Capítulo 116: Pombo-das-Rochas (Columba livia)
Noah caminhava pela praça de uma cidade histórica, observando o vai e vem dos moradores e turistas. Mas o que mais lhe chamava a atenção eram os pombos que se reuniam ao redor das pessoas que lhes ofereciam migalhas de pão. Alguns voavam de um lado para o outro, enquanto outros caminhavam com passos rápidos pelo chão de pedra.
Entre eles, um pombo de plumagem cinza-azulada destacava-se. Seu peito exibia um leve brilho esverdeado e arroxeado quando a luz do sol batia em um certo ângulo. Era um exemplar típico do pombo-das-rochas (Columba livia), uma das aves mais bem-sucedidas do mundo.
Origem e História
O pombo-das-rochas era uma das aves mais antigas a viver em estreita relação com os humanos. Sua origem remontava às falésias e costas rochosas da Europa, Norte da África e partes da Ásia, onde construía seus ninhos em penhascos. Com o tempo, foi domesticado por civilizações antigas, como egípcios, romanos e persas, que o criavam tanto para alimentação quanto para comunicação.
Os pombos-correio eram descendentes diretos dessa espécie. Durante séculos, foram usados para entregar mensagens importantes, inclusive em guerras, devido à sua incrível capacidade de retornar ao ponto de origem mesmo a grandes distâncias.
Com a expansão das cidades, o pombo-das-rochas encontrou um novo habitat: os edifícios e monumentos urbanos que imitavam os penhascos de seu ambiente natural.
Características Físicas
Os pombos tinham cerca de 30 a 35 cm de comprimento, com uma envergadura que podia atingir até 70 cm. Seu peso variava entre 200 e 400 gramas.
A coloração típica incluía tons de cinza, com duas faixas escuras nas asas e uma cauda preta com borda mais clara. No entanto, devido à domesticação e cruzamentos com variedades criadas pelo homem, muitos pombos urbanos apresentavam plumagens diferentes, com manchas brancas, marrons e até mesmo totalmente negras.
Seus olhos alaranjados e o bico curto e escuro eram adaptados para encontrar alimentos com facilidade. Além disso, possuíam uma cera esbranquiçada na base do bico, que ajudava a manter a umidade e proteger as narinas.
Alimentação e Comportamento
Noah observou um pombo abaixar-se e ciscar o chão em busca de grãos e restos de comida. A dieta do pombo era extremamente variada, composta por sementes, frutas, folhas e até pequenos invertebrados. Nos centros urbanos, adaptaram-se a consumir restos de alimentos descartados por humanos.
Os pombos eram aves sociais e frequentemente se reuniam em bandos para procurar alimento e se proteger de predadores. Apesar de sua fama de “praga urbana”, tinham um comportamento interessante e uma inteligência surpreendente.
Estudos mostravam que os pombos eram capazes de reconhecer padrões, lembrar rostos humanos e até mesmo identificar diferenças entre obras de arte.
Reprodução e Cuidado Parental
A reprodução dos pombos ocorria durante todo o ano, especialmente em regiões de clima ameno. Os casais formavam laços duradouros e trabalhavam juntos na construção do ninho, geralmente feito de gravetos e localizado em locais altos e protegidos.
A fêmea botava dois ovos brancos, que eram incubados por cerca de 18 dias. Tanto o macho quanto a fêmea cuidavam dos filhotes, alimentando-os com um líquido especial conhecido como “leite de papo”, uma substância rica em nutrientes produzida no trato digestivo dos pais.
Os filhotes cresciam rapidamente e, em cerca de um mês, já estavam prontos para deixar o ninho.
Importância Ecológica e Cultural
Embora muitas cidades considerassem os pombos uma praga devido à grande população e ao acúmulo de fezes em monumentos e prédios, essas aves também desempenhavam um papel importante no ecossistema urbano.
Eram presas para aves de rapina, como falcões e gaviões, ajudando a manter o equilíbrio populacional. Além disso, como dispersores de sementes, contribuíam para a regeneração de áreas verdes nas cidades.
Historicamente, os pombos eram símbolo de comunicação, paz e devoção. Em algumas culturas, eram vistos como mensageiros divinos.
Adaptação e Sobrevivência
Noah refletiu sobre como os pombos haviam se tornado verdadeiros mestres da adaptação. Conseguiram prosperar em ambientes que muitas outras espécies evitavam, transformando as cidades em seus novos lares.
Enquanto caminhava pela praça, observou um pombo pousar no parapeito de uma janela antiga. A ave olhou para ele por um instante, inclinando a cabeça curiosamente, antes de levantar voo e desaparecer entre os prédios.