Capítulo 23: Todos São Iguais

Enquanto a discussão entre o líder da APF e seu informante acontecia no Quartel-General da APF, em uma cidade distante, algo mais estava apenas começando.

A Cidade Legião estava tranquila. O canto dos pássaros podia ser ouvido. As pessoas estavam indo para o trabalho enquanto outras estavam voltando.

Na mesma cidade existia um restaurante, que tinha uma placa de 'fechado' pendurada na porta. Por causa da placa, ninguém tentava entrar neste lugar, não que geralmente tivesse algum movimento de qualquer forma.

Dentro do restaurante, hordas de corpos podiam ser vistas por toda parte. Parecia que um massacre havia acontecido ali recentemente. Quanto à pessoa que havia causado o massacre, ela estava no andar de cima.

O andar térreo deste edifício era o restaurante, enquanto o andar superior era os aposentos residenciais do casal que era dono do restaurante. Infelizmente, esse mesmo casal estava em pé com o rosto pálido diante de Lúcifer.

Parecia que alguém havia sugado o sangue de seus rostos, mas era claro que isso era devido ao medo que estavam sentindo.

Eles tinham acabado de falar sobre informar a polícia sobre Lúcifer. Não apenas isso, eles até disseram que era melhor que ele estivesse morto. Quem poderia saber que o garoto sobre o qual eles falavam descaradamente estava bem na porta deles.

Se Emilia soubesse que Lúcifer estava na frente dela, ela nunca teria ousado falar sobre tais coisas. Por que ela sequer ousaria falar assim sobre alguém que era capaz de matar tantas pessoas como se fossem brinquedos?

O único motivo pelo qual ela subiu foi para ter certeza de que ele não ouvisse, mas tudo falhou. Eles foram pegos. Vendo Lúcifer na frente dela, sua mão começou a tremer.

'Será que ele ouviu?' Ela pensou enquanto rezava para que ele não tivesse ouvido.

Mesmo que ela estivesse esperando que Lúcifer não tivesse ouvido, ela tinha a sensação de que ele ouviu. Por que mais ele gritaria assim? Por que mais ele pareceria tão sem emoção?

Era claro que ele tinha ouvido.

"Ah, você está aqui. Desculpe, ainda não encontramos as roupas. Pensamos que seria melhor chamar a polícia e dizer a eles que alguém matou as pessoas lá embaixo." Weston estava em um melhor estado mental que sua esposa.

Ele sabia que o medo não resolveria nada. De qualquer forma, eles só morreriam se não lidassem com a situação com cuidado. Afinal, eles haviam traído Lúcifer.

Ele não pôde deixar de se amaldiçoar em sua mente por concordar com sua esposa. Se ele tivesse mantido sua posição firmemente, nada disso teria acontecido.

De qualquer forma, já era tarde demais agora. Se preocupar com isso não iria resolver nada. Ele decidiu lidar com esta situação de uma maneira diferente.

Ele sabia que Lúcifer provavelmente ouviu todas as suas palavras. Ele só podia usar sua mente para turvar as águas e fazer Lúcifer pensar que ele entendeu mal. Mesmo que fosse difícil, era sua única escolha.

"Não se preocupe; não íamos mencionar seu nome. Quem suspeitaria de uma criança? Mas ainda precisamos cuidar dos corpos. Então é melhor informar a polícia. O que você acha disso?" Weston continuou, tentando manter suas emoções sob controle.

Ele sabia que não podia parecer assustado quando falava, ou suas mentiras seriam descobertas. A melhor maneira de fazer uma mentira parecer verdade é dizê-la com confiança.

Era isso que ele estava fazendo. Infelizmente, suas mãos estavam tremendo incontrolavelmente. Para esconder o tremor, ele colocou as mãos atrás das costas enquanto falava.

"Diríamos à polícia que um estranho matou as pessoas lá embaixo e fugiu. Não há câmeras aqui em nosso restaurante. O mesmo vale para as ruas. Então eles não têm como verificar a situação. É um ganha-ganha. Você estará seguro, e nós estaremos seguros. É bom, não é?" Ele perguntou a Lúcifer.

Lúcifer não respondeu. Na verdade, ele nem estava olhando para o homem que estava falando. Seu olhar pousou em Emilia.

O que mais o machucou foi a traição da mulher que ele pensava ser semelhante à sua mãe. Ele não pôde deixar de se amaldiçoar. Como ele ousou comparar alguém como Emilia com sua mãe?

Lúcifer finalmente abriu os lábios enquanto soltava uma palavra, "Vocês..."

Ele começou a caminhar em direção a Emilia em passos lentos. A sede de sangue dentro dele estava aumentando quanto mais perto ele chegava da mulher.

"...são..."

Ele continuou falando, uma palavra por vez, extremamente devagar.

Mesmo que ele falasse devagar, cada uma de suas palavras parecia conter alguma magia que estava enviando arrepios pela espinha do casal.

Havia dez passos de distância entre Lúcifer e Emilia, que diminuiu para oito passos conforme Lúcifer continuava se aproximando.

"...todos..."

Seis passos. Apenas seis passos restavam entre Emilia e Lúcifer.

"...os..."

Quatro passos... O coração de Emilia estava batendo como louco, como se estivesse prestes a sair de seu peito.

Foi nesse momento que ela começou a recuar de medo. Sua mão estava segurando a mão de Weston, que também continuava recuando com ela.

"Espere, nos escute. Provavelmente há um mal-entendido," Weston chamou, tentando novamente.

Suas palavras pareciam ter caído em ouvidos surdos enquanto Lúcifer continuava se aproximando enquanto falava uma palavra por vez, sombriamente.

"...os..." Lúcifer chamou.

Emilia e Weston logo alcançaram o fim do quarto. Não havia espaço para eles recuarem, pois havia uma parede contra suas costas.

Lúcifer parou a dois passos deles enquanto falava a palavra final, "...Mesmos."

... continua.