O príncipe esquecido

A noite estava fria, e o som dos cascos dos cavalos ecoava pela estrada de terra. As tochas tremulavam ao vento, lançando sombras distorcidas nas árvores retorcidas da floresta. Dentro da carruagem, a rainha segurava o bebê com força contra o peito, tentando acalmá-lo com sussurros enquanto seus olhos, cheios de medo, olhavam para o marido. O rei, sentado à frente dela, mantinha a mão firme no punho da espada, a mandíbula tensa.

Então, o primeiro grito rasgou a escuridão.

Flechas voaram entre as árvores, cravando-se nos guardas antes que pudessem reagir. Os cavalos relincharam em desespero, a carruagem balançou violentamente. O som das espadas ecoou quando os soldados que restavam tentaram resistir, junto com os gritos agonizantes dos soldados. A rainha apertou o bebê contra si, o coração disparado, sentindo que o fim estava próximo.

Com as mãos trêmulas, ela tirou o colar que carregava no pescoço, e pressionou contra os pequenos dedos do bebê, como se quisesse q ele sentisse o peso da sua linhagem, de seu destino.

A porta foi arrancada à força. Mãos brutais a puxaram para fora, e o bebê escorregou de seus braços. O choro dele se perdeu no meio do caos. O rei lutava, mas foi dominado. O último olhar da rainha para ele foi um misto de dor e despedida antes que uma lâmina fria atravessasse seu peito.

E então, o silêncio.

Os invasores partiram, levando o rei como prisioneiro. A floresta voltou a mergulhar na escuridão, e ali, entre as folhas caídas e os corpos, o príncipe permaneceu esquecido, sozinho, vivo. Em sua pequena mão, o colar reluzia a luz da lua, a última lembrança de sua mãe.