Era temporada de furacões na Cidade O, e não me referia ao time esportivo. Pressionando minha mão contra o vidro à minha frente, observei enquanto a chuva castigava violentamente o chão. O vento parecia gritar enquanto passava pelos edifícios da Legislatura, tentando encontrar seus pontos mais fracos.
Esta tempestade em particular já durava sete dias, sem diminuir a intensidade nem por um momento. Era a tempestade mais longa que eu conseguia me lembrar, mas como parecia combinar com meu humor, eu não ia reclamar.
"Por que você está fora do seu quarto?" exigiu Mamãe ao entrar no apartamento onde morava com seu marido. Eu queria dizer que estava morando de graça, mas como o querido Padrastinho fazia incontáveis desejos todos os dias, eu mais que pagava pelo meu quarto e comida.
Dando de ombros, voltei minha atenção para o mundo exterior. As paredes impenetráveis que o Padrastinho pediu agora eram a principal causa de morte dos ricos e famosos que viviam na legislatura.