A semana de provas passou, levando consigo todas as expectativas de cada aluna. A academia inteira parecia ter tirado um peso das costas. O ranking estava sendo atualizado com as notas do semestre. Riyeon estava mais leve, ela tinha conseguido realizar tanto as provas escolares, como a prova para o clube de medicina simultaneamente. As horas e horas de estudos finalmente teriam uma trégua.
Diferente dos outros dias, aconteceu um fato incomum, quando ela e Anya chegaram à sala de aula, notaram que havia uma rosa e um bilhete em cima da mesa da tailandesa, que achou aquilo incomum. Quando percebeu que não eram de Riyeon, o clima entre elas mudou, a mais velha estava visivelmente irritada com a ousadia de quem tinha deixado um bilhete de amor para sua namorada. Anya apenas assistia, contendo um sorriso discreto, ela nunca tinha visto Riyeon com ciúmes.
Na quinta-feira, Anya entrou na sala como de costume, apenas para encontrar mais um bilhete e uma nova flor delicadamente pousada sobre sua mesa. A essa altura, aquilo já tinha se tornado um hábito. Nos últimos dias, quase todas as manhãs, ela encontrava uma nova carta misteriosa acompanhada de uma flor. No início, achou que fosse um engano ou uma brincadeira, mas conforme os dias passaram, percebeu que alguém estava realmente tentando chamar sua atenção.
Ao seu lado, Riyeon observava a cena com um olhar estreito. Seus olhos, geralmente cheios de serenidade, agora carregavam um brilho perigoso de ciúmes. Era o quinto dia consecutivo que Anya recebia aquelas mensagens anônimas, e Riyeon já estava no limite de sua paciência. Ela cruzou os braços e lançou um olhar desconfiado ao redor da sala, como se pudesse identificar o culpado só pelo olhar.
— Quem será que está mandando isso? — Anya comentou, franzindo a testa enquanto pegava o bilhete.
Antes que pudesse abri-lo, Riyeon rapidamente o arrancou de suas mãos, lendo o conteúdo com o cenho franzido.
— "Para a garota que ilumina os meus dias com seu sorriso. Espero que essa flor seja um reflexo da sua doçura" — Riyeon leu em voz alta, com uma careta óbvia de desagrado. — Mas que ridículo.
Anya arqueou uma sobrancelha, contendo uma risada ao ver a expressão emburrada da namorada.
— Alguém está claramente interessado em mim, huh? — Anya provocou, esperando ver até onde Riyeon iria.
A reação foi imediata. Riyeon bufou e jogou o bilhete de volta na mesa, sua expressão de desagrado se intensificando.
— E você está gostando dessa atenção? — perguntou, com os braços ainda cruzados com mais força.
Anya suspirou e pegou a flor, girando-a entre os dedos.
— Eu nem sei quem está mandando isso, Riyeon. Não tem um nome, um indício, nada. É só... estranho.
Riyeon desviou o olhar, claramente irritada.
— Bem, quem quer que seja, precisa entender que você já tem dona.
Anya arregalou os olhos e não conseguiu segurar uma risada.
— Dona? Sério, Riyeon? Você por acaso carimbou meu nome como "propriedade sua"?
Riyeon desviou o olhar, murmurando.
— Se fosse possível, eu carimbaria.
Anya balançou a cabeça, ainda sorrindo. Adorava esse lado ciumento e possessivo de Riyeon, mesmo que ela não quisesse admitir.
— Você está com ciúmes, não está? — Anya cutucou seu braço, tentando fêz-la admitir.
Riyeon permaneceu em silêncio antes de resmungar baixinho:
— Talvez.
Anya sorriu e segurou a mão de Riyeon, entrelaçando seus dedos.
— Eu só quero você, boba. Não importa quantos bilhetes eu receba, isso não vai mudar.
Riyeon finalmente relaxou um pouco, mas ainda lançou um olhar mortal para a flor sobre a mesa.
— Mesmo assim, eu vou descobrir quem está fazendo isso.
Anya riu e apertou a mão de Riyeon.
— Boa sorte com isso, detetive ciumenta.
Riyeon apenas sorriu de lado, determinada. Aquilo não iria ficar assim.
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Riyeon não aguentava mais ver Anya recebendo flores e bilhetes misteriosos todos os dias. Seu humor piorava a cada nova carta deixada na mesa da namorada, e o ciúme começava a transbordar. Foi então que ela teve uma ideia: acionar seus fã-clubes. Se alguém poderia descobrir quem estava por trás disso, eram eles.
Durante o intervalo ainda da quinta-feira, Riyeon pegou o celular e enviou mensagens discretas para as líderes dos principais grupos que a idolatravam. A missão era clara: descobrir a identidade da pessoa que deixava os bilhetes para Anya. Em questão de minutos, o burburinho já havia se espalhado. Os fãs de Riyeon, sempre prontos para qualquer tarefa envolvendo sua musa, entraram em modo detetive.
Em toda a escola, cochichos surgiam pelos corredores. Alunos observavam atentamente qualquer um que se aproximasse da mesa de Anya. Grupos se organizavam, alguns até fazendo turnos para vigiar discretamente a sala antes das aulas começarem. Era quase como se um jogo de espionagem tivesse sido instaurado na academia.
Anya, por outro lado, não sabia se ria ou se sentia constrangida com toda a movimentação. Ela nunca tinha visto Riyeon tão determinada em algo que envolvesse ciúmes, e sinceramente, não sabia como lidar com isso. A cada novo olhar emburrado da namorada, sua vontade de provocá-la aumentava, mas ela também queria ajudá-la a se acalmar.
— Você realmente acionou seus fã-clubes para isso? — Anya perguntou, segurando o riso ao vê-la digitando furiosamente no celular.
— Claro! Isso já passou dos limites. Você não acha suspeito alguém te mandar flores e cartas e nem aparecer? Aposto que é algum covarde tentando te impressionar. — Disse Riyeon, bufando.
Anya suspirou e tocou suavemente a mão dela.
— Riyeon, você não precisa ficar tão preocupada assim. Não importa quem seja, eu já tenho você. E você sabe que meu coração só tem espaço para uma pessoa, não sabe?
Riyeon mordeu o lábio, sentindo seu coração amolecer um pouco. Mas ainda assim, o mistério precisava ser resolvido.
— Eu sei... Mas eu não gosto disso. Se essa pessoa acha que pode te conquistar com flores e palavras bonitas, está muito enganada. Quem ela pensa que é?
Anya riu e apertou a mão de Riyeon com mais força.
— Tudo bem, detetive Riyeon. Vamos descobrir esse mistério juntas, então.
A caçada ao admirador secreto continuava, e a escola inteira estava envolvida. E Riyeon estava disposta a ir até o fim para garantir que ninguém ousasse tentar roubar sua Anya. Na sexta-feira, seria o evento escolar em comemoração à semana de provas concluídas. Seria o dia ideal para desvendar esse mistério.
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A noite estava silenciosa na casa de Anya, exceto pelo som suave do vento batendo contra a janela. Riyeon estava deitada de costas para Anya, o corpo virado para a parede, respirando fundo. Desde que chegaram ao quarto, ela manteve um silêncio proposital, escondendo sua frustração sob uma máscara de indiferença. Mas Anya sabia. Ela sentia no ar o ciúme ainda latente, mesmo que Riyeon tentasse disfarçar.
Anya sorriu para si mesma, achando a birra adorável. Era raro ver Riyeon tão fora da curva, tão abertamente afetada por algo assim. Mas ela também sabia que, por trás da frustração, havia insegurança. Riyeon nunca precisou duvidar do amor delas, mas esses bilhetes misteriosos mexeram com ela de um jeito que Anya não esperava. E ela queria lembrá-la, do jeito mais íntimo possível, que não havia espaço para mais ninguém entre elas.
Se aproximando devagar, Anya deslizou um braço ao redor da cintura de Riyeon, puxando-a delicadamente para si. O calor do corpo dela sempre foi algo viciante, um refúgio no qual Anya adorava se perder. Riyeon, mesmo ainda emburrada, não resistiu ao toque e relaxou levemente contra Anya.
Foi então que Anya inclinou-se e depositou um beijo suave na curva do pescoço de Riyeon. A pele quente reagiu imediatamente, arrepiando-se sob o toque delicado. Riyeon estremeceu, um pequeno suspiro escapando de seus lábios.
— Para de fingir que tá brava comigo... — Anya sussurrou contra a pele dela, roçando os lábios devagar. — Eu sei que é tudo ciúmes.
Riyeon se remexeu, tentando se manter firme na sua postura distante, mas Anya não cedeu. Os beijos continuaram, lentos e intencionais, traçando um caminho pelo pescoço dela até a linha do ombro.
— Eu não estou com ciúmes... — Riyeon murmurou, mas a voz falhou no final, traindo sua própria teimosia.
Anya sorriu contra sua pele. Ela sabia exatamente como quebrar as defesas de Riyeon. As mãos dela deslizaram pela cintura da namorada, puxando-a ainda mais para si até que seus corpos estivessem completamente colados. Ela sentiu a respiração de Riyeon acelerar levemente, e isso apenas a encorajou mais.
— Não precisa ter ciúmes, meu amor... — Anya sussurrou, a voz carregada de carinho. — Meu coração, meu corpo, minha alma... tudo em mim pertence a você.
Riyeon fechou os olhos, absorvendo cada palavra. O ciúme que sentia antes foi se dissipando, dando espaço para algo muito mais intenso, muito mais profundo. Ela se virou para encarar Anya, os olhos escuros brilhando com emoção.
— Então me prova — foi tudo o que disse, e Anya entendeu perfeitamente.
Ela não precisou de mais incentivo. Com delicadeza, Anya tomou os lábios de Riyeon em um beijo calmo, cheio de significado. As mãos de Riyeon foram para o rosto dela, segurando-a como se Anya fosse a coisa mais preciosa do mundo. O beijo foi se aprofundando aos poucos, o carinho se transformando em desejo, mas sem pressa.
Anya queria que Riyeon sentisse cada toque, cada beijo, cada suspiro. Queria que ela soubesse que era única, insubstituível. Queria marcá-la não apenas com beijos na pele, mas com amor no coração.