Capítulo 146: Águia-pesqueira (Pandion haliaetus)
A águia-pesqueira, ou Pandion haliaetus, é uma ave de rapina majestosa e especializada, conhecida por sua habilidade única de caçar peixes, o que lhe valeu o apelido de "falcão-pescador". Pertencente à família Pandionidae, ela é a única espécie de seu gênero e está distribuída globalmente, sendo encontrada em todos os continentes, exceto na Antártica. Com 142.932 observações registradas, a águia-pesqueira é uma das aves mais admiradas por observadores de pássaros, graças à sua beleza e comportamento de caça impressionante.
A Pandion haliaetus é uma ave de grande porte, com envergadura de asas que pode chegar a 1,8 metro e um comprimento corporal de 50 a 66 centímetros. Sua aparência é distinta: a parte superior do corpo é marrom-escura, enquanto a parte inferior é predominantemente branca, com uma máscara escura ao redor dos olhos que lhe dá um ar de predador focado. Suas asas são longas e anguladas, perfeitas para planar sobre corpos d’água enquanto procura presas. As garras da águia-pesqueira são adaptadas para a pesca, com almofadas espinhosas nas patas que ajudam a segurar peixes escorregadios, e uma garra externa que pode girar para trás, permitindo que ela segure a presa com duas garras de cada lado.
O habitat da águia-pesqueira está intimamente ligado à água. Ela prefere viver perto de rios, lagos, estuários e costas marinhas, onde pode encontrar peixes, sua principal fonte de alimento. Cerca de 99% de sua dieta é composta por peixes, que ela captura com mergulhos dramáticos, muitas vezes a partir de 10 a 30 metros de altura. A águia-pesqueira plana sobre a água, localiza o peixe com sua visão aguçada e, em seguida, mergulha com as garras estendidas, às vezes submergindo completamente para agarrar a presa. Após capturar o peixe, ela o carrega com as garras, posicionando-o de forma aerodinâmica (cabeça para a frente) para facilitar o voo até o ninho ou um poleiro.
A reprodução da águia-pesqueira é um processo que demonstra sua dedicação como espécie. Ela é monogâmica, e os casais frequentemente retornam ao mesmo ninho ano após ano. Esses ninhos, feitos de galhos e forrados com materiais macios como musgo ou algas, são construídos em locais altos, como árvores, falésias ou até estruturas artificiais, como postes de eletricidade. A fêmea põe de 2 a 4 ovos, que são incubados por cerca de 5 semanas, principalmente pela fêmea, enquanto o macho provê alimento. Os filhotes começam a voar entre 8 e 10 semanas de idade, mas permanecem dependentes dos pais por mais algumas semanas enquanto aprendem a caçar.
A águia-pesqueira é uma espécie migratória em muitas regiões. Populações do hemisfério norte, por exemplo, migram para o sul durante o inverno, viajando milhares de quilômetros até a América Central, América do Sul ou África. Durante essas migrações, elas enfrentam riscos como tempestades, predadores e a perda de áreas de parada para descanso e alimentação. Apesar disso, a espécie se recuperou bem de declínios populacionais no século XX, causados pelo uso de pesticidas como o DDT, que afetavam a reprodução ao enfraquecer as cascas dos ovos. Hoje, a águia-pesqueira é considerada uma história de sucesso em conservação, embora ainda enfrente ameaças como a poluição de corpos d’água e a destruição de habitats.
Uma curiosidade sobre a Pandion haliaetus é sua importância cultural. Em muitas culturas, ela é vista como um símbolo de visão e precisão, devido à sua habilidade de caçar. Além disso, sua presença em um ecossistema é um indicador de saúde ambiental, já que ela depende de águas limpas e populações saudáveis de peixes. Proteger a águia-pesqueira significa proteger os ecossistemas aquáticos dos quais ela depende, beneficiando inúmeras outras espécies no processo.