PROLOGO

 DISTURBIO COSMICO

12/03/1998

O dia em que vi pela primeira vez algo no céu. Era vermelho-escuro, e caiu perto de casa. Achei que fosse um meteoro, mas isso não fazia sentido. Com a pressão atmosférica, ele deveria ter se desintegrado, né? Fiquei me perguntando. Decidi averiguar.

Era uma pedra. Estranhamente brilhante. Cheia de buracos do tamanho de bolinhas de gude. Dentro delas, escorria um líquido viscoso e preto... mas, de algum jeito, era um preto colorido. Parecia se mover sozinho, refletindo cores que não faziam sentido. Nunca tinha visto nada parecido. Parecia perigoso. Não queria tocar. Mas se eu não tocasse, como pegaria?

Decidi deixar lá.

13/03/1998

No dia seguinte, meu cachorro, Bolt, estava estranho. Rosnava para tudo. Não comia. Tentava brigar com qualquer cachorro que passasse na rua. Sempre foi um cachorro dócil, brincalhão. Mas agora... agora ele ficava se encolhendo em um canto e, quando alguém chegava perto, mostrava os dentes.

Aquilo não era normal.

Decidi checar a pedra de novo. Caminhei até o local da queda. Ela ainda estava lá. Mas algo estava diferente. O líquido preto tinha se espalhado ao redor dela, formando manchas no solo. O chão parecia... podre. Como se tivesse sido queimado, mas sem fogo.

Toquei o chão ao redor. Estava seco, duro. Como se toda a vida ali tivesse sido drenada.

Foi quando ouvi Bolt uivando em casa. Um som agudo, desesperado. Saí correndo.

14/03/1998

Passei a noite acordado com Bolt. Ele ficava tremendo, olhando para os cantos da sala como se visse algo que eu não via. De madrugada, ouvi barulhos no quintal. Passos. Movimentos estranhos. Como se alguém estivesse ali. Mas, quando olhei pela janela, não havia nada, Bolt começou a arranhar o chão. Primeiro devagar, depois com força. Quando me aproximei, vi que suas patas estavam machucadas. Ele rosnou para mim. Mas não era um rosnado comum. Era... gutural. Errado.

Senti um cheiro estranho no ar. Aquele mesmo cheiro que senti perto da pedra.

Foi então que percebi.

Tinha algo dentro de Bolt.

E ele não era o único.

 fim