Capítulo 9: O Confronto no Templo

O homem de capa negra estava diante de mim, seus olhos brilhando com uma luz sombria que parecia consumir tudo ao seu redor. O Coração de Elyndor, o artefato que poderia nos dar o poder para combater a escuridão, estava tão perto, mas ele bloqueava meu caminho.

"Você não vai conseguir", ele disse, com um sorriso maligno. "A escuridão já está se espalhando, e nada pode detê-la."

Senti um frio na espinha, mas sabia que não poderia recuar. Olhei para trás e vi meus companheiros lutando contra as sombras que ele havia convocado. Lyra estava lançando feitiços de fogo, enquanto Dorian e Kaelen usavam suas magias de combate para manter as criaturas à distância. Sariel, por sua vez, criava barreiras de luz para nos proteger.

"Precisamos do Coração!" Lyra gritou, sua voz ecoando pelo templo.

Respirei fundo, tentando me concentrar. Sabia que precisava agir rápido. O homem de capa negra parecia ler meus pensamentos, porque ele riu, um som frio e sem humor.

"Você acha que pode me derrotar?" ele perguntou, levantando as mãos. As sombras ao seu redor ganharam vida, formando tentáculos que se estenderam em minha direção.

Eu me preparei para o ataque, mas, antes que os tentáculos pudessem me alcançar, algo dentro de mim despertou. Senti uma onda de energia percorrer meu corpo, como se algo que estivesse adormecido por muito tempo finalmente tivesse acordado.

Minhas mãos começaram a brilhar com uma luz intensa, e, sem pensar, levantei-as em direção ao homem de capa negra. A luz se projetou, atingindo-o em cheio. Ele gritou, uma mistura de dor e surpresa, e as sombras ao seu redor se dissiparam.

"O que... o que foi isso?" ele perguntou, recuando.

Eu não sabia a resposta. A energia que havia sentido era diferente de tudo o que havia experimentado antes. Era como se eu tivesse tocado algo primordial, algo que estava além dos elementos.

Lyra correu até mim, seu rosto cheio de admiração. "Você usou a magia da luz! Isso é incrível!"

"Magia da luz?" perguntei, confuso.

"Sim", ela respondeu. "É uma forma rara de magia, que só aqueles com uma conexão profunda com a essência da vida podem usar. Você está descobrindo novas habilidades, e isso pode ser a chave para derrotá-lo."

Com o homem de capa negra temporariamente incapacitado, corri em direção ao pedestal onde o Coração de Elyndor estava. O artefato era uma esfera de cristal, que brilhava com uma luz suave e reconfortante. Quando a peguei, senti uma onda de energia percorrer meu corpo, como se o próprio mundo estivesse me abraçando.

"Precisamos sair daqui!" Dorian gritou, enquanto lutava contra as últimas sombras restantes.

Concordei, e nossa equipe correu para fora do templo, levando o Coração de Elyndor conosco. O homem de capa negra não nos seguiu, mas sabíamos que ele não desistiria tão facilmente.

A viagem de volta à Academia foi tensa. O Coração de Elyndor parecia emanar uma energia que atraía criaturas das sombras, e tivemos que lutar contra várias delas ao longo do caminho. Cada batalha era um teste para nossas habilidades, mas também uma oportunidade para eu aprender a controlar minha nova magia da luz.

Quando finalmente chegamos à Academia, fomos recebidos pelo Grão-Mago Altharion, que nos esperava no grande salão. Seu rosto estava sério, mas seus olhos brilhavam com um misto de orgulho e preocupação.

"Vocês fizeram bem em recuperar o Coração", ele disse, examinando o artefato. "Mas isso foi apenas o começo. O Coração de Elyndor é poderoso, mas também perigoso. Ele amplifica não apenas a magia, mas também as intenções de quem o usa."

"O que você quer dizer?" perguntei, sentindo um frio na espinha.

Altharion suspirou, olhando para o Coração. "Ele pode ser usado para o bem ou para o mal. E há aqueles que farão de tudo para obtê-lo."

Nos dias que se seguiram, meu treinamento na Academia se intensificou. O Coração de Elyndor foi colocado em uma câmara especial, onde eu poderia aprender a usá-lo sob a supervisão de Mestre Kael e do Grão-Mago Altharion.

"O Coração reflete não apenas a magia, mas também a alma de quem o usa", explicou Altharion, enquanto eu tentava canalizar minha energia através do artefato. "Você precisa estar em harmonia com ele, ou ele pode se voltar contra você."

Eu respirei fundo, tentando seguir suas instruções. A superfície do Coração começou a brilhar, refletindo minha imagem, mas também algo mais – uma luz intensa que parecia vir de dentro de mim.

"Concentre-se", Mestre Kael disse, observando atentamente. "Deixe que o Coração guie você."

Foi então que algo inesperado aconteceu. A luz do Coração se intensificou, e uma visão apareceu em sua superfície – uma montanha distante, envolta em névoa, com um templo antigo no topo.

"O que é isso?" perguntei, sentindo um frio na espinha.

"É uma visão", respondeu Altharion, seu rosto sério. "O Coração está nos mostrando o próximo passo em nossa jornada."

A visão no Coração nos levou até a Montanha da Névoa Eterna, um local lendário onde, segundo as histórias, os antigos magos haviam escondido um artefato poderoso chamado Espelho de Elyndor. Dizia-se que o Espelho era a fonte de toda a magia do reino, e que quem o controlasse teria poder ilimitado.

"Precisamos ir até lá", disse Dorian, examinando a visão no Coração. "Se a escuridão está se fortalecendo, o Espelho de Elyndor pode ser nossa única chance."

"Mas também pode ser nossa maior ameaça", alertou Sariel, seu rosto preocupado. "Se cair nas mãos erradas, o Espelho pode destruir tudo o que conhecemos."

A viagem até a Montanha da Névoa Eterna foi longa e perigosa. O caminho era cheio de armadilhas naturais e mágicas, e o clima era imprevisível, com tempestades frequentes que pareciam ser influenciadas pela magia sombria.

Durante o trajeto, tive a chance de conversar mais com meus companheiros. Descobri que Kaelen havia perdido seu irmão para as criaturas das sombras, o que o motivava a lutar contra a escuridão. Sariel, por sua vez, havia sido treinada desde criança para ser uma guardiã da luz, mas sua verdadeira paixão era a história e os mistérios antigos.

"Um dia, vou escrever um livro sobre nossas aventuras", ela disse, com um sorriso tímido.

Lyra, como sempre, era minha âncora. Ela me ajudava a manter o foco e a acreditar que poderíamos vencer, não importasse o quão difícil fosse o desafio.

Quando finalmente chegamos à Montanha da Névoa Eterna, o cenário era majestoso e assustador. A névoa era tão densa que mal podíamos ver alguns metros à frente, e o ar estava frio e cortante. No topo da montanha, o templo antigo se erguia imponente, suas paredes cobertas por runas que brilhavam suavemente.

"É lá", disse Dorian, apontando para o templo. "O Espelho de Elyndor deve estar escondido em seu interior."

Subimos a montanha com cuidado, evitando armadilhas naturais e mágicas que haviam sido deixadas para trás pelos antigos magos. Quando chegamos ao templo, encontramos uma grande porta de pedra, adornada com runas que brilhavam intensamente.

"Como abrimos isso?" perguntei, examinando as runas.

"Precisamos de uma chave", respondeu Sariel. "Algo que só um mago com afinidade para todos os elementos pode fornecer."

Todos olharam para mim, e eu entendi o que precisava fazer. Coloquei minhas mãos na porta, sentindo a energia das runas. Concentrei-me, canalizando minha magia para elas. A princípio, nada aconteceu, mas então, a porta começou a tremer, e as runas brilharam intensamente.

A porta se abriu, revelando um corredor escuro que levava ao interior do templo.

Dentro do templo, o ar estava pesado com a energia da magia antiga. As paredes eram cobertas por afrescos que contavam a história dos antigos magos e suas batalhas contra a escuridão. No centro do templo, havia um pedestal, e sobre ele, brilhando suavemente, estava o Espelho de Elyndor.

"É isso", disse Dorian, com um suspiro de alívio. "A chave para combater a escuridão."

Mas, antes que pudéssemos nos aproximar, uma figura emergiu das sombras. Era o mesmo homem de capa negra que havíamos encontrado nas ruínas.

"Vocês são persistentes", ele disse, sua voz ecoando pelo templo. "Mas o Espelho de Elyndor não será sua."

"Quem é você?" perguntei, sentindo um frio na espinha.

Ele riu, um som frio e sem humor. "Eu sou o que resta daqueles que você chama de antigos magos. E eu não vou deixar que vocês destruam o que construímos."

Com um gesto rápido, ele levantou as mãos, e as sombras ao seu redor ganharam vida, avançando em nossa direção.

A batalha foi intensa. O homem de capa negra era poderoso, controlando as sombras como se fossem uma extensão de si mesmo. Nossa equipe lutou com tudo o que tinha, mas ele parecia estar sempre um passo à frente.

"Precisamos chegar até o Espelho!" Lyra gritou, enquanto lançava uma onda de fogo contra as sombras.

"Eu vou!", eu respondi, correndo em direção ao pedestal.

Mas, antes que eu pudesse alcançá-lo, o homem de capa negra apareceu na minha frente, bloqueando meu caminho.

"Não tão rápido", ele disse, com um sorriso maligno.