Capítulo 192: Rã-verde-americana (Lithobates clamitans)

Capítulo 192: Rã-verde-americana (Lithobates clamitans)

A rã-verde-americana (Lithobates clamitans), conhecida em inglês como "green frog" ou "bronze frog", é um anfíbio da família Ranidae, nativo da América do Norte. Esta espécie é uma das rãs mais comuns no leste do continente, reconhecida por sua coloração verde brilhante, vocalização distinta e adaptabilidade a uma ampla gama de habitats aquáticos. No Brasil, não ocorre naturalmente, mas é um exemplo clássico de anfíbio em estudos ecológicos. Neste capítulo, exploraremos em profundidade todos os aspectos da rã-verde-americana, desde suas características físicas até seu habitat, comportamento, ecologia, reprodução e curiosidades, oferecendo uma visão abrangente dessa espécie resiliente.

Características Físicas

A rã-verde-americana é uma rã de tamanho médio, com traços que variam entre subespécies e indivíduos:

Tamanho: Comprimento de 5,5 a 10 cm (fêmeas maiores que machos); peso entre 30 e 100 gramas.

Pele:

Adultos: Verde brilhante a bronzeado, às vezes com manchas escuras ou marrom-oliva no dorso. Ventre branco ou amarelado. A pele é lisa e úmida, típica de anfíbios.

Juvenis: Semelhantes, mas com tons mais opacos e manchas mais pronunciadas.

Cabeça: Olhos grandes e dourados com pupilas horizontais, posicionados no topo para visão acima da água. Tímpanos (membranas auditivas) visíveis, maiores nos machos.

Patas: Traseiras longas e musculosas, com membranas interdigitais para natação; dianteiras menores, sem membranas.

Dimorfismo sexual: Machos têm tímpanos maiores e sacos vocais amarelos na garganta; fêmeas são maiores e mais robustas.

Habitat e Distribuição

A rã-verde-americana é amplamente distribuída no leste da América do Norte:

Distribuição geográfica: Do sul do Canadá (Ontário, Quebec) ao leste dos EUA (Maine até a Flórida e oeste até o Texas e Minnesota). Não ocorre na América do Sul, incluindo o Brasil.

Habitat preferido: Vive em corpos d’água permanentes como lagos, lagoas, pântanos, riachos lentos e brejos, com vegetação aquática abundante. Tolera áreas urbanas com canais ou fontes artificiais.

Migração: Não migra, mas pode se deslocar entre corpos d’água próximos em busca de alimento ou durante a reprodução.

Comportamento

A rã-verde-americana exibe comportamentos que refletem sua natureza aquática e territorial:

Locomoção: Salta com força usando as patas traseiras (até 1 m) e nada eficientemente com movimentos sincronizados. Em repouso, flutua ou pousa em margens e vegetação.

Vocalizações: Machos emitem um chamado grave e explosivo, como "gung" ou "twang" (lembrando uma corda de banjo), para atrair fêmeas e marcar território, especialmente à noite.

Sociabilidade: Solitária fora da reprodução, mas machos competem por territórios na época de acasalamento. Toleram outras rãs em habitats ricos em recursos.

Hibernação: Em regiões frias, hiberna no fundo de corpos d’água sob lodo ou pedras, respirando pela pele durante o inverno.

Dieta

A rã-verde-americana é um predador oportunista, com uma dieta variada:

Alimentos principais:

Adultos: Insetos (besouros, moscas), aranhas, minhocas, pequenos peixes, girinos e até outras rãs menores.

Juvenis: Insetos aquáticos, larvas e microcrustáceos.

Método de alimentação: Usa a língua pegajosa para capturar presas em emboscadas rápidas, engolindo-as inteiras.

Sazonalidade: Mais ativa no verão, reduzindo a alimentação no inverno em regiões temperadas.

Ciclo de Vida e Reprodução

A rã-verde-americana tem um ciclo reprodutivo centrado na primavera e verão:

Época de acasalamento: Abril a agosto, dependendo da latitude, com machos chamando à noite em coros.

Acasalamento: Ocorre na água, com o macho agarrando a fêmea em amplexo axilar (abraço pelas axilas). Pode haver competição entre machos por fêmeas.

Ovos: Fêmeas depositam 1.000 a 7.000 ovos em massas flutuantes ou aderidas à vegetação, eclodindo em 3-7 dias.

Desenvolvimento:

Girinos: Verdes com cauda longa, alimentam-se de algas e detritos, metamorfoseando em 2-4 meses (ou até um ano em climas frios).

Adultos: Atingem maturidade sexual em 1-2 anos.

Longevidade: Vive de 5-10 anos na natureza.

Ecologia

A rã-verde-americana desempenha um papel crucial nos ecossistemas aquáticos:

Relação com presas: Controla populações de insetos e pequenos vertebrados, servindo como elo na cadeia alimentar.

Predadores: Girinos são presas de peixes, aves aquáticas e tartarugas; adultos, de garças, cobras, guaxinins e falcões.

Impacto: Indicadora de saúde ambiental – abundante em águas limpas, mas tolera poluição moderada.

Interações com Humanos

A rã-verde-americana tem uma relação neutra com os humanos:

Cultura: Nos EUA, é uma rã comum em estudos ecológicos e observações casuais, aparecendo em lagos de parques e quintais.

Observação: Popular entre naturalistas por sua vocalização e presença visível em zonas úmidas.

Impacto: Não causa danos significativos; às vezes capturada para educação ou como isca de pesca.

Conservação

A rã-verde-americana é uma espécie abundante e resiliente:

Status: Classificada como "Least Concern" pela IUCN, com populações estáveis em milhões.

Ameaças: Perda de zonas úmidas, poluição e doenças (ex.: quitridiomicose) afetam populações locais, mas sua adaptabilidade minimiza impactos.

Esforços: Preservação de pântanos e redução de poluentes beneficiam a espécie.

Curiosidades

Nome científico: "Lithobates" vem do grego "lithos" (pedra) e "bates" (caminhante); "clamitans" (gritante) reflete seu chamado alto.

Subespécies: Inclui L. c. clamitans (bronze frog) e L. c. melanota (green frog), com variações sutis em cor e tamanho.

Salto: Seu salto poderoso é uma adaptação para escapar de predadores, alcançando até 10 vezes seu comprimento corporal.

Conclusão

A rã-verde-americana (Lithobates clamitans) é um anfíbio de presença vibrante – sua cor, voz e adaptabilidade a tornam um pilar dos ecossistemas aquáticos norte-americanos. Sua resiliência e papel ecológico refletem a importância da conservação das zonas úmidas que habita.