Silva foi criada em um planeta muito, muito distante chamado Oroboros. Era possível inferir o quão desastroso foi o passado do planeta ao olhar para a enorme cratera visível do espaço, cercada por florestas abundantes, pântanos extensos e enormes corpos d'água. Mais de 30.000 anos após a formação da cratera, as autoridades nos assuntos da galáxia consideravam este planeta como um mundo de classe superior.
A história do planeta estava repleta de conflitos e guerras civis entre seus bilhões de habitantes anteriores. As guerras entre aqueles que tinham o Sangue da Serpente e aqueles que não tinham, continuaram por mais de dez milênios, afundando paisagens inteiras deste planeta antes intercontinental. Só terminou quando a raça da serpente finalmente desferiu um golpe decisivo contra o líder da facção dos puristas humanos que desejavam o fim de todos os humanos mestiços. Por fim, a minoria de 1% da astuta raça da serpente havia vencido a guerra interminável. Mil anos de paz se seguiram para a população restante e eles passaram a considerar a raça da serpente como a nova governante do planeta Oroboros.
Nesta paz duradoura dos milênios, todos os anos, a Academia Mágica da galáxia selecionava um único jovem talentoso para ser treinado para a guerra superior que acontecia dentro da galáxia conhecida. Quando ocorreu o momento da seleção, Silva foi o talento jovem excepcional selecionado entre seus milhões de colegas que treinavam com os elementos como ela. Então, ela não podia deixar de pensar o quão afortunada e abençoada ela era por ter sido escolhida. Estava determinada a não desperdiçar esta oportunidade.
No primeiro ano de seu treinamento nesta Academia mais prestigiada, no entanto, ela estava enfrentando o evento mais perigoso que havia acontecido em seus 15 anos de existência. Ela amaldiçoou sua sorte quando decidiu seguir um garoto que tinha o cheiro de uma linhagem sanguínea fraca correndo em suas veias. Um evento levou ao outro e depois que ela pensou que eles iriam escapar com suas vidas após encontrar uma besta lendária e um magus elfo de alto nível, as coisas só pioraram cada vez mais.
Silva abriu a poção que seu líder do clã havia lhe dado, que tinha instruído para consumir apenas em um cenário de vida ou morte em não mais que meia porção.
[Poder da Linhagem crescendo]
[Poder de batalha aumentou em 18 pontos]
Ela também já havia usado o artefato salvador de vida que seus pais haviam lhe dado como presente de despedida, mas mesmo depois de usar esses presentes, ela ainda não era forte o suficiente para lutar contra os soldados rasos dos magos elfos, os orcs. Estava perdendo a consciência enquanto tentava se libertar da mão robusta do orc corpulento que apertava seu pescoço. Mas então, quando sua mente estava prestes a ficar em branco, o aperto afrouxou porque sua cabeça foi cortada pelo jovem estúpido, que era a única causa de seu crescente infortúnio.
Ela tossiu forte e tentou inalar ao mesmo tempo. Prestes a dar àquele moleque estúpido um raro elogio por pelo menos ser útil, ela o ouviu gritar 'cuidado!'.
Silva virou a cabeça e viu um orc pular de trás da sombra de uma árvore com sua lança apontada diretamente para ela. Ela rolou para longe, esperando sair da mira da lança, mas o som de carne sendo perfurada entrou em seus ouvidos. Ela olhou na direção do som e lá, o moleque estúpido, a quem ela estava amaldiçoando, estava em pé logo acima dela com seu peito perfurado pela ponta metálica da lança que parou a poucos centímetros de sua cabeça.
"Emery!" ela gritou, seus olhos arregalados à vista dele. Ela o encarou, boquiaberta; o garoto olhando de volta para ela com um sorriso atrevido.
"Estou feliz que não te acertou," ele disse antes de fazer algo que a impressionou. O garoto ficou louco e gritou como um animal selvagem quebrando a lança ao meio, puxando-a para fora de seu corpo como se não fosse nada, e enfiando-a em um dos olhos do orc.
O orc e o garoto estúpido caíram no chão. Silva tinha que ter certeza que este orc estava morto de verdade, então ela reuniu suas forças, levantou-se, caminhou até lá e decepou a cabeça do orc com sua espada ensanguentada. Ao mesmo tempo, o efeito da poção terminou.
[Linhagem Serpentina reduzida. Retornando ao normal.]
Com a morte dos dois orcs, o perigo para suas vidas havia finalmente passado. Ela tinha caído novamente e contemplou as densas folhas cobrindo o céu estrelado da noite. Silva disse baixinho com um leve tom de alegria, "Nós sobrevivemos, Emery. Estamos vivos."
Mas o garoto estúpido não respondeu. Ela virou a cabeça para o lado para ver se ele ainda estava respirando. Ela se levantou cansadamente novamente, sentiu seu pulso e notou como estava enfraquecendo a cada batida. Seu próprio coração então acelerou, olhando para o garoto que acabara de arriscar sua vida para salvá-la. Pela primeira vez em sua vida, alguém havia cuidado dela, alguém fora de sua família, seus membros do clã. Foi uma experiência bizarra fora da cultura em que ela havia sido criada. Então ela se lembrou o quanto odiava pessoas com crenças idiotas como Emery.
"P-Por que eu deveria me importar com este garoto egoísta e estúpido!" Silva gritou para si mesma enquanto corria com toda a força que suas pernas ainda conseguiam reunir. Não em direção ao instituto, mas sim para onde ela e Emery haviam tentado escapar. O campo de batalha onde vários magos estavam lutando contra o dragão lendário e seu mestre, o elfo na armadura vermelha. Ela correu na esperança de que a batalha tivesse terminado. Ela correu e correu, sem parar nem por um momento para recuperar o fôlego, esperando encontrar um mago na área que pudesse curar o garoto estúpido.
Enquanto isso, depois que Silva havia partido, uma névoa negra saiu do cadáver do velho elfo que havia morrido. Parecia pairar por um momento como se estivesse verificando seus arredores antes de entrar pelo buraco no peito de Emery.