Capítulo 2 - O Primeiro Laço
A Curiosidade de Horuma
Aos seis anos, Horuma Akihiro já era considerado um prodígio na Casa de Lunaris. Ele dominava feitiços avançados que até mesmo magos experientes tinham dificuldade em realizar. Porém, apesar de sua habilidade, um sentimento de tédio o acompanhava constantemente.
"Este mundo é grande demais para eu ficar preso aqui nessa mansão", pensava ele, olhando pela janela em direção à vasta floresta que se estendia além das fronteiras de sua casa.
Sempre ouvira histórias assustadoras sobre a Floresta Sombria. Um lugar repleto de monstros e mistérios, mas também de segredos mágicos que despertavam sua curiosidade. Ele sabia dos perigos, mas o desejo de explorar superava seu medo.
Uma manhã, sem avisar ninguém, Horuma decidiu que iria se aventurar sozinho na floresta. Escondeu-se dos criados e de sua irmã Liliana e, pegando uma pequena adaga e uma capa no armário de seu pai, partiu.
"Não deve ser tão perigoso assim. Além disso, sou bom o suficiente para lidar com qualquer coisa", murmurou para si mesmo, tentando se convencer.
A floresta era densa e úmida, com o som das folhas farfalhando ao vento sempre a deixando alerta. Após caminhar por quase uma hora, ele chegou a uma clareira onde flores brilhantes surgiam, iluminando o ambiente escuro ao redor.
"Uau..." Horuma se ajoelhou, maravilhado, e tocou uma das flores que emanava uma luz suave.
No entanto, seu momento de fascinação foi interrompido por um grito agudo vindo de algum lugar mais adiante.
O Encontro com Elin
Horuma correu na direção do som, sentindo o coração acelerar. Quando chegou ao local, se deparou com uma cena que parecia saída de um conto de fadas: uma jovem elfa, com longos cabelos verdes e orelhas pontudas, lutava contra três bandidos.
Ela empunhava um arco com destreza, disparando flechas que quase atingiam seus inimigos. Mesmo com toda sua habilidade, parecia estar se esgotando.
"Maldição... eu não vou perder para esses idiotas!", gritou a elfa, ofegante.
Os bandidos riam.
"Vamos lá, mocinha. Não resista. Prometemos ser gentis... se você cooperar."
"Gentis? Com alguém que rouba e ameaça? Nunca!", respondeu a elfa, com raiva.
Horuma sentiu o sangue ferver ao ouvir aquelas palavras. Não podia simplesmente ficar parado.
"Ei, covardes!", gritou, saindo das sombras das árvores.
Os bandidos se viraram, surpresos ao ver um garoto aparecer na clareira.
"O que temos aqui? Um pirralho?", zombou um deles.
"Estou avisando... saiam daqui ou vão se arrepender!", disse Horuma, erguendo a mão.
"Você só pode estar brincando!", debochou o líder dos bandidos, avançando com uma faca.
Antes que ele pudesse chegar perto, Horuma conjurou uma rajada de luz, fazendo o bandido ser arremessado para trás.
"O quê?!", exclamaram os outros dois, recuando, assustados.
A elfa olhou para Horuma, impressionada.
"Você sabe usar magia?"
"Isso não importa agora. Fique atrás de mim", respondeu ele, concentrado nos bandidos.
Apesar de suas provocações, os bandidos decidiram recuar e fugir para a floresta. Horuma suspirou aliviado e se virou para a elfa.
Diálogo e Tensão
A elfa, ainda desconfiada, cruzou os braços.
"Quem é você?"
"Horuma. E você?"
"Elin. Mas o que um garoto está fazendo sozinho em uma floresta tão perigosa?"
"Eu poderia perguntar o mesmo", respondeu Horuma, com um sorriso travesso.
Elin franziu a testa, mas antes que pudesse continuar, se desequilibrou e quase caiu. Horuma a segurou rapidamente.
"Você está ferida!"
"Não é nada... só um arranhão", respondeu ela, tentando disfarçar.
Horuma não acreditou nela. Ajoelhou-se e começou a conjurar uma magia de cura básica que havia aprendido. A luz dourada de suas mãos envolveu o braço de Elin, fechando o corte.
"Você... sabe usar magia de cura também?", ela perguntou, surpresa.
"Eu sei muitas coisas. Agora, você vai me contar o que estava fazendo aqui?"
Elin hesitou, mas finalmente cedeu.
"Estou procurando um artefato antigo que dizem estar enterrado nesta floresta. É importante para o meu povo."
"Artefato? Isso soa interessante. Posso ajudar", disse Horuma.
Elin olhou para ele, desconfiada.
"Você quer me ajudar? Por quê?"
Horuma deu de ombros.
"Porque eu gosto de aventura. Além disso, você parece precisar de ajuda, mesmo que não queira admitir."
Elin suspirou, derrotada.
"Está bem. Mas fique fora do meu caminho, entendido?"
Horuma sorriu, achando graça da atitude mandona de Elin.
A Primeira Aventura
Os dois seguiram em frente, enfrentando pequenos desafios pelo caminho. Horuma logo percebeu que Elin era uma arqueira habilidosa, mas também teimosa e um pouco desconfiada. Apesar disso, ele se divertia com sua companhia.
Em determinado momento, eles se depararam com um grupo de lobos selvagens bloqueando a trilha.
"Isso vai ser complicado...", disse Elin, já pegando uma flecha.
"Deixe comigo", respondeu Horuma, antes que ela pudesse protestar.
Com um movimento rápido, Horuma conjurou uma parede de fogo que fez os lobos recuarem imediatamente.
"Você é cheio de surpresas, não é?", comentou Elin, com um sorriso discreto.
"Pode apostar", respondeu Horuma, com um brilho de diversão nos olhos.
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Clímax do Capítulo
Após horas de caminhada, os dois chegaram a uma caverna oculta entre as árvores. Elin apontou para a entrada.
"É aqui."
Dentro da caverna, eles encontraram o artefato: um cristal brilhante que exalava uma energia mágica poderosa.
"Isso é incrível...", murmurou Horuma, maravilhado.
Mas antes que pudessem pegar o cristal, uma criatura monstruosa surgiu das sombras. Era um ser enorme, com garras afiadas e olhos vermelhos brilhantes.
"Fique atrás de mim!", gritou Horuma, conjurando sua barreira mágica.
Elin, porém, não obedeceu.
"Eu posso lutar também!", disse ela, pegando seu arco.
Apesar da tensão, os dois trabalharam juntos para derrotar a criatura. Horuma usou magia para distraí-la enquanto Elin disparava flechas certeiras. No final, Horuma lançou um feitiço poderoso que destruiu o monstro.
Ofegantes, os dois saíram da caverna com o cristal em mãos.
"Acho que fizemos uma boa equipe", disse Horuma, sorrindo.
Elin olhou para ele e, pela primeira vez, sorriu de volta.
"Talvez você não seja tão inútil quanto eu pensava."