Yasmin não viu Declan se aproximando enquanto ela se apressava para seu departamento com a cabeça baixa.
"Yasmin, espere. Não fuja de mim."
Quando ela ouviu Caleb gritar, apressou ainda mais seus passos.
"Ah..." ela gritou quando uma mão forte agarrou seu braço e a puxou contra um peito duro como pedra. Antes que pudesse piscar, dois braços fortes a envolveram. Quando viu Declan, sua respiração ficou presa na garganta.
'Por que ele está aqui?' Ela olhou boquiaberta para ele, ajustando os óculos que escorregaram um pouco.
"Ele está te incomodando?" Declan perguntou com seus olhos ardentes fixos em Caleb.
Sua voz fria vibrou fundo em seu estômago. Ela sentiu uma onda de arrepios descer por sua espinha. A raiva em seus olhos a assustou, pois ela presumiu que ele causaria problemas para Caleb.
"Não..." ela disse, sua voz vacilante.
Declan baixou o olhar para ela, franzindo a testa. Sua dúvida cresceu ainda mais ao ver seu rosto pálido.
"Francis..."
Francis se aproximou de Caleb, pois conhecia o significado das palavras não ditas de Declan.
Caleb começou a suar frio, sua garganta secando. Ele se virou e fugiu.
"Filho da puta," Francis murmurou, olhando para suas costas.
"Venha comigo." Declan segurou seu pulso e a puxou junto com ele.
"Espere. Eu tenho aulas para assistir."
Declan parou seus passos e se virou para ela. "Está quase na hora do almoço. Eu te trarei de volta aqui." Ele se virou e voltou para seu carro. Abriu a porta traseira e fez sinal para ela entrar.
Yasmin lançou-lhe um olhar de soslaio antes de se acomodar no carro. Ela se moveu para o outro lado para dar-lhe espaço.
Declan a observou com uma expressão franzida. Inicialmente, ele considerou dirigir o carro. Quando viu ela fazendo espaço para ele, mudou de ideia. Sentou-se ao lado dela, fechando a porta.
Francis deslizou para o banco do motorista e dirigiu direto para o restaurante, com um leve sorriso nos lábios.
Yasmin ficou inquieta por estar sentada tão perto dele. A maneira como ele a tomou possessivamente em seus braços a fez acreditar que o rumor sobre sua homossexualidade era apenas uma mentira deliberada. Era um alívio, mas ela não conseguia impedir seu coração de disparar. O carro parecia estar ficando menor. O espaço entre eles parecia estar ficando cada vez mais estreito.
Ela olhou para ele e o encontrou encarando-a. Imediatamente desviou os olhos e olhou para fora, seu coração saltando para sua boca.
Declan a inspecionou da cabeça aos pés. Sua palidez e o suor em sua testa o fizeram suspeitar que ela estava escondendo algo.
Seus olhos baixaram para suas mãos, que apertavam sua saia com força. Ele sentiu um lampejo de irritação. Virou-se para fora, esfregando o queixo.
"Quem é ele?" ele perguntou, sua voz gélida.
"Um veterano," ela respondeu, sua voz pouco mais que um sussurro. Seu aperto na saia ficou ainda mais forte.
"O que ele quer de você?" ele sibilou, virando-se para ela.
"Nada..." Ela balançou a cabeça freneticamente. "Eu apenas esbarrei nele. Não há nada mais."
"É mesmo?" Declan franziu ainda mais a testa. Estava ficando difícil para ele manter sua raiva sob controle. "Por que você parece tão agitada? Por que eu sinto que você está escondendo algo?"
"Não, não... Ele é apenas meu veterano. Eu tenho..."
"Escute..." Declan agarrou seu braço e a puxou para mais perto. "Eu não me importo se você transou com aquele cara," ele sibilou ferozmente. "O que importa é que você agora é minha esposa. Você não tem permissão para pensar em outro homem. Entendeu?"
Ela olhou para ele com apreensão, seus olhos arregalados. Ela nem sequer respirou. Uma coisa ela entendeu claramente era que ele não era nem um pouco gay. Ao mesmo tempo, ela também percebeu que ele era perigosamente possessivo.
Enquanto isso, ela percebeu que Francis também estava no carro. Ela olhou para ele, seu rosto corado de vergonha.
Declan também moveu seu olhar para o espelho retrovisor e encontrou Francis espiando-os. Ele pressionou um botão, e o vidro da divisória instantaneamente mudou de transparente para opaco.
"Você não me respondeu." Declan voltou seu foco para ela.
Ela assentiu freneticamente. "Eu entendi."
Declan puxou um lenço do bolso do casaco e estendeu a mão para limpar o suor de sua testa. "Vamos ter um almoço de negócios," ele disse, sua voz gentil.
Yasmin ficou confusa com a mudança em seu tom. Ela se perguntou como ele podia falar tão educadamente apenas um minuto depois de tê-la repreendido.
'Será que ele é bipolar?' Ela piscou, atordoada.
"Esta é uma reunião importante para mim," ele murmurou.
Yasmin ficou um pouco preocupada, pensando sobre por que ele a estava levando para uma reunião tão importante. Ela não conseguiu se conter e perguntou, "É necessário que eu o acompanhe?"
"Claro." Ele guardou seu lenço de volta no bolso e se recostou em seu assento, soltando seu braço. "Você frequentemente terá que comparecer a essas reuniões e festas comigo."
Yasmin começou a suar ainda mais de nervosismo, suas pontas dos dedos frias. Ela engoliu em seco para umedecer sua garganta seca. Ela nunca havia participado de festas de negócios antes, mesmo tendo crescido em uma família rica. Seu pai sempre levava a inteligente e bonita Natasha com ele para essas festas.
Além disso, Natasha trabalhava para a empresa de seu pai. Ela era indiscutivelmente mais inteligente que ela.
Yasmin estava com medo de cometer erros. "Eu nunca participei de tais festas ou reuniões," ela murmurou, com o queixo baixo.
"Você nunca foi às festas com seu pai!" Declan a olhou com descrença.
Yasmin balançou a cabeça. "Ele prefere levar Natasha com ele."
"Huh..." Declan suspirou profundamente, limpando seu rosto. "Não se preocupe. Eu vou dar um jeito."
Yasmin desejou poder recusar ir. Ela não disse nada no final, porém. Ela olhou pela janela, esperando o carro parar.
Vários minutos depois...
O Rolls Royce parou em frente a um restaurante luxuoso.
Eles saíram do carro e foram direto para a sala privativa reservada.
Sr. Lee ainda não havia chegado. Declan e Francis começaram a discutir algo.
Yasmin não tinha ideia do que fazer. Ela não entendia nada do que eles estavam falando. Também não sabia quem eles estavam esperando. Ela olhou ao redor da sala.
Seis cadeiras estavam dispostas ao redor de uma mesa de jantar para seis pessoas. Yasmin olhou para as cadeiras vazias e depois para o grande vaso de flores de vidro com vários talos de angélica no canto da sala. Seu olhar errante voltou para a pintura de ondas oceânicas massivas na parede à sua frente. Ela esqueceu quantas vezes havia olhado para ela nos últimos minutos.
Ela ficou entediada. Serviu-se de um copo d'água e bebeu.
Um garçom veio anotar os pedidos.
"Estamos esperando um convidado." Francis sinalizou para ele sair com um aceno de mão.
"Sim, senhor." O garçom virou-se para sair.
"Espere um momento." Declan o deteve. Ele olhou para Yasmin e disse, "Traga um copo de suco de laranja."
"Claro." O garçom saiu.
Yasmin quase se engasgou com a água. Ela lhe deu um olhar confuso. Ela pensou que ele gostaria de vinho. Em vez disso, ele pediu suco. Não apenas ela, mas Francis também lhe lançou um olhar intrigado, como se estivesse surpreso.
Alheio aos seus olhares perplexos, Declan verificou o arquivo que trouxe consigo.
Não demorou muito para o garçom retornar com um copo de suco. "Seu suco, senhor." Ele colocou o copo na frente de Declan.
Declan lhe deu um olhar frio enquanto acenava em direção a Yasmin. "Dê para a Madame."
"Claro." O garçom sorriu constrangido. "Madame, seu suco."
"Obrigada." Ela sorriu de volta para ele, seu olhar se movendo para Declan. Descobriu que Declan mantinha seu olhar nela mesmo estando ocupado discutindo negócios. Isso tocou seu coração.
Ela pegou o copo e bebeu o suco, seus olhos brilhando de alegria.
'Ele não é tão ruim assim,' ela murmurou em sua mente.
Francis também tinha um leve sorriso no canto da boca. Ele estava feliz por ele e esperava que seu chefe logo começasse a acreditar em mulheres e amor.