos voltaram a funcionar, olhando para mim mesmo, vi marcas, símbolos pretos irregulares, hipnotizantes e eletrizantes.
A cada segundo eles cresciam, ocupando centímetro por centímetro do meu corpo, tudo que via, meus braços, pernas, dedos e até unhas foram cobertos por um breu.
Me senti poderoso. Me senti invencível. Naquele momento a sensação de que era o ser mais poderoso existe imundou meu corpo, toda a fibra do meu ser reafirmava isso. As palavras sairam num sussurro, mas confiantes.
"Sim, eu aceito ser um profeta"
Na mesma velocidade em que apareci de lá, eu desapareci. Estava vendo uma luz, assim como dizem: a luz no fim do túnel. Quando saí do "túnel" uma mulher me segurou.
"É um menino. Ele parece bem e saudável, como esperado do clã Silverback." A mulher mostrava felicidade ao pronunciar cada palavra.
"Muito obrigado, parteira. Mais uma vez um filho meu veio ao mundo graças a senhora." Era uma voz masculina que falava, porém não consegui ver quem era.
Quando o homem agradeceu a parteira, ela se curvou desesperada. "Eu que agradeço o senhor por me dar esse oportunidade mais uma vez, Patriarca."
Sem esperar o homem pedir, a parteira me entregou a ele e se retirou. Finalmente vi seu rosto, seus olhos e cabelos negros eram o oposto de sua pele, plácida e braca, seus traços me deram a impressão instantânea de força.
Seu rosto era gélido e seu semblante indecifrável, o que deixava ele mais sério e assustador. Não sabia qual era seu nome e nem sua idade, mas de algo eu tinha plena confiança: eu odiaria ele.
E algo me dizia que não seria muito bom odiá-lo, mesmo assim sua expressão vazia me dava nojo e sua voz sem emoção era nauseante.
Ao terminar de estudaá-lo percebi que ele também estava me estudando, analisando cada parte do meu rosto e quando acabou soltou um sorriso irônico.
"Bem vindo ao mundo, meu mais novo filho, Matteo Silverback. Tenho certeza que terá um futuro brilhante."
Com essa simples frase determinei algumas coisas:
1- Esse cara é louco, e provavelmente muito forte.
2- Eu realmente reencarnei em outro mundo, agora meu nome é Matteo Silverback.
3- O favor do Diogo vai ser realmente uma merda.