A jornada tem início

Sete, a Primavera: 

Poder total recuperado [5%/100%]

Divindade total recuperada [1%/100%]

Corrupção do mundo dissipada [0,01%/100%]

Herdeiros das divindades salvos [2%/100%]

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Sete conversou um pouco mais com o Sistema e descobriu como recolher as recompensas de suas conquistas. A mochila de suprimentos, que seria extremamente útil, foi a primeira coisa que ela reivindicou. E, é claro, não deu muitos detalhes para os garotos sobre de onde tirou o item.

Eles imaginaram que isso tinha a ver com o fato da jovem ser um ser superior ou algo assim.

— Vocês podem me dizer quais os seus poderes? Já que são herdeiros das Divindades, devem ter alguma habilidade mágica… — A Primavera perguntou, enquanto ia para trás de um aglomerado de arbustos secos e vestia as roupas que encontrou na mochila. — É interessante conhecermos as habilidades uns dos outros, assim podemos nos coordenar melhor caso haja alguma emergência.

— Bom… — Thomas hesitou um pouco, passando os dedos por entre os cachos castanhos e franzindo os lábios. — Eu posso parar o tempo por alguns segundos e Kai pode ver fragmentos do futuro em momentos aleatórios. 

— Mas é muito desgastante usar esses poderes, quase sempre perdemos a consciência. — Kai murmurou, o cabelo preto e liso balançando com a brisa.

— Hmm, então Thomas deve ser herdeiro do Tempo e Kai provavelmente é herdeiro do Destino… — Sete ponderou, saindo de trás da vegetação usando um conjunto de calças e jaqueta pretas por cima de uma regata branca. — Com algum treino essa exaustão pode diminuir e suas habilidades podem ser aprimoradas, vou ajudar vocês enquanto viajamos.

As roupas estavam um pouco amarrotadas, talvez devido ao fato de a garota não estar acostumada com esse tipo de vestimenta mortal. Mas, no geral, mesmo meio desleixada, sua figura permanecia deslumbrante. Por isso os dois adolescentes demoraram alguns segundos a mais para entender o que a jovem acabara de dizer.

— Tempo? Destino? Então as pessoas como nós herdaram os poderes dessas divindades? — Thomas perguntou e Kai permaneceu em silêncio, os olhos escuros de fênix brilhando enquanto observavam a jovem.

— Aparentemente sim. Dessas e de muitas outras. — Sete se sentou sobre um tronco de árvore seco e ficou encarando as botas de cano alto que, supôs, deveria calçar de alguma forma. São tantas cordas entrelaçadas. Franziu a testa. — Algum de vocês sabe colocar isso?

Os garotos ficaram em silêncio, trocaram olhares complicados e Thomas se dispôs a ajudar Sete. Enquanto desfazia parte dos cadarços para vestir as botas na garota, a conversa continuou:

— Então você conheceu esses Deuses? Falou com eles? — Kai perguntava cada vez mais empolgado, uma curiosidade meio infantil aparente no sorriso cheio de dentes. — Podemos mesmo controlar melhor esses poderes?

Sete tentou se lembrar de cada um daqueles desgraçados, no entanto, uma dor de cabeça latente nublou seus pensamentos. Sim, ela conheceu alguns deles, e guardava um grande rancor contra o Destino e sua grande amiga, a Ordem.

— Vamos, não podemos ficar parados por muito tempo. — Thomas comentou, terminando de amarrar os cadarços das botas.

— Sim, vamos. — A Primavera concordou, se levantando e colocando a mochila cheia de suprimentos nas costas. Ela pareceu ter se esquecido da pergunta de Kai, que não insistiu mais no assunto ao receber um olhar sério de Thomas.