Foi bom que eu estava agarrada ao Teddy com força, porque no momento em que os zumbis atacaram um dos humanos, Dimitri me jogou por cima do ombro enquanto corria para as escadas.
"Siga em frente," gritou Ronan, sua voz lenta e tranquilizadora cortando todo o caos ao meu redor. "Estou cobrindo suas costas."
"Não estou preocupado com minhas costas," respondeu Dimitri, praticamente pulando sobre o corrimão. Tudo que senti foi a sensação de queda antes de uma parada brusca. "Proteja a Gatinha."
"Joga ela pra mim," interrompeu uma voz que eu começava a reconhecer como Max. Ou pelo menos, era assim que a mulher o havia chamado. "Você é melhor com armas brancas. Se algo vier, mire na cabeça."
Dimitri grunhiu, e de repente, eu estava voando antes de pousar em algo duro. Os braços do homem me envolveram, e eu poderia jurar que senti cheiro de oceano por um momento. "Bonjour, Niblet. Não fique parecendo um banquete."
Fiquei tão atordoada com seu sotaque suave que demorei um momento para entender como ele estava me chamando.
Por que todo mundo estava começando a me chamar por nomes de comida agora? Sei que acabei de tomar banho, mas não tinha carne no meu corpo. Eu não seria boa para comer. Primeiro Pudding Pop, e agora Niblet.
Humph.
Cruzando os braços sobre o peito, apertando Teddy ainda mais contra meu corpo, resmunguei baixinho sobre pessoas inventando apelidos estúpidos.
Pelo menos Thumper era melhor que um nome de comida.
"Ah, Pudding Pop, e aqui estava eu pensando que estávamos nos dando bem," interrompeu Gula na minha cabeça. "Pelo menos você sabe que esse saco de carne tem bom gosto."
'Por que você os chama assim?' perguntei em minha mente enquanto era carregada como uma princesa para um local desconhecido. 'Sacos de carne, bolsas de carne... o que isso significa?'
"Humanos só servem para três coisas: entretenimento, comida e possessão. Eles são literalmente sacos de carne ambulantes, prontos para um demônio tomar controle a qualquer momento."
'Isso parece rude,' eu disse, deixando minha cabeça descansar no peito de Max. 'Afinal, eu sou humana.'
"Você não é apenas humana," lembrou Ganância, interrompendo a conversa que eu estava tendo com Gula. "Você é nossa. Nossa para segurar e estimar até que a Terra queime nas chamas do Inferno. Mesmo então, nós vamos te proteger."
'Mas vocês não podem. Não até terem mais poder,' lembrei a eles com um suspiro enquanto fechava os olhos. Eu não precisava saber para onde estávamos indo. Neste momento, todo lugar era igual, então quem se importava?
"Podemos não ser tão fortes quanto costumávamos ser, mas isso não significa que não possamos influenciar os humanos," respondeu Orgulho, determinação em sua voz. "Eles vão proteger você fisicamente quando não pudermos. E se falharem, simplesmente encontraremos alguém para substituí-los. Existem bilhões de humanos no mundo, mas só uma de você."
Tranquilizada, adormeci, envolta pelo cheiro reconfortante de Max.
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"Tem algo errado com aquela garota," murmurou Alicia enquanto ela e René corriam atrás dos sobreviventes do shopping. René era sempre tão altruísta que insistia em ser aquele que vigiava a retaguarda para garantir que nada acontecesse a ninguém.
Ela amava e odiava essa característica. Às vezes, ele a tratava como tratava todos os outros, enquanto em outros momentos, a fazia se sentir especial. Mas desde que estivesse ao lado dele, ele não se importaria.
"O que você quer dizer?" perguntou René, olhando para a mulher com quem ia se casar. Ele não conseguia imaginar a vida sem ela. Sua percepção sobre as pessoas era sempre tão certeira que o ajudou em várias ocasiões. Se ela não confiava no brinquedinho de Dimitri, então a garota não era confiável.
"Os zumbis pareciam estar procurando orientação nela," explicou Alicia enquanto começava a ofegar. Doía o coração de René vê-la lutando para acompanhar, mas ele sabia que ela apenas o rejeitaria se ele oferecesse carregá-la.
Ela odiava a ideia de que não podia fazer tudo sozinha, então ele apenas ficaria atrás dela e a ajudaria nas sombras.
"Não percebi isso," ele admitiu, odiando o fato de não ser tão observador quanto ela.
"Eles não nos atacaram realmente até ela dizer que algo precisava acontecer. Então, eles miraram no cara que falou contra ela. Isso não pode ser coincidência."
"Se você diz que tem algo errado com ela, então tem algo errado com ela. É simples assim."
Parte do estresse que Alicia estava sentindo desde que viu a garota nos braços de Dimitri desapareceu com a confiança de René nela.
"Obrigada pela sua confiança," sorriu Alicia enquanto esfregava seu braço direito. Ainda não havia sensibilidade nele, mas ela realmente não conseguia entender o que aconteceu. Mas pelo menos o membro ainda estava lá.
"Para onde devemos ir agora?" perguntou René, mais uma vez provando o quão importante Alicia era para ele. Quaisquer penas que estavam anteriormente arrepiadas se alisaram.
Isso mesmo; agora que o apocalipse havia chegado, René teria que estabelecer sua base de operações.
"Precisamos ir para a base naval," respondeu Alicia, tendo um momento de inspiração. Era perto o suficiente para ser apenas um ou dois dias de caminhada até a base, e era pequena o suficiente para não haver problemas em tomá-la.
"A base naval?" gaguejou René, não esperando essa resposta. "Eu pensei que a gente ia pra delegacia. Precisamos verificar nosso pessoal, ver quantos sobreviveram."
'Ótimo', suspirou Alicia. 'E agora ele está falando de novo como um caipira.' Nem uma vez em qualquer conferência ou reunião em sua vida anterior ela o tinha ouvido falar assim. Na verdade, se ela não tivesse feito sua pesquisa, teria pensado que ele era de N City no norte.
Tanto faz, ela o curaria dessa necessidade de falar no dialeto local.
Afinal, ele tinha uma imagem a proteger.