Pequeno diabo

Sylvia mal conseguiu dormir pelo resto da noite, com medo de que o homem pudesse recuperar a consciência e vir bater em sua porta no meio da noite para puni-la por ter causado tal ferimento, ou pior, para questioná-la sobre a conversa deles.

Sylvia nunca foi boa em mentir e não tinha certeza se conseguiria sustentar uma mentira tão grande com a cara séria.

Mas, por sorte, a noite transcorreu tranquilamente e ela também acabou caindo em um sono profundo e sem sonhos.

Sylvia só acordou na manhã seguinte quando Jane invadiu seu quarto.

Jane geralmente batia na porta educadamente, mas estava tão preocupada com ela que não se importou com formalidades desta vez.

Quando Sylvia não respondeu, ela usou seu conjunto reserva de chaves e rapidamente entrou para verificar como ela estava.

E só depois de ver a garota inteira e saudável, dormindo pacificamente, ela respirou aliviada.

Um sorriso caloroso apareceu no rosto de Jane e ela estava prestes a sair sem perturbar a bela adormecida, mas já era tarde demais.

Sylvia acordou sonolenta e esfregou os olhos. "Bom dia, Sra. Jane." Ela cumprimentou a governanta-chefe sem pensar muito e só então percebeu que algo estava fora do lugar.

Suas expressões mudaram rapidamente e ela perguntou, com preocupação estampada no rosto. "Sra. Jane, aconteceu alguma coisa?"

"N... Não... NÃO. Nada querida. Me desculpe muito por invadir assim. Eu só estava preocupada." Jane explicou apressadamente.

Sylvia olhou para a mulher de meia-idade confusa, e então um sorriso caloroso surgiu em seus lábios. "Obrigada, Sra. Jane. Eu estou bem."

"Ok querida, te vejo na cozinha então?" A mulher riu e saiu constrangida.

Sylvia assentiu e saiu da cama. Ela viu a figura de Jane desaparecendo no longo corredor e fechou sua porta.

Ela então trocou de roupa por um conjunto limpo e confortável, um vestido amarelo simples, que a fazia parecer jovem e energética.

Seu cabelo era naturalmente liso e bem comportado, então não tomou muito do seu tempo.

Em menos de alguns minutos, Sylvia também seguiu os passos de Jane e foi para a cozinha.

Como as outras duas criadas cuidavam da maioria das tarefas usando magia, este era realmente o único lugar onde ela era necessária.

Sylvia silenciosamente pulou ao lado de Jane e pegou a massa de suas mãos. Uma de suas tarefas diárias era esse doloroso processo de sovar.

Mesmo que Jane pudesse usar um pouco de magia, ela não era fisicamente muito forte e, portanto, sovar era particularmente cansativo para ela.

Sylvia sabia disso e se ofereceu para fazer a tarefa odiosa para deixar a governanta-chefe de bom humor.

"Você é uma salvadora, criança." Jane riu para ela.

Sylvia sorriu radiante e suas mãos se ocuparam.

Ela pacientemente observou Jane fazer algumas outras tarefas e quando a mulher finalmente estava fazendo uma pausa, ela cuidadosamente abordou o assunto.

"Sra. Jane, sua alteza é um mago muito poderoso?" Sylvia perguntou, com a cabeça curiosamente inclinada para o lado.

Ah~~ Jane hesitou por um segundo e olhou para Sylvia, um pouco surpresa com a pergunta fora de contexto.

Ela notou o rosto da mulher e rapidamente explicou. "Aha Ha Ha. Só estou perguntando porque ontem eu vi sua alteza fazer muitos feitiços."

"Ele parecia extremamente legal e charmoso." Sylvia arrulhou e elogiou o homem exageradamente.

"Oh." Jane assentiu. Agora a pergunta não parecia tão estranha para ela e ela respondeu casualmente, bebendo seu chá.

"Sim, de fato. Sua alteza é muito dotado e talentoso." Ela então fez uma pausa e acrescentou mais algumas palavras como reflexão posterior.

"Mas querida, não toque mais nesse assunto."

"Acho que você provavelmente não sabe disso. Sua alteza é na verdade... um pouco fraco."

BANG

Antes que Jane pudesse terminar sua frase, um barulho alto ecoou das enormes portas de ferro na entrada da cozinha.

Tanto Jane quanto Sylvia se viraram assustadas e seus olhos instantaneamente se encheram de pavor!

Fala no diabo e ele aparece!!!

"Sua alteza." "Sua alteza."

Ambas as mulheres imediatamente baixaram suas cabeças, Sylvia um segundo mais lenta que Jane, que a essa altura provavelmente já tinha esse hábito misturado em seu sangue.

Por causa disso, Sylvia momentaneamente encontrou o olhar do homem e ela estremeceu com a lembrança.

Seus orbes negros estavam frios como sempre e ela não conseguia decifrar os pensamentos escondidos dentro deles.

Sylvia engoliu nervosamente.

Quanto ele tinha ouvido agora? Quanto ele se lembrava dos eventos da noite anterior?

Ele estava ali para puni-la?

Seu coração batia como se fosse um peixe fora d'água.

Pior que ela, Jane estava suando profusamente. Ela tinha falado sobre o tópico tabu e estava preocupada que o Príncipe fosse puni-la.

Mikel era geralmente gentil e amável, mas ele também tinha seus limites e aqueles que ousavam ultrapassá-los certamente tinham que enfrentar sua ira.

Enquanto essas duas mulheres permaneciam nervosamente paradas, com as cabeças baixas e as mãos firmemente cerradas, uma pequena voz doce guinchou, quebrando o silêncio ensurdecedor.

"Ah... Que irmã mais bonita!"

De trás de Mikel, um menino jovem alegremente pulou e ficou ao lado de Sylvia, esticando seu pescoço para cima e dando uma olhada em seu rosto corado.