Perguntas

Sylvia ofegava em total pânico e pavor.

Uma onda de raiva varreu seu corpo, consumindo todos os seus músculos, ossos e sangue, e ela instintivamente cravou a ponta metálica da flecha no peito do homem.

Ela não tinha pensado em nada disso. Mesmo quando escondeu secretamente a flecha, não tinha um plano claro em mente.

Mas quando o homem a apalpou descuidadamente, agindo como se ela fosse invisível, ela perdeu o controle e o atacou com toda a força que conseguiu reunir.

Ela sabia que não deveria, mas mesmo assim o atacou, com força suficiente para fazer sangue brotar de seu corpo definido.

O olhar de Mikel mudou. Ele olhou para a flecha em seu peito e depois para a mulher à sua frente. Seus olhos penetrantes a encaravam como uma besta observando sua presa.

"Minha escrava acabou de me atacar?" O homem ergueu as sobrancelhas, sua voz atingindo um tom perigosamente ameaçador.

"Eu... eu..." Sylvia gaguejou.

Bem diante de seus olhos, Mikel arrancou a flecha e a jogou displicentemente como se não fosse nada.

Seu ataque com toda sua força não foi mais que uma picada de mosquito para o monstro.

Sylvia entrou em pânico e, naquela fração de segundo, tentou fugir. Não sabia para onde, mas só queria sair dali.

Mas infelizmente, um par de mãos magras e musculosas se projetou, aprisionando-a dos dois lados.

E com a parede atrás dela, Sylvia não tinha para onde correr.

Mikel olhou para seus olhos agitados e suspirou. Ele se inclinou para frente, sua cabeça tocando a parede e seu rosto bem próximo ao dela.

"Só desta vez, vou perdoar você. Vá."

Sylvia piscou atordoada, tentando digerir as palavras do homem.

Ele acabou de me deixar ir assim? Mesmo depois que o ataquei com uma flecha e o feri?

Ela não conseguia acreditar no que estava ouvindo nem entender seu comportamento.

Mas não queria ficar ali por mais tempo e testar sua paciência.

Vendo que o homem havia retraído um de seus braços, ela girou nos calcanhares e correu em direção às acomodações dos servos.

Ela segurava a parte superior rasgada de suas roupas com a mão e correu o mais rápido que pôde para longe do monstro.

Um barulho alto de batidas ecoava em seus ouvidos, seu coração batendo contra o peito como nunca antes.

Ela ofegou e arfou até chegar em seu pequeno quarto apertado, mas ainda assim, nada mudou. Ela não se sentia mais segura.

Enquanto estivesse aqui... Enquanto fosse escrava de outra pessoa... alguém que poderia ser descartada e substituída num instante... alguém que era absolutamente impotente... ela nunca se sentiria segura.

Mas este era seu destino. Como ela poderia superá-lo???

Não importava o quanto ela quisesse mudar suas circunstâncias atuais, como ela poderia ir contra seu destino predeterminado?

Lágrimas escorriam de seus olhos enquanto a mulher gritava e chorava em seu travesseiro até finalmente adormecer.

Quando Sylvia acordou novamente, já estava escuro lá fora e provavelmente tarde da noite.

O sono a ajudou a se acalmar e sua mente estava um pouco mais tranquila.

Em sua frustração anterior, ela percebeu que não tinha prestado atenção em muitas coisas.

Mas agora, ela estava pelo menos lúcida o suficiente para pensar sobre aqueles pequenos detalhes.

Por que Mikel simplesmente a deixou ir?

O homem poderia ser bondoso, poderia até ser um santo, mas ainda assim... por que ele perdoaria uma mera escrava por levantar a mão contra ele?

Mais importante ainda, ela literalmente tinha acabado de ser usada como um alvo vivo, mas ainda assim, não havia nem um único ferimento em seu corpo.

Nenhuma flecha tinha atingido seu corpo, exceto aquela que a tinha arranhado marginalmente.

Estes eram apenas pequenos detalhes insignificantes, mas quando Sylvia os considerou calmamente, ela pôde ver um significado oculto.

Ela podia perceber que era importante para o homem.

Era absolutamente sem sentido que alguém como ela significasse algo para alguém como ele.

Mas ainda assim... seu instinto lhe dizia isso.

E por que ela era importante?

Isso definitivamente tinha algo a ver com a misteriosa tatuagem de lua crescente brilhante que ocasionalmente aparecia em seu peito.

Sylvia não sabia ou entendia nada além disso agora, mas silenciosamente decidiu descobrir mais.

Esta era sua chave para a sobrevivência e esta era sua única aposta.