Sylvia olhava fixamente para o homem magro e musculoso que estava parado a distância entre duas árvores que balançavam suavemente no jardim.
Mesmo que ela só o observasse de longe, através de sua janela gradeada, do confinamento de seu quarto, ela ainda não conseguia evitar sentir-se um pouco nervosa.
Mikel tinha uma presença tão forte e imponente. Apenas olhar para ele a fazia se sentir muito inquieta.
Mas, estranhamente, Sylvia se pegou olhando para ele, incapaz de desviar os olhos.
O homem exalava uma elegância sobrenatural sob o brilho do luar.
Da sua perspectiva, parecia que ele estava ocupado conversando com os dois homens à sua frente sobre algo muito importante.
Havia muitos gestos com as mãos e os dois homens pareciam até um pouco assustados.
Sylvia não pôde deixar de se perguntar sobre o que eles estavam conversando.
"Será que estão falando sobre mim?" Uma pequena dúvida surgiu dentro dela, acelerando gradualmente seus batimentos cardíacos.
Alguns minutos depois, os dois homens se curvaram humildemente e se dispersaram, deixando apenas Mikel para trás.
O homem estava sozinho no belo jardim, o vento açoitando seu longo cabelo dourado, e sua aura mais encantadora que o próprio jardim.
Sylvia nem percebeu, mas àquela altura já tinha se aproximado completamente da pequena janela e seu rosto estava quase pressionado contra a grade de ferro tentando ver o que estava acontecendo.
Como ela poderia não estar curiosa sobre o homem que agora tinha seu destino em suas mãos?
Era natural que ela quisesse saber mais sobre ele e entender melhor a situação em que se encontrava.
Enquanto Sylvia olhava atordoada para a figura elegante no jardim com um milhão de perguntas fervilhando em sua cabeça, de repente... do nada... o homem se virou e olhou diretamente para ela...
O coração de Sylvia parou instantaneamente. Ela sabia que ele estava olhando para ela. Não havia dúvida sobre isso. Seus olhares se encontraram.
Droga. Sylvia pulou para trás assustada e tossiu fortemente, ofegando de medo.
"Será que acabei de ser pega fazendo algo estranho?"
"Será que ele pensou que eu estava espionando ele?"
"Oh Senhor, acabei de ser pega espionando o primeiro Príncipe de Kalindor?"
Isso era traição, pelo amor de Deus!
Sylvia se amaldiçoou por ser tão estúpida. Ela literalmente tinha cavado sua própria cova em menos de um dia.
"Eu nunca deveria ter olhado." Ela abraçou os joelhos e sentou-se na cama, seu corpo tremendo levemente.
Ela nem sabia o que fazer agora. Só podia esperar pacientemente e torcer para que nada acontecesse.
Talvez o Príncipe não se importasse com algo tão trivial?
Afinal, ela só estava olhando pela janela, não é?
Sylvia sentia que estava enlouquecendo. Cada pequena coisa a estava deixando nervosa e ela odiava isso.
"Eu sou uma mulher forte e independente, droga. Por que estou me comportando assim?"
Ela abraçou os joelhos ainda mais forte e tentou se acalmar.
Sendo uma donzela excepcionalmente bela, Sylvia tinha uma personalidade bastante confiante e forte.
Claro, isso era apenas quando ela estava no meio de outros plebeus.
Quando se tratava de pessoas com poder e magia, ela sabia que sua beleza não valia nada e ela não era ninguém.
Eles eram um pouco abastados e um pouco melhores que os plebeus, mas ainda assim nem seus pais nem a família de seu tio eram de linhagem nobre.
Então Sylvia nunca ousou agir com excesso de confiança e presunção. Ela conhecia seu lugar na sociedade e agia com prudência.
Mas agora, parecia que ela tinha perdido completamente o controle de si mesma.
"Para com isso Syl. Não seja idiota. Você pode superar isso." Ela se confortou e respirou fundo para se acalmar.
Alguns minutos depois, ela finalmente suspirou aliviada e arrumou sua cama para dormir mais cedo.
"Viu, nada aconteceu. Está tudo bem. Está tudo bem." Ela murmurou para si mesma.
Mal tinha terminado essas palavras, quando de repente uma batida alta e clara soou em sua porta.
Toc. Toc. Toc.
Sylvia sentiu seu corpo inteiro enrijecer instantaneamente. Ela não conseguia se mover para abrir a porta.
Ela simplesmente ficou paralisada perto da porta.
Toc. Toc. Toc.
Os sons altos de batidas ecoaram novamente.
A pessoa do outro lado da porta não parecia que ia embora tão cedo.
Droga. Droga. Droga.
Sylvia ainda hesitava em se mover, quando finalmente uma voz gentil e bondosa soou.
"Você está bem, querida? Só vim ver se você precisava de mais jantar?"
Jane perguntou alto, só para ter certeza de que Sylvia não tinha ido dormir ainda.
Sylvia imediatamente respirou aliviada. Ela engoliu em seco e rapidamente deu um passo à frente e abriu a porta.
"Desculpe, Senhora Jane. Me perdoe pelos maus modos. Acabei cochilando por engano."
"Não se preocupe, querida. Só passei para ver como você estava."
"Caso você sinta fome mais tarde, pode sempre ir à cozinha e comer algumas sobras. Tem bastante disponível."
"Tenha uma boa noite." Jane sorriu gentilmente e logo partiu depois de dar um tapinha no ombro de Sylvia.
Sylvia soltou outro suspiro. Ela quase tinha ofendido a governanta-chefe por estar excessivamente paranóica.
"Que bobagem a minha!" Ela esfregou as têmporas e fechou a porta novamente.
Desta vez ela não se preocupou em observar pela janela e foi direto para a cama.
Afinal, ela estava extremamente cansada.
Em poucos segundos, Sylvia caiu em um sono profundo e seu peito ondulava ritmicamente para cima e para baixo acompanhando sua respiração.
No entanto, não muito depois, sua porta rangeu levemente e uma sombra entrou.
Mikel ficou parado silenciosamente ao lado da cama e observou a mulher adormecida por um longo tempo.
Seu olhar continha uma expressão insondável.