A guilda e o Homem misterioso.

Após se reencontrarem com o restante da turma, ofegantes e ainda sob o impacto da batalha, o grupo de Shin foi cercado por perguntas. Lyra foi a primeira a ser questionada sobre seu estado. — Estou bem — ela respondeu, ainda um pouco abalada, mas com um sorriso reconfortante.

Seraphina, porém, não perdeu tempo e se aproximou de Shin, seus olhos cheios de incredulidade. — Como você foi capaz de enfrentar aquele monstro colossal? — perguntou, sua voz misturando admiração e desconfiança.

Shin encolheu os ombros, tentando parecer modesto. — De alguma forma, eu era forte o suficiente para enfrentá-lo por algum tempo.

Seraphina franziu a testa, claramente insatisfeita com a resposta. — Não faz sentido um calouro ser tão forte. E muito menos ser espadachim e mago ao mesmo tempo.

Shin a cortou, sua voz firme. — Não só é possível, como eu sou exatamente isso: um mago-espadachim.

Ela não se deu por vencida. — Mesmo assim, você provavelmente não conseguirá ir longe no torneio contra os veteranos. Talvez consiga ganhar pelo menos uma rodada.

Antes que a discussão esquentasse, Tharion interveio.

— Ei, pessoal, os professores estão chegando. Melhor acalmar os ânimos.

Os professores se aproximaram, visivelmente irritados. — Nós dissemos para não irem fundo na floresta, e mesmo assim vocês foram — repreendeu um deles, cruzando os braços.

Shin não se intimidou. — Estávamos lidando com monstros de rank (A) tranquilamente. O monstro de rank (S) foi atraído por Seraphina.

O grupo de Seraphina não hesitou em apontar o dedo. — Ela nos deixou para trás e correu sozinha. Se não fosse pelo outro grupo, ela já teria morrido.

Seraphina ficou sem graça e baixou o olhar, sem conseguir rebater. Os professores, apesar de bravos, reconheceram a bravura do grupo de Shin.

— Vocês foram imprudentes, mas também corajosos. Parabéns por enfrentarem um monstro de rank (S) e por salvarem uma colega.

Shin aproveitou o momento para pedir permissão. — Podemos ir até a guilda vender os núcleos dos monstros que eliminamos?

Os professores concordaram, mas pediram para ver os núcleos primeiro. Shin mostrou o que haviam coletado: 63 núcleos no total, sendo 40 de rank (C), 13 de rank (B) e 10 de rank (A).

Todos ficaram espantados com a quantidade. Tharion sorriu, orgulhoso. — Isso é o que chamamos de trabalho em equipe!

Os professores permitiram que Shin e seu grupo fossem à guilda, mas ordenaram que voltassem imediatamente após a venda.

Na guilda, Shin caminhou até o balcão e se dirigiu à recepcionista. — Vim vender os núcleos dos monstros que meu grupo matou.

A mulher ergueu os olhos, inicialmente distraída, mas sua expressão mudou completamente quando Shin retirou os 63 núcleos da bolsa e os colocou sobre a bancada. Os núcleos de rank (C) brilhavam suavemente, os de rank (B) tinham um tom metálico pulsante, e os de rank (A) emanavam uma energia que fazia o ar vibrar.

— Isso... é impressionante — murmurou a recepcionista. — Vou precisar de um tempo para contar tudo isso. Você tem um ranking de aventureiro?

Shin concordou. — Sim, atualmente sou rank (D). Faz algum tempo desde minha última missão.

Os colegas ao seu lado trocaram olhares de espanto. — Rank (D)? Como isso é possível? — perguntou Tharion, ainda tentando processar a informação.

Enquanto a recepcionista começava a contar os núcleos, Lyra se aproximou de Shin e sussurrou: — Você realmente não é como os outros alunos, não é?

Shin sorriu de leve, mas não respondeu. Ele sabia que ainda tinha muito a aprender.

De repente, um homem alto e barbudo entrou na guilda. Usando uma armadura pesada, ele chamou a atenção de todos. Seus olhos pousaram sobre Shin, e ele soltou uma risada rouca. — Então você é o garoto que derrotou os Rakthars sozinho? Impressionante... gosto desse tipo de principiante. Veremos quanto tempo você dura no torneio da academia.

As palavras do homem ecoaram pela guilda, deixando todos em silêncio. Shin manteve a calma, mas sua postura ficou firme. Ele olhou diretamente para o homem e perguntou: — Quem é você?