Vampiros são criaturas extraordinárias, geralmente conhecidas por se alimentarem de sangue, com poderes sobre-humanos. Sempre achei que eram superstições idiotas do imaginário popular, e gostaria de continuar acreditando que eram só isso, mas tudo mudou depois daquele ocorrido.
Meu nome é Alan, um estudante comum do oitavo ano. Não sou muito destacado em nada, apenas um estudante do ensino fundamental. Mesmo sendo assim, tenho uma vida boa, com amigos e uma garota de quem gosto, não tenho nada do que reclamar. Aliás, sou intercambista e moro na Espanha; vim do Brasil.
Capítulo 1
Eu podia ouvir o barulho de algumas árvores se mexendo com o vento e a luz do sol batendo em mim. Também ouvia pessoas falando, e uma voz se destacava das outras, ficando mais alta. Sentia algo me balançando, algo quente escorria pelo meu rosto, e a voz tornava-se mais imperativa, mas eu sentia como se estivesse afundando cada vez mais.
— Estou morrendo? — Pensei em voz alta.
Era uma sensação de paz, eu estava em paz, até que uma voz feminina, com raiva, disse:
— Morrendo? Que nada! Seu imbecil, já deu a hora de ir embora!
Com uma onda de luz invadindo meus olhos, forcei-me a ver ao redor. Era uma sala de aula. Meio abobalhado, olhei para a fonte da voz: uma garota que parecia brilhar como o sol, com longos cabelos vermelhos. Senti um leve rubor nas bochechas, o que é incomum para mim.
Ela me olhou com uma expressão brava e impaciente e disse:
— Tá olhando o quê? Pega sua mochila, já está na hora de ir. E limpe essa baba, está nojento.
Aos poucos, fui despertando e me recordando. A garota à minha frente se chama Isadora, e ela é minha melhor amiga. Notando como ela me olhava, corri para pegar a minha mochila e disse:
— Já vou, Adora, se acalma. Apressado come cru.
— Se for o caso, você vai comer queimado, Alan.
Já do lado de fora, Adora andava rápido, e o sol era impiedoso. A rua para nossas casas era a mesma, já que somos vizinhos, então sempre íamos juntos. Não era porque tínhamos medo do bosque sinistro ao lado, o único problema era:
— Olha, uma casa mal-assombrada! Vamos entrar! — disse Adora.
— Má influência você é — pensei genuinamente.
Adora me olhou incrédula e disse:
— Nem vem com essa. Você prometeu que faria o que eu quisesse hoje, e eu estou cobrando.
Sem muita escolha e para evitar que ela se machucasse, fui junto. A casa tinha uma aparência religiosa, caindo aos pedaços, e ficava no meio do bosque. Eu estava com medo, mas notei algo: essa casa sempre esteve aqui? Nunca a tinha visto antes. Continuamos explorando a casa, que só deixava alguns raios de sol entrarem. O ambiente era sinistro, e Adora, que sempre parecia não sentir medo, estava meio retraída. Exploramos tudo, exceto o sótão. Procurei a abertura até o sótão ou as escadas e acabei encontrando um elevador antigo, de madeira. Sem pensar, Adora entrou no elevador e empurrou uma alavanca. Apesar do susto, o elevador começou a subir devagar, e ficamos cinco minutos subindo, fazendo parecer que a casa era enorme.
Adora parecia ansiosa, mas bem, até que disse com curiosidade e ansiedade:
— O que será que tem lá em cima? E de quem é essa casa?
— Ficou com medo? — falei sorrindo.
Adora me encarou e disse firme:
— Lógico que não, só estou curiosa. Não lembro de ter uma casa no bosque na rua para casa.
— Eu já tinha pensado nisso, é meio suspeito. Mas é impossível a casa ter aparecido do nada, né?
Adora me olhou, sorriu e disse confiante:
— Que ideia idiota! Como uma casa apareceria do nada? E qualquer coisa, eu te protejo.
Olhei para Adora, nervoso, e só consegui assentir. Aquela casa me passava uma sensação estranha, mas Adora, com sua autoconfiança, não se abalou. Ela era alguém com um corpo muito mais forte que as outras pessoas de sua idade, rivalizando com quatro homens adultos. Como? Eu não faço ideia. Sua força e inteligência a colocaram no topo da cadeia alimentar e a tornaram incapaz de reconhecer o perigo à espreita. Eu, que já senti o gosto da morte antes, sabia reconhecer suas mãos geladas. Ao entrar nesse cômodo, percebi algo estranho: era muito maior que o exterior.
O quarto era mal iluminado, e somente a janela servia como fonte de luz. Não havia mais nada para projetar luz aqui dentro. Eu estava começando a me sentir nervoso, mas Adora parecia entusiasmada, vendo uma mesa de jantar com diversos objetos que pareciam de prata. Adora colocou um copo na mochila. Minha reação foi de descrença:
— Adora, você pensa? E se alguém sentir falta?
— Quem sentiria falta? Esta casa não parece ter ninguém há anos.
Insisti, e ela acabou devolvendo o copo. Mas o ar desse cômodo era bizarro, denso e úmido. Havia muitos quadros de um homem, mas seu rosto não era identificável, pois a poeira bloqueava a visão, quase propositalmente. Percebi que os porta-retratos eram feitos de madeira de carvalho, com cruzes cristãs entalhadas. Nas taças e garfos também havia cruzes e inscrições em uma língua muito semelhante ao latim, mas com alguns caracteres que eu nunca tinha visto antes.
Adora observava tudo como um gato curioso, marcando seu território. Dirigiu-se a uma cozinha, onde havia uma estatueta de Cristo. A cozinha era grande, com armários feitos de ébano e detalhados com latão. Diversos símbolos religiosos cristãos estavam esculpidos na madeira. Aquilo estava ficando macabro, então resolvi falar com Adora:
— Vamos embora daqui, acho que já deu.
— O quê? Agora que estou vendo coisas legais? Olha isso que achei!
Ela me mostrou uma peça de xadrez, a peça do rei, feita de ouro.
— Onde você achou? — perguntei, um pouco aflito.
— Achei aqui — sua resposta parecia boba, de alguém que não reconhecia o perigo à espreita.
Ela mostrou uma bancada e colocou a peça onde havia pegado. O que me fez sentir que minha cueca estava pastosa foi que a peça estava em cima de uma planta. Onde a peça estava era exatamente na cozinha, e havia um bispo onde seria o andar de baixo. Havia também outro rei em cima do que seria o andar de cima, que não deveria existir, já que a casa só tinha dois andares. Desviei o olhar e disse para Adora:
— Vamos sair daqui — foi uma frase fraca, como se me faltasse ar.
Adora permanecia inabalável, ignorante do perigo. Eu também não reconhecia o perigo adequadamente, mas algo em mim queria sair e correr. Eu não queria entender a mensagem das peças, queria desviar minha mente daquilo.
Talvez a confiança de Adora fosse sustentada por um corpo robusto e forte como um tigre. Quanto a mim, só me restava minha mente como arma, pois meu corpo era magro e fraco; talvez o vento pudesse me levar. Diante daquele hall estranho e tenso, agora eu notava um corredor para um quarto que eu tinha quase certeza que não estava ali antes. Devia ser coisa da minha cabeça perturbada, que já estava desconfiando da própria sombra.
No instante em que percebeu o corredor, Adora foi em sua direção, agarrando meu pulso e me puxando. Eu tentava resistir, mas, comparado a Adora, que era uma muralha musculosa, eu não devo ter oferecido mais resistência do que uma criança. Olhando o corredor, vi vários quadros de um homem grande e forte com uma mulher vestida de noiva, e seus rostos, coincidentemente, estavam escondidos. Chegamos a uma porta de madeira vermelha e densa, com uma maçaneta dourada e uma parte de prata na base. Na porta, havia mais cruzes entalhadas. Adora olhava a porta com atenção, comentando como era linda, e tentava abri-la. A única coisa que pensei era que Adora não tinha nenhum senso de perigo, e então disse o óbvio para ela:
— Eu não quero entrar aí, eu quero voltar.
— Deixa de ser medroso. Já estamos aqui e vamos até o final agora. — Ela segurava minha mão com força para que eu não corresse.
Olhei para trás e observei o elevador com o número três na porta, indicando o andar. Algo que deveria ser impossível, já que não subimos no elevador e não deveria haver um terceiro andar. Me distraí em pensamentos, mas fui puxado de volta à realidade quando Adora resolveu arrombar a porta com um chute.
— O que você fez, sua doida? — Disse alarmado com o barulho repentino. — Você é doida? E se alguém lá fora ouvir esse barulho e chamar a polícia?
— Quem iria ouvir? Não tem ninguém naquela rua. — Disse ela, presunçosa.
Eu estava indignado, mas realmente não havia ninguém lá fora... o que não era nada calmante de pensar, já que ninguém poderia ouvir meus gritos também...
Olhando para dentro do quarto, era possível ver uma pequena mesa com papéis e uma caneta tinteiro. Ao fundo, perto da janela, havia uma cama de casal. O quarto era enorme, e as janelas estavam cobertas por uma cortina de seda com mais símbolos religiosos tecidos nela. A luz fazia a cortina parecer brilhar. Centralizado na parede à minha frente, tinha um quadro enorme de alguém com uma mulher, possivelmente sua esposa, e seus rostos eram impossíveis de ver por causa da poeira. Logo abaixo do retrato, havia um baú. Sua madeira era algo que nunca vi antes, uma madeira branca com entalhes de cruzes e uma língua impossível de ler. Também havia um cadeado enorme feito de prata, oxidado pelo tempo ou talvez pelo que estivesse lá dentro.
Aquele baú me passava uma sensação horrível de perigo. Eu estava paralisado como uma gazela em frente a um leão. Adora também parecia nervosa, mas combativa como um tigre enfrentando outro tigre. Tudo no ambiente pesava. Seja o que fosse que estivesse dentro, eu não queria saber. Sentia que qualquer ruído desencadearia algo ruim. Olhei para Adora, que também estava parada, até que ela se abaixou e pegou um objeto do chão que não consegui identificar e, de repente, o arremessou no baú. O impacto fez um enorme barulho, e o cadeado de prata quebrou, caindo no chão e fazendo outro barulho enorme. Por um momento, o tempo pareceu congelar, e cinco segundos se passaram. Adora então disse:
— Viu? Não havia nada lá.
Adora mal havia fechado a boca quando, de repente, a tampa do baú voou batendo no teto, e do baú saiu um tentáculo de carne sem forma exata, com olhos e ossos. Ele fez um ataque, mas Adora nos jogou no chão, e ele acabou errando, acertando a cortina com um golpe horizontal, destruindo-a. Com isso, a luz que entrava no quarto pela janela formou uma barreira de luz entre nós, queimando um dos tentáculos do monstro, que guinchou de dor, apesar de não ter nenhum órgão visível que produzisse som. Com toda a minha sagacidade, virei rapidamente para correr pela porta, mas acabei dando de cara com a porta fechada. Quem foi o gênio que a fechou? Porque ela estava aberta, era o que eu pensava até que Adora falou comigo.
— Você está bem? — Uma expressão apreensiva estava no seu rosto, o que era incomum.
— Alan, seu nariz está sangrando. — Ela disse, sem me olhar, com os olhos na criatura.
Limpei o sangue que escorria do meu nariz, e no mesmo instante, aquela coisa começou a atacar tudo desesperadamente, em fúria. Ela destruiu tudo dentro do quarto: os quadros, a cama. Somente o baú onde a massa de carne estava permaneceu intacto.
— Ei, Adora, me ajuda a abrir a porta aqui. — Disse enquanto chutava a porta desesperado para fugir.
Adora me olhou e disse: — "É inútil, essa porta parece ser reforçada. Só nós dois não vai adiantar."
Não importava o que fizéssemos, aquela coisa parecia determinada a nos matar. Seus tentáculos tentavam passar pela luz a todo custo, mas sempre chegavam na metade e recuavam. Até que, de repente, comecei a ouvir uma voz que me chamava e tentava me puxar para o outro lado da luz. De repente, eu já não estava mais lá. Eu estava em casa, e minha mãe estava pondo a mesa para o jantar. Então ela se virou e disse:
— Vem, filho, a comida já está pronta.
Eu me senti induzido, e então dei um passo à frente. Eu estava feliz. Minha mãe, que não via há meses, estava na minha frente. Tudo aquilo foi só um pesadelo. Eu já estava para ir quando, de repente, um tapa acertou minha cara com tudo.
— Você está louco, cara? Se andar para a frente, aquela coisa vai te matar.
Eu me senti atordoado. Eu estava em casa há alguns momentos atrás... Eu me sentia tonto, como se fosse vomitar meu estômago, mas essa distração não durou muito, porque, de repente e sem aviso, aquela coisa, já enlouquecida, começou a gritar, mas não a gritar qualquer som animalesco. Ela estava gritando um nome, meu nome, de uma forma horrorizante. A coisa gritava de forma profunda e falha. Apesar de gritar, não havia boca ou qualquer coisa para produzir som. A coisa continuava a gritar:
— CARRLOSSS, CARLOOOOOSSSS CARLOOOOOS
Adora me olhou com um rosto aterrorizado. A voz tremia o quarto todo. Ela gritou, perguntando:
— QUEM CARALHOS É CARLOS? — Ela falou, me encarando. Então, com uma voz chorosa, eu disse:
— Carlos sou eu. Eu sou Carlos, e aquela coisa... aquela coisa quer me matar.
— Mas eu nem fiz nada para aquela coisa. — Minha mente, entorpecida pelo medo, procurava qualquer razão para se agarrar.
Adora, em choque, só conseguiu ficar calada e pegar um machado que estava na parede, atrás de nós, em um brasão antigo. Então, ela disse com alguma insegurança no rosto:
— Fica calmo, porque eu vou te proteger daquela coisa.
O sol começou a se pôr, e aquela coisa sabia, pois começou a tentar passar por cima da barreira de luz, mas ainda sem sucesso. Aquela coisa rugia sem parar e estava em um estado insano, grunhindo meu nome. Apesar de gritar, eu podia sentir que aquela coisa não tinha consciência. Tudo que a movia era um puro instinto de matar. O sol já estava se pondo, e a barreira solar já não nos protegia mais. Aquela coisa atacou, passando por cima da luz restante, e Adora conseguiu cortar o tentáculo, que agora tinha a grossura de um homem adulto. Apesar do feito incrível, o tentáculo não recuou. Pareceu ignorar a dor e agarrou Adora, jogando-a contra a parede, o chão e o teto. Adora lutou para se libertar, mas inutilmente, e o machado já não estava em sua posse. Quase inconsciente, Adora foi jogada pela janela. A casa originalmente tinha dois andares, mas agora parecia ter mais de dez. Vendo essa altura, tudo que pude fazer foi gritar "Adora". Já não havia sol entre mim e aquela coisa. Antes que eu pudesse processar a queda de Adora, fui perfurado por aquela coisa no peito, me atravessando...
— Isso dói — foi a única coisa que consegui dizer antes de sangue escorrer da minha boca.
O sangue estava escorrendo como água de uma torneira, e eu estava sufocando-me no meu próprio sangue e engasgando. Não, eu não poderia estar sufocando pelo sangue, já que meus pulmões provavelmente já estavam destruídos. Eu podia sentir pedaços da minha carne pulsando e se mexendo de formas que não deveriam fazer. A coisa que havia me erguido pelo tentáculo, que atravessava meu dorso, de repente me jogou no chão, quebrando qualquer osso que ainda estivesse inteiro. Aquela coisa estava me mantendo vivo? A essa altura, eu já deveria ter morrido, mas por quê?
A coisa saiu do baú. Era uma bola de carne com ossos expostos e olhos por todo lugar. Ela se aproximou, rastejando no chão como uma lagarta. Seu corpo e órgãos eram asquerosos, com ossos e olhos expostos por diversos lugares daquela almôndega pulsante e nojenta. De repente, a coisa produziu um tentáculo logo embaixo do seu corpo, que a fez ficar suspensa no ar de forma bizarra. Então, esticando e usando o tentáculo, aquilo veio quase como se flutuasse até mim. Mais tentáculos surgiram da almôndega infernal. Aquelas coisas se projetaram e se enfiaram dentro da ferida do tentáculo que me atravessava, de modo que o tentáculo que me erguia saiu de dentro de mim. Os outros dois ficaram a me segurar pelas costelas, ou o que sobrou delas. Aquilo já não doía e parecia que minha vida estava prestes a se esgotar, mas foi quando os tentáculos, não satisfeitos com meu sofrimento, começaram a abrir minhas costelas, causando uma onda de dor enlouquecedora. Tudo
que pude fazer foi gritar e gritar em uma tentativa fútil de escapar da dor, balbuciando entre os gritos:
— AAAAAHH ISSO DOI, isso doi, eu não quero morrer... mãe — minha voz só conseguiu dar um grito antes de se tornar frágil. Não sei se gritei ou se foi uma alucinação da minha mente.
Não sei como estava consciente, mas pude ver minhas costelas torácicas, agora tão abertas que pareciam asas ou uma boca bizarra. A coisa, com sua forma de almôndega nojenta e odiosa, estava agora na frente de minhas costelas abertas. De repente, a coisa começou a se projetar para a ferida colossal. Primeiro foi a massa de carne que projetou seu corpo e adentrou no rombo torácico. A massa de carne rasgou o que sobrava dos ossos e órgãos internos, e seus tentáculos vieram logo em seguida, me deixando no chão. Aquela coisa estava agora dentro de mim. Primeiro, aquilo fechou minhas costelas, o que me causava uma dor tão excruciante que minha mente ficava em branco. Não existia mais nada além da minha dor e minhas tentativas de gritos sem pulmão. Aquela coisa estava me rasgando e devorando cada músculo, nervo e osso. O mais bizarro é que eu sentia que ele estava comendo e substituindo por novos tecidos. Cada vez que ele devorava, meu corpo se debatia no chão, a ponto de sentir juntas quebrarem e tendões romperem, só para serem devorados e substituídos. Eu escumava sangue pela boca e tentava proferir palavras como "socorro" ou "me ajuda" em vão. Isso durou meia hora, que na minha perspectiva foi uma eternidade infernal. A massa de carne parecia estar se diluindo em meio ao meu corpo, que parecia ser um cadáver de uma cena de crime brutal. Meu corpo, coberto por sangue e diversas feridas, desde as mais rasas às mais profundas, de repente se ergueu sem meu controle e permaneceu em pé por alguns instantes, antes de correr e dar um enorme pulo em direção à janela.
Eu sentia muita dor, estava escuro e podia ouvir alguém gritando, mas sem poder entender nada. Por um instante, pude abrir meus olhos e ver que estava estirado na rua e meu corpo pulsava de dor. A luz de um carro me cegou momentaneamente e, depois de me recuperar, vi um homem gritando com o celular, mas o zunido na minha cabeça não me deixava ouvi-lo. Então, olhei para o lado e vi Adora também estirada na estrada, inconsciente. Isso fez meu peito recém-fechado querer se abrir de novo. Havia um rastro de sangue, o que indicava que ela havia caminhado até a estrada e que podia estar viva. Direcionei meu olhar ao homem novamente e podia ver extraordinariamente bem, apesar da escuridão quase total. Podia ouvi-lo, mas minha cabeça latejante e aquele zunido infernal não me deixavam entender. Então, tentei ler seus lábios, e ele parecia dizer:
— TRAGAM A PORRA DA AMBULÂNCIA E A POLÍCIA AGORA! — o homem parecia muito exaltado.
De repente, senti como se minha consciência flutuasse e meus olhos se fechassem, mas pude ouvir sirenes e luzes que batiam na minha pálpebra já fechada, e minha consciência se esvaiu de uma vez.