O Erro de Seus Caminhos

A tensão na sala estava se tornando quase insuportável. Estávamos em um impasse mexicano onde nenhum dos lados podia se mover sem consequências, mas nenhum de nós sabia quais eram as consequências.

Assim que os pensamentos surgiram em minha cabeça, ouvi o grito ensurdecedor de Thumper antes de ser interrompido por um som de gargarejo.

Bem, adeus ao impasse.

No segundo em que Thumper gritou, de repente virou um vale-tudo. As pessoas corriam em todas as direções, sem ter ideia de para onde ir ou o que fazer. Elas colidiam umas com as outras, sendo lançadas para trás.

Depois tinha os idiotas que estavam simplesmente socando qualquer um que os tocasse.

"Pense só," refletiu Inveja. "Os zumbis nem estão atacando. Os humanos estão fazendo todo o trabalho pesado por eles."

"Todo mundo pare!" gritou outra voz feminina. A voz suave e gentil da mulher ao lado do cara com a cabeça enfiada na bunda estendeu as mãos como se pudesse congelar o tempo ou algo assim. No entanto, o mais impressionante foi que os humanos realmente pararam.

O homem enorme ao lado dela a envolveu com o braço, puxando-a para seu lado enquanto sua outra mão segurava sua arma. Olhando através dos olhos de Dimitri, pude ver o momento em que Dimitri revirou os olhos antes de desviar o olhar do casal.

"Alicia tem razão; precisamos pensar racionalmente," afirmou o cara, e eu me perguntei o quão alto era esse pau no cu dele. Devia ser desconfortável sentar. Talvez fosse por isso que ele ficava tão ereto o tempo todo.

"Que se foda a racionalidade," gritou um homem do outro lado da sala. "Algo acabou de matar Kelly."

Ah, então o nome de Thumper era Kelly. Hum, não combinava com ela de jeito nenhum. Eu preferia Thumper.

Dimitri se virou para olhar o homem que tinha falado, e eu observei enquanto o homem entrava na luz do luar, levantando sua mão coberta de sangue. Abrindo a boca para falar novamente, ele foi rapidamente interrompido por algo que removeu sua cabeça.

A criatura, o zumbi inteligente, deu um passo à frente como se quisesse que soubéssemos exatamente com o que estávamos lidando enquanto levantava a cabeça decepada do humano.

A cabeça do zumbi era massiva e redonda, parecendo mais uma bola de praia que eu tinha visto quando criança do que uma cabeça de verdade. Estava dividida mais ou menos pela metade por uma boca escancarada cheia de dentes afiados e irregulares.

Sua boca parecia a de um tubarão, com fileiras e mais fileiras de dentes tão grandes que parecia impossível para a criatura fechar a boca. Sangue escorria pelo seu queixo, e Dimitri seguiu a gota enquanto ela descia pelo seu pescoço até seu corpo disgustosamente magro.

A criatura parecia ser nada mais que um esqueleto coberto por uma fina camada de pele azul clara. Cada osso não coberto por roupas rasgadas era facilmente visível enquanto ele se balançava para frente e para trás como uma mãe embalando seu filho.

Ou as ondas batendo na praia.

A sala inteira estava absolutamente silenciosa enquanto observava o monstro à nossa frente, e eu podia praticamente sentir o gosto do medo no ar.

Claramente, o monstro também podia sentir o gosto, porque sua boca pareceu se contorcer em um sorriso enquanto pelo menos cinco outros zumbis inteligentes ziguezaguearam até ficar ao lado do primeiro.

Finalmente, eu tinha visto a diferença entre a criatura zumbi mutante que Marc estava amaldiçoando e os zumbis estúpidos que ele desejou que existissem.

Esperei sentir o mesmo medo que todos os outros, mas tudo que senti foi satisfação.

Finalmente entendi como era um pescoço fino de pau pequeno.

Afastando esse pensamento da minha cabeça, percebi que tinha perdido Alicia falando rapidamente com todos.

"Eles são impossíveis de matar," ela disse rapidamente como se estivesse sendo cronometrada sobre quantas palavras por minuto podia falar. O zumbi estava tão interessado quanto eu no que ela estava dizendo porque se virou para olhá-la ao mesmo tempo que Dimitri. "Se você cortar um membro, eles simplesmente regeneram. Balas também são inúteis."

Observei enquanto o babaca ao lado dela esfregava seu braço para cima e para baixo como se tentasse oferecer conforto enquanto ela continuava a vomitar palavras.

"Você está com ciúmes?" perguntou Orgulho, sua voz abafando a da mulher. "Você queria que aquele homem estivesse fazendo o mesmo com você?"

'Por que eu estaria?' perguntei dentro da minha cabeça. Eu estava seriamente confusa sobre por que deveria estar chateada ou com ciúmes. Ela tinha alguém para apoiá-la, que bom para ela. 'Ele não é meu; ele pode fazer o que quiser.'

"Ele poderia ser," insistiu Orgulho. Infelizmente para mim, quando zombei de sua resposta, eu tinha feito isso em voz alta, interrompendo seja lá o que ela estava falando.

"Tem algo engraçado nisso?" sibilou o homem, puxando Alicia ainda mais para perto dele.

Inclinando minha cabeça para o lado, me perguntei como poderia responder. Quer dizer, eu realmente achei engraçado que ela tivesse todo esse conhecimento sobre os zumbis assustadores mas não contou a ninguém até exatamente este momento.

Também achei engraçado que minhas ações foram ecoadas pelos zumbis como se eles estivessem esperando ela terminar seus pensamentos antes de atacar. Era como se eles soubessem que estavam em completo controle da situação e não tinham pressa, tendo prazer em prolongar tudo.

Eles realmente queriam o susto surpresa, e eu era um bebê quando se tratava desse tipo de medo.

"Me desculpe," respondi em vez disso. "Eu estava tendo uma conversa com uma das vozes na minha cabeça, e esqueci de ficar quieta."

Alicia se virou para me olhar, seus olhos subindo e descendo pelo meu corpo antes de voltar sua atenção para Dimitri.

Não.

Que se foda isso.

A linha foi traçada. Ela podia ficar com o babaca o quanto quisesse, mas se ela pensasse por um segundo que ia conseguir meu Dimitri, eu ia ensinar a ela o erro de seus caminhos.

"Você estava dizendo?" perguntei, minha voz vazia enquanto ela continuava a olhar para onde o braço de Dimitri estava envolvido na frente do meu peito. Apertando Teddy tão forte que fiquei preocupada em machucá-lo, me forcei a relaxar.

"A única maneira de matá-los é queimando-os."